Alguns denominam a inveja como o pior pecado, o pior sentimento de todos. A razão de querer algo que alguém tem, seja igual ou superior, seja um objeto ou uma pessoa, seja o que for, a inveja é a inveja.
E quando ela vem tomada pelo egoísmo e pela...
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Tudo o que eu vejo são as luzes piscando em volta dele.
Suas mãos envolvem a cintura de uma linda mulher alta, a trazem para perto de si, acariciam sua nuca e a puxam para um toque mais ousado, ele tem seus olhos nela, não deixam escapar nenhum mínimo sinal que ela emite para ele, seus lábios avermelhados estão curvados em um cruel sorriso encantador e tudo nele é charmoso demais para que ela consiga se esquivar.
Sei disso porque já estive no lugar desta mulher.
Sei como seu coração palpita quando ele lança aqueles lindos olhos deliberados em encanto e beleza para você, como seu corpo se arrepia quando ele te toca e sorri gentilmente, sei como é a sensação de se sentir envolvida por aquilo que parece perfeito demais para ser verdade.
Porque ele sempre vai aparentar ser perfeito demais.
Ele a puxa, segura sua mão e vai para longe, subindo as escadas para a área VIP da boate luxuosa.
Meus pés percorreram o caminho já memorizado até a mesa que eu sempre reservava, a segunda da fileira do canto, com uma vista privilegiada para o terceiro andar, para onde ele iria agora.
Os saltos brilhantes mal fazem barulho, já que todo o ruído é coberto pela música eletrônica alta, de algum artista que provavelmente é muito famosos, mas que eu não faço ideia de quem seja.
A verdade é que há um ano, desde que tudo aconteceu, eu não acompanhava mais nada. Havia me fechado em minha própria bolha ilusória, escolhendo a aversão ao mundo do que lidar com a realidade decadente e pessimista que me assombra.
Meus olhos vagam novamente na direção dele, no copo em sua mão, um drink azul chamativo, em sua expressão ensaiada de interesse e persuasão, no sorriso tímido e envergonhado dela.
E então antes que eu espere os dois somem novamente, entrando em um dos cômodos reservados da casa noturna.
Estou na Olímpio, uma boate muito frequentada por pessoas ricas e sem personalidade alguma, que em sua maioria apenas queriam afundar as mágoas, já que para se divertirem um cruzeiro ou uma viagem para o ocidente já seria o suficiente.
