Luísa já estava desistindo da vida quando foi levada para o meio da Grande Guerra, como era conhecida na época a Primeira Guerra Mundial.
Liam, por sua vez, não desiste de viver, pois apesar dos intempéries, acredita que Deus tem um propósito para...
Nesse capítulo já começam as tretas, gente.... Se preparem rs
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De manhã, na alvorada, Gus e eu estávamos prontos para ir. Com roupas verde musgo, começamos a caminhada longa e dura até Londres.
Liam balançou a mão em um adeus, mas eu não consegui olhar por muito tempo. Coloquei a bíblia no bolso que havia na blusa militar que eu usava e Gus nos braços. Seria um longo dia pela frente...
A viagem seguiu por percursos que passavam por florestas densas para evitar os locais de adensamento da guerra. No entanto, algumas partes passávamos por cidades realmente destroçadas e meu coração doía extremamente ao ver verdadeiras cidades vazias, tomadas por urubus nos poucos corpos fedidos já de dias que haviam morrido por ali.
Capitão Reagan as vezes emendava uma conversa comigo perguntando sobre o Brasil. Aparentemente, ele tinha um amigo que estava na embaixada fluminense e gostava bastante dali. Não muito a fim de conversar, eu apenas concordava com um sorriso ameno e esperava ansiosamente para que a noite chegasse apenas para olhar as estrelas e imaginar que Liam realmente estivesse olhando para ela e orando como dizia que ia fazer.
Na hora do almoço, eu aproveitava para abrir a bíblia de Liam e na primeira vez que o fiz, realmente me assustei com a quantidade de partes marcadas em lápis na bíblia surrada dele. Em alguns trechos, algumas palavras eram até mesmo circuladas para dar mais ênfase e eu me via sorrindo por estar compartilhando algo tão íntimo com Liam.
Em outros momentos, conseguia até imaginar a voz dele recitando uma passagem aqui e acolá e novamente um sorriso se formava no canto dos meus lábios. Os dias de viagens se tornavam menos tediosos conforme eu ia lendo a bíblia surrada dele.
― Você deve gostar bastante dele. ― Disse capitão Reagan e eu franzi o cenho sem entender.
― Porque diz isso?
― Por que é bonita a forma como você sorri sempre que lê a bíblia dele. ― Arregalei os olhos.
― Como sabe que a bíblia é dele? ― Satisfeito por conseguir minha atenção, Capitão Reagan sorriu.
Ele era um homem já na faixa dos trinta e cinco, alguns fios já grisalhos e uma pinta no nariz. Os olhos eram escuros como o cabelo e ele era um palmo mais baixo do que Liam, embora parecesse ser tão amigável quanto.
― Nós servimos juntos em algumas missões. ― Explicou. ― Eu conheço essa bíblia de outros carnavais. ― Ele riu.
― Eu só imagino ele recitando algumas passagens. ― O Capitão assentiu sorrindo.
― Você já deve saber que ele virou tenente por salvar mais de doze homens em uma trincheira. ― Assenti e Reagan sorriu misteriosamente.
― Eu era um desses. Fiquei preso em alguns pedaços de madeira numa explosão que teve e desmaiei. Depois quando acordei, chamei por ajuda e ele me ajudou a sair dos destroços. Mas antes disso, ele já havia feito muito por todos aqueles homens. ― Assenti. Capitão Reagan realmente tinha um carinho muito grande pelo tenente que batalhou com ele. Eu não sabia nem mesmo o que falar. Mas o capitão continuou: ― Algumas vezes eu também me pego pensando em qual passagem da bíblia Liam deve estar recitando. ― Ele riu. Sorri.
