- Bom dia.- Sorri ao entrar nos aposentos.- Como estás raio de Sol?
Helena sorriu ao ver-me. Estava com pior cara que ontem.
- Helena criou febre esta noite, nada que uma boa canja de galinha não resolva.- A empregada sorriu trocando-lhe o pano molhado da testa.- E o doutor esteve cá hoje mais cedo para refazer as ligaduras e mudar a medicação.
Ou seja, Helena estava com mais dores, febre e de moral em baixo.
- Com licença.- A senhora saiu com o balde na mão.
- Ainda bem que trouxe isto para te deixar mais feliz.- Sorri exibindo o ramo de flores coloridas.
- Oh Henry...- Sentou-se na cama.- São lindas.- Ficou a encarar cada flor como se fossem a coisa mais preciosa que já viu.- Muito obrigada.- Ficou ali, a olhar para mim, bem abraçada ao ramo.
- Trouxe isto também.- Pousei o livro perto dos remédios, na mesinha de cabeceira.- Para quando estiveres aborrecida.
- Obrigada.
A sua mão frágil alcançou a minha.
- O meu irmão reuniu os guardas do meu pai. Vão ajudar-te.
- Obrigado.
- Eu é que tenho de agradecer-te, Henry.- Tombou a cabeça, como se risse de mim.- Eu, literalmente, devo-te a minha vida.
- Não deves coisa nenhuma.- Neguei veemente.
Não era dívida alguma!
- Com licença!
Revirei os olhos ao ouvir aquele pavão idiota.
- Oh, o embaixador também cá está.- João sorriu-me, tão feliz em ver-me como eu em vê-lo.
- Ainda bem que vossa majestade pôde levantar o real traseiro da cama um pouco mais cedo para vir.
- Não vos devo explicação alguma, porém ao contrário de vós, eu sou uma pessoa ocupada entre eventos e reuniões.- Respondeu-me presunçoso.
- Como aquela que eu interrompi ontem?- Sorri-lhe o mais inocente que pude.
- Oras, embaixador tenho a certeza que um homem tão gabarolas quanto vós não tem dificuldades em encontrar companhia. Não tendes de ser invejoso.
- Eu gosto de estar sozinho, ao contrário de vós.
- Não, vós gostais de companhia porém temeis que Helena vos cape como a um cachorro.
- Se eu temesse Helena eu não...
- Podem ter essa conversa de meninos pequenos lá fora? Dói-me a cabeça.- Bufou aborrecida.
- Com licença.- A senhora entrou.- Majestade.- Fez uma profunda vénia a João e cuidou de Helena em silêncio.
- Eu às vezes acho que estou a lidar com duas crianças.- Murmurou zangada.
- Não posso crer! Henry, não acredito que não contastes a Helena sobre a nossa união!
- Ora aí está uma frase que nunca pensei ouvir em relação a vocês dois.- Murmurou Helena.- Henry?
- Não é algo de que me orgulhe.- Lançou-me um olhar conformado, porém divertido.- O rei irá disponibilizar pessoal para a investigação.
- Vamos trabalhar juntos.
- Santo Deus.- Benzeu-se.- É preciso eu estar prestes a morrer para vocês enfim colaborarem.
- Helena, não agoires!- João repudiou as suas palavras.
- Tu és o mais importante para mim, milady. Se tenho de abdicar do meu orgulho e bom senso para tua segurança, então é o que farei.
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A Amante do Rei
Historical FictionHelena é filha do Marquês de Montemor, membro do Conselho Pessoal de Sua Majestade, o Rei D. João, o V de seu nome. Helena Brotas Lencastre é também irmã do Governador da capitania brasileira de S. Paulo, Lucas. Com a coroação de D. João, Helena dec...