Capítulo 15

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 ― Vamos pegar um barco para seguir até a população Yehja

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― Vamos pegar um barco para seguir até a população Yehja. ― Disse o comandante responsável pela nossa equipe. Ao todo eram três médicos contando comigo, dois enfermeiros, um dentista e muitos militares.

― Os militares comandados pelo Capitão Thiago disseram que vem depois, comandante Yago. ― O nosso comandante concordou enquanto seguíamos pelo rio até a comunidade indígena a qual cuidaríamos.

Havia muito trabalho para fazer.

A medicina nunca parava. Havia sempre muito a fazer e muitos a socorrer.

Pesei algumas crianças. Um tradutor fazia com que a nossa comunicação ficasse mais fácil, mas na medida do possível eu conseguia interpretar as crianças pelas caras e bocas que elas faziam. Era fácil identificar o que elas estavam sentindo.

Muitos adultos vieram reclamar de fezes moles e eu dei alguns medicamentos também para verme. Colocamos algumas crianças mais doentes no soro e rimos ao ver um dentista tentar ensinar como escovar os dentes, principalmente dos pequenos.

Algumas crianças me puxaram para brincar com uma espécie de futebol e os militares caçoaram de que eu não conseguiria, não seria páreo, mas fiz todos eles rirem quando comecei a balançar as mãos afobadamente para jogarem a bola para mim. Paqui, uma das crianças jogou a bola na minha cabeça e eu consegui com alguma magia de sorte de principiantes marcar um gol. Comecei a comemorar com as crianças indígenas que começaram a pular felizes comigo.

Mais à noite, me sentei para comer um pouco e peguei a minha bíblia para ler um pouco na luz precária do acampamento montado.

Algumas crianças e até mesmo alguns adultos interessados começaram a me perguntar o que era aquilo e com a ajuda de um tradutor fui tentando contar a história de Jesus com a mesma empolgação que eu tinha visto Liam contar para Harry o quanto Capitão Reagan era um herói no céu. Isso me fazia sorrir.

Me senti verdadeiramente feliz com as caras de algumas crianças e adultos que ouviam a história absorvidos pela minha narrativa. Umedeci os lábios enquanto continuava falando animadamente:

― E então, três dias depois: Pá! ― Bati uma palma. ― Eis que ele volta. Não tava morto coisa nenhuma. ― Os adultos resmungaram alguma coisa que eu não entendi, parecendo surpresos e até mesmo atordoados, palavras que mais pareciam um palavrão e as crianças gritaram histéricas e felizes empolgadas de uma forma que eu achava lindo de ver.

― E aí? E aí? ― Perguntou uma criança que foi rapidamente traduzida para mim.

― Aí...

― Quem viu ele assim foi a Maria Madalena, do começo da história, lembram? Num primeiro momento ninguém acreditou nela. Foi a vez de Jesus se mostrar para os incrédulos que não acreditavam e ele foi lá e fez. Deixou até que os discípulos tocassem nas chagas dele. ― Disse um homem. Me assustei que outra pessoa tivesse se metido na história para continuar contando ela, um homem de voz grave, e por isso me virei para ver quem era.

Sob a parca luz do luar misturado às luzes dos candeeiros, Liam estava ali.

Bem mais velho, muito mais velho do que no passado. Uns 32 anos, talvez? Com barba, com algumas marcas de expressão, mas os mesmos olhos cristalinos e a face gentil.

Pisquei embasbacada, ainda tomada de susto, em choque. Talvez só fosse alguém parecido com ele, talvez ele nem soubesse da promessa que havia me feito e eu estivesse sorrindo à toa. Pedi mentalmente para que o meu coração parasse de saltar enlouquecidamente no peito, que parasse de imaginar coisas, porque podia ser apenas uma coincidência, mas acabou que Liam continuou falando interrompendo toda a minha linha de pensamento:

― Eu não disse que ia convencer Deus de te ver no futuro, Luísa Medeiros? ― Ele piscou.

Depois de alguns segundos de choque, enquanto meu cérebro tentava pensar em como isso tinha sido possível, acabei me vendo sorrindo, ainda levemente tímida. Afinal, já fazia uns dez anos desde que...

Mas haveria tempo para vermos alguém especial? Alguém que se fosse necessário esperaríamos a eternidade toda para conhecer?

Meu cérebro ainda acusava que isso não era possível, tentando encontrar respostas de como ele estava ali, mas desisti de pensar nessa questões. Afinal, que diferença faria saber como aliam foi parar no futuro? Faria algum sentido justo para mim que por motivos obscuros de Deus tinha ido parar no passado?

― Vejo que já conheceu a nossa médica, Capitão Cásper. ― Disse o comandante Yago entrando. Então agora ele era Capitão?

Liam não tirou o olhar do meu quando murmurou:

― Sim, Sim. Agora então é uma fiel temente em Deus, Senhorita Luísa? ― Comandante Yago realmente ficou confuso nos olhando sem saber de onde nos conhecíamos. E seria muito difícil tentar explicar aquele tipo de coisa para ele.

Mas eu não conseguia parar de sorrir e talvez isso entregasse o quanto eu estava feliz e aliviada em vê-lo.

― Sim. ― Liam e eu nos afastamos da roda de pessoas para ficarmos mais a sós e conversarmos em paz.

Meu coração parecia prestes a escapar dos lábios, mas fiquei realmente assustada quando Liam me abraçou apertado e me deu um selinho. Então ele tocou a testa dele com a minha de modo que só nossos olhos se olhassem sem interrupção.

― Graças a Deus eu te achei. ― Ele disse aliviado. Sorri.

― Estou bem aqui.

― Eu sei. ― Ele sorriu. ― Achei que ia morrer sem poder me confessar para você.

― Confessar? ― Perguntei arqueando uma sobrancelha.

― Não lembra mais? ― Senti minhas bochechas arderem.

― Eu lembro que você disse que ia confessar alguma coisa para m..

― Eu te amo, Luísa. Eu te amo, eu te amo. Você quer que eu grite também? ― Sorri. Aquilo só poderia ser um sonho. Mas um sonho que eu queria que continuasse para todo o sempre.

Atrevidamente, como no passado, passei as minhas mãos pelo pescoço de Liam juntando o meu corpo mais ao seu.

― Acreditaria que eu te esperei até hoje? ― Ele sorriu, as mesmas covinhas de antes aparecendo lindamente.

― Talvez.

― Eu também te amo, Liam. ― Murmurei agradecida emanando toda a minha alegria a Deus.

Liam grudou os lábios dele aos meus fechando aquele momento que finalmente encerrava toda a dor que tínhamos passado até então.

Podia até ser um sonho, eu não me importava. Estava tão feliz que queria que aquele momento pudesse durar a vida toda.

Ao fundo, ouvimos vários gritos e hurras de felicidades, indígenas e militares juntos comemorando o selinho, o encontro de duas pessoas que não se viam há anos, embora eles não soubessem tanto assim sobre nossa condição.

Liam e eu os afastamos somente o suficiente para sorrir para os presentes. Aquele momento mágico eternizado sobre as sombras e luz.

Finalmente estávamos juntos.

Para a eternidade enfim.

Graças a Deus.

FIM.

-> vou deixar para agradecer no próximo capítulo!

A Grande Guerra e o Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora