Primeiramente, quero dizer que The Concubine foi uma história que criou a si mesma numa certa madrugada em que eu estava sem sono. Foi naquela noite, escutando uma das músicas da minha banda favorita que me surgiu a ideia de me inspirar nela para fazer uma história. O que me surpreendeu foi que, enquanto eu escutava, as primeiras cenas foram se formando na minha cabeça, e assim que comecei a descrever em voz alta aquilo que eu fui capaz de visualizar, a história foi se criando independente da minha vontade.
Eu tenho apenas 17 anos, e este não é o tipo de tema que eu me sinto confortável de abordar, muito menos algo que combine com minha personalidade, porém escolher os rumos desta trama é algo que nunca esteve em minhas mãos. Por isso eu me considero apenas a escritora, aquela que tentou fazer desta obra misterosa algo palpável, aquela que buscou repassar as informações tal qual me foram apresentadas.
Esta é minha primeira obra, ao mesmo tempo que ela não é minha. Antes, existe em mim uma grande satisfação na conclusão deste trabalho, e não na criação deste.
Para motivos de compreensão, é necessário que algumas coisas sejam esclarecidas. O contexto desta história se densenvolve no Japão, no Período Feudal, onde os feudos eram governados por pessoas denominadas daimyōs. Alguns possuíam apenas pequenas terras, e por isso eram chamados de fudai-daimyōs.
Naquele tempo, existia muito pouco auxílio aos mais pobres. Na verdade, era uma época onde os bordéis eram muito visitados e as prostitutas eram muito mais respeitadas e aceitas que um órfão, por exemplo. Ser órfão era como ter uma vida destinada a ser medíocre e ser sempre tratado como nada. Por isso, muitas famílias pobres davam suas filhas às okiyas.
Boa parte da história acontece na okiya, que nada mais é do que a casa das gueixas. Eu particularmente não conhecia muito sobre a realidade das gueixas, mas, devido à esta obra, resolvi fazer algumas pesquisas. Com isso descobri que o termo mais adequado para se dar às mulheres desta história é oiran. A independência e originalidade deste enredo me impediu de modificar algumas ideias de acordo com minhas novas fontes de informações históricas, portanto, alerto que seu conhecimento sobre o assunto não pode e não deve se resumir ao que vai ser apresentado. Ao ler esta história, pode-se pensar que gueixas são prostitutas, mas, a verdade é que elas são grandes detentoras da cultura japonesa nas mais variadas atividades, desde a maquiagem à dança, da cerimônia do chá à hierarquia existente na sociedade delas. E por falar na hierarquia, a gerente da okiya, nomeada Aiko seria, de acordo com esse sistema, a okaa-san da casa, a pessoa que instrui todas as mulheres.
Haverá também termos como –san e –dono que poderão despertar a curiosidade. Esses sufixos são pronomes de tratamento japonenses. –san é usado para se referir a alguém a quem se tem respeito e equivale aproximadamente ao nosso "senhor" e "senhora". Já o –dono equivale à "mestre" ou "lorde".
E, por fim, não posso deixar de sugerir que leia esta obra escutando a música que o inspirou: The Concubine, de Beirut. Se possível, seria ótimo colocar a música para repetir enquanto lê. Eu estarei lançando um capítulo por dia para que possa saborear esta obra tão breve e (para mim) definitivamente fascinante.
Boa leitura!
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The Concubine
RomanceA pobreza obrigou a jovem Mei a se afastar da sua família para trabalhar em uma okiya, uma casa de gueixas. Mei vive se escondendo dos clientes que poderiam ter algum interesse em seus "serviços", até que a inesperada chegada de um misterioso homem...