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Epílogo

- Encontrei o registro! Os Romanichals de Cornwall estarão amparados!

Robert Blair, barão Sedwick, estava impaciente. Buscava de forma atabalhoada um documento na gaveta de seu gabinete em Blair House, mas não obtinha sucesso até encontrar o que desejava no fundo da última gaveta: um documento que provava a posse das terras de um grupo de Romanichals que vivia em Cornwall.

Eles não eram relacionados aos parentes de Dimitri Gray, o duque de Huntington, mas haviam pedido a ajuda de Robert porque o processo de posse da comunidade liderada pelo primo de Dimitri, Hanzi, fora bem-sucedida.

- Que bom! Pensei que teria novamente de convencer o tribunal com imposição e aquela carta do rei que jamais existiu.

- Sem um blefe aqui ou ali, não há vitórias às vezes, meu amor. – e piscou o olho.

Athena não gostava de jogos, e conhecia o passado jogador do marido. Entretanto, ambos sabiam que Robert direcionara seus instintos para o trabalho como advogado.

A baronesa aproximou-se do marido com lentidão, segurando a barriga imensa que indicava: o nascimento do bebê seria próximo.

- Mas quando falará com Huntington e Hanzi Gray?

- Em breve, mas pedirei a Dimitri que o faça. Não quero fazer uma viagem longa e perder o nascimento do garotão!

- Como sabes que é um garotão, meu amor?

- Intuição de advogado.

- Não sabia que isso existia, Robert...

- Há muitas coisas sobre advogados que não sabes, meu amor... – ele se levantou, charmoso, disposto a roubar um beijo da esposa, mas foi interrompido por um choro alto vindo de uma cestinha que ficava perto da janela da mansão.

Athena Blair foi até a cesta, onde um menininho chorava alto, visivelmente fazendo sua presença sentir em todo o aposento.

- Oh, meu príncipe, estás com fome? – ao levar o menino no colo, percebeu que ele se aproximava na direção dos seios. – Sim, Graham está com fome.

Pouco após o casamento, Athena engravidou, mas não parava os trabalhos junto com o marido, até que Robert a percebia tão cansada com as idas e vindas de carruagem até o escritório que optou por despachar em sua residência até o parto. Ele, que jamais imaginou ter filhos após se tornar avô, não conseguiu parar de chorar no dia do parto, temendo pela esposa e o filho. Imaginava ser uma menina, e ficou genuinamente surpreso ao descobrir que tivera um menino – seu herdeiro.

O nascimento de Graham Edmond Blair foi recebido com surpresa por toda a família – e alívio por parte de Athena Rathbourne, já que Jasper não seria mais o futuro barão Sedwick.

- Jasper finalmente será uma criança, e não um barão diminuto.

- Então meu filho o será, Annie? – perguntou Robert, divertido.

- É que considero tão opressivo, papai, criar um menino para que ele herde algo que lhe é tão distante. Ele ama Rathbourne County, e esse bonequinho lindo aprenderá a amar a Blair House e tudo que o título Sedwick possui.

Graham era uma mistura curiosa dos pais: tinha cabelos castanhos e bem ondulados, a pele dourada num tom mais escuro e os olhos azuis grandes como duas bolas de gude. Era tranquilo e não dava trabalho, exceto quando queria comer – e para todos os efeitos, seria o único filho, até o dia em que, dois meses após o fim do resguardo de Athena, todos ficaram surpresos com a notícia: a baronesa estava grávida outra vez.

- Por Deus, papai, dê um descanso à Tina! – disse a marquesa de Penwith, brincando.

- Olha quem fala, a mulher que está grávida de novo... – brincou Theresa com a gravidez avançada de Anthea, enquanto tomava um chá e observava Gloria e Bruce brincando com Michael Carrick, tentando esconder a espadinha de Achilles Gray. – Por favor, Gloria, caso Archie descubra que escondeste a espada dele, eu não controlarei a ira daquele menino.

Todas as irmãs estavam na residência dos Blair, que voltara a estar cheia de vida e alegria, como há muito não ocorria naquela mansão, quando Robert explicou sobre a gravidez de Athena.

- Papai, queres mais quatro filhos homens? – comentou Saffron. – Pobre Tina, ficará desesperada a controlar um batalhão.

- Saf, mas tens três filhos homens! – retrucou Tempest, com uma sonolenta Elinor no braço.

- Tenho apenas dois, Pat...

- E Martin, não conta? – as outras irmãs riram, enquanto Saffron deu a língua para a irmã caçula.

Visitar o pai era apenas para contar dos progressos e mimar Graham, além de se juntarem com Athena para questionar o barão sobre algo. A baronesa era gregária e divertida, e todos viam o quanto o casamento com alguém que realmente amava fez bem a Robert. E o quanto os dois precisavam um do outro, como uma família.

- Não entendo, zee. – comentou Dimitri à meia-voz com Tempest, quando a jovem fez o comentário na volta para a Bates Palace. – O barão tem vocês, os netos. Como ele não tem uma família?

- Tio Robert tem a nós, mas foi... Diferente. A família foi forjada como um quebra-cabeças, em que as peças demoraram a se encaixar. E houve muito choro, tragédia, sofrimento, enganos, neste tempo. Agora, ele está formando uma família com amor, desde o comecinho. Tudo será diferente com Graham e com o bebê que virá, eu garanto.

A barriga crescia e os cuidados de Robert com Athena se ampliavam. O motivo vinha do passado – ele nunca acompanhou nenhuma das gravidezes de sua primeira esposa; e na última, aterrorizou Elinor por todo o período. Não queria ver o sofrimento de Athena, e tratava a baronesa como se ela fosse uma boneca de porcelana.

Enquanto ela dava de mamar a Graham, cada vez mais guloso, o nobre terminava de arrumar as gavetas e levou a cestinha até o quarto do casal, no andar superior da casa.

- Graham já terminou?

- Sim... Não é, meu príncipe? – a resposta do menino foi um sorriso.

- Deixe-me segurá-lo, que iremos ao quarto.

A baronesa levantou do sofá, abotoando a parte da frente do vestido. Ficou confusa.

- O que houve? Estou bem, Robert, esta barriga-

- Sempre me preocuparei com tua barriga. Quero vê-la deitada na cama e confortável.

- Mas ainda precisamos ler os documentos-

- Leremos no quarto, você com Graham na cama e eu lendo junto contigo, tudo bem?

Athena suspirou, conformada. Sorriu.

- Por mais que você me tire do sério com esse cuidado excessivo, a muito me agrada, sabias, lorde Sedwick? Este bebê sabe bem que é amado e querido.

- Assim como a mãe dele.

Os dois se beijaram – e demorariam ainda mais se não ouvissem um barulhinho manhoso vindo do colo de Robert, que observou, curioso:

- Meu Deus, nunca vi tantas interrupções para beijos em toda a minha vida!