Capítulo 2

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  Nem nas malditas aulas de educação física eu tinha praticado tanto exercício físico quanto naquela andada no breu da noite

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 Nem nas malditas aulas de educação física eu tinha praticado tanto exercício físico quanto naquela andada no breu da noite.

Minhas pernas estavam tremendo do exercício de andar e nem por isso tínhamos parado um segundo sequer. Gus, como o garoto pediu para eu o chamar, também parecia bem cansado e eu o peguei nos braços depois de algum tempo. Agora, não eram só as minhas pernas que doíam, mas os meus braços também, tremendo.

O pior era que eu sequer conseguia me lembrar em que horas tinha sido a minha última refeição. O mais engraçado era pensar nas piadas que daria para fazer com isso. Quando foi a minha última refeição? Hm... Digamos que algumas décadas para frente, que tal? Não, não. Péssimo. E que tal? Há quanto tempo eu estava com fome? Há décadas. Pior, muito pior. Mas a verdade é que eu estava com fome e minha barriga roncava alto fazendo os meninos rirem.

Eles também pareciam cansados, mas carregavam armas pesadas e mochilas também que deviam pesar uns dez quilos juntas, acredito e mantinham mesmo assim o ritmo impressionante de Liam que continuava na frente.

Se eu reclamava dos meus braços e pernas, não conseguia nem imaginar como o tal tenente Liam aguentava. Ele estava o caminho todo carregando o outro soldado, agora nas costas e ainda tinha a arma pendurada para caso precisasse disparar contra um inimigo. Se ele estava cansado, não demonstrava o mínimo para isso.

Os outros soldados logo começaram a conversar comigo.

― O Tenente é muito determinado. Ele não deixa que ninguém do grupo morra. ― Comentou Kyle. A noite estava bem escura e eu quase não enxergava um palmo a frente. Nós continuávamos andando todos juntos e calmamente para não nos perdermos.

― É. Nós estávamos desenhando o mapa do território. Por isso o grupo pequeno. Mas é a segunda vez que somos atacados. Gabe foi mandado para casa porque pisou numa mina. Como o Jonas, ele carregou o Gabe e não o deixou para trás. Com a diferença de que estávamos sob ataque, mas ele continuou carregando Gabe nas costas e atirando e o ajudamos. Ele nos faz nos sentir orgulhosos de estar no mesmo destacamento que ele, sabe? ― Disse Hebert todo orgulhoso.

Voltei minha atenção para Liam que andava decididamente para frente. Naquela noite de caminhada exaustiva, fiquei a pensar se não era por isso que mesmo cansado os meninos continuavam o seguindo. Afinal, se Liam não desistia, porque eles haveriam de desistir? Refletindo, comecei a instintivamente pensar sobre a minha vida.

Eu talvez não ligasse para a minha vida no futuro. Mas Liam aparentemente estava fazendo questão de jogar na minha cara de que cada vida era valiosa e que ele lutaria não somente pela vida dele como também pela do amigo dele. Eu não tinha conversado um pouco que fosse com o tal Tenente, aparentemente um pouco mais velho que eu, mas me senti, de repente, muito envergonhada de ter por um momento desistido da minha vida ao ver ele lutar tão fervorosamente pela sua e pela dos amigos.

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