So Long and Goodnight

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"Can you hear me cry out to you, words I though I'd choke on? I'm really not so with you anymore, I'm just a ghost"

Louis concentrou seu olhar em mim por um longo tempo, mesmo com Kaya chamando sua atenção e gritando sobre o quão urgente o assunto era. Julgando pelo olhar, Louis não dava a mínima. Ele parecia distraído e simplesmente me encarava.

-Louis! – Kaya gritou novamente, dessa vez bufando e fazendo barulhos incômodos –Eu estou falando sério, precisamos ir.

Seus olhos azuis desceram para a nossa mesa improvisada e ele suspirou. Ele levantou com um pulo e estendeu a mão para me ajudar. Não que eu precisasse de ajuda, para falar a verdade, eu podia muito bem levantar sozinho. Era só uma desculpa para nos tocarmos. Tudo era uma desculpa para nos tocarmos.

-Tudo bem, Kaya, mas que seja rápido –Louis ordenou –Estávamos no meio de algo especial, caso você não tenha notado.

-Sinto muito, querido, eu não controlo a frequência com a qual urgências aparecem –Kaya revirou os olhos.

Louis me guiou até a porta, fazendo-me sorrir ao perceber que ainda estávamos de mãos dadas. Ele notou os dedos entrelaçados e apertou ainda mais nossas mãos, sorrindo de volta para mim.

Kaya me parou com uma espécie de soco no peito nem um pouco delicado.

-Onde você pensa que vai? –A garota riu –Isso é assunto confidencial, sua presença não é requisitada e muito menos necessária.

-Vou me poupar o esforço de te lembrar quem ele é, Kaya –Louis afastou a mão de Kaya de mim com agressividade –Ele vai aonde eu for e creio que não precise da sua permissão.

-Ah, claro, me desculpe. Tinha esquecido que ele não consegue fazer nada sozinho e precisa do namorado para o proteger –A garota sorriu, debochando da situação.

-Ao menos eu tenho alguém para me proteger, Kaya – eu respondi simplesmente, observando enquanto o sorriso deixava o rosto dela.

-Tudo bem, já chega –Louis se aproximou e me deu um selinho rápido –Te vejo mais tarde.

Kaya jogou o cabelo para o lado, fazendo com que algumas mechas atingissem meu rosto. Eu não pude deixar de rir do quão desesperada por Louis ela era. Era triste.

Niall apareceu na porta com um sorriso enorme no rosto.

-Quem é essa garota maravilhosa que acabou de sair do seu quarto? –ele perguntou, os olhos vidrados na bunda de Kaya –Por favor, me diga que você não tem nada com ela.

-Aquela cobra é a Kaya, e não, eu não teria alguma coisa com ela nem se gostasse de garotas –respondi, me sentando novamente no chão.

Ao olhar aquele cenário, senti meu sangue ferver. A comida havia esfriado, as velas haviam se apagado, o ambiente já não parecia mais acolhedor e aconchegante como antes, e aquilo simplesmente me deu vontade de chorar. Eu não queria continuar daquele jeito, eu não tinha mais forças. Não tinha mais forças para ficar longe de Louis por tanto tempo, não tinha mais força para vê-lo se afastar de mim tão rápido assim.

-Ei –Niall deu alguns tapinhas em meu ombro e sentou-se ao meu lado –Fale comigo.

-É complicado.

-Prometo que vou prestar atenção e tentar entender –Niall abriu aquele enorme sorriso acolhedor que eu tanto amava, aquele que fazia com que as pessoas quisessem compartilhar as coisas com ele sem medo de serem julgadas.

-Eu me odeio, Niall –eu disse, sem ao menos me importar em deixar algumas lágrimas caírem –Eu odeio toda essa merda que está acontecendo. Eu odeio ter que viver nessa merda de lugar. Eu odeio ter que ir à essas merdas de aulas de lutas para aprender a me defender. Eu odeio colocar as pessoas que eu amo em perigo. Quer dizer... Eu só queria morar na cidade, ter uma família, ou pelo menos um jantar decente com o meu namorado.

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