Foram longos minutos sendo encarado e avaliada, mas nenhuma palavra foi dita pela pequena menina.
Acho até que o pai dela viu meu constrangimento porque logo pediu para mim esperar na cozinha enquanto ele ia arrumar a doce e silenciosa menina.
Moana é muito fofa, enormes bochechas que da vontade de apertar, um par de olhos tão doces e gentis que nos acalma porém nada foi dito.
Estava na cozinha como o senhor Ferrary havia mandado. Estava tão frustrada e constrangida. Minha testa no mármore gelado do balcão e meus pensamentos tão distantes não me deixaram perceber a pequena senhora que saiu da porta ao lado.
- Bom Dia. - me cumprimenta com um sorriso
Pelo menos alguém me cumprimenta
- Bom dia.
- É a nova babá? - pergunta e começa a preparar o café da manhã
- Sim, sou. E a senhora é?
- Ah, sou a doméstica da casa. Cuido daqui e do Polo desde que ele era pequeno. Moro perto daqui. - diz
Então o senhor Ferrary se chama Polo?
- Sou Malia Johnson, é um prazer conhecê-la. - digo e estendo minha mão
- Aparecida. - diz
- Portuguesa? - indago por conta do nome
- Brasileira.
- Que lugar? - pergunto em português e ela me olha assustada
- Minas Gerais.
- Deve ser lindo. Eu sempre quis conhecer o Rio de Janeiro - digo
- Onde aprendeu a falar tão bem?
- Eu sempre fui apaixonada pelo Brasil e pelo idioma. Fui ouvindo umas musicas e assistindo filmes e novelas. - dou de ombros
- Você é muito inteligente. - diz e eu apenas dou um sorriso sem graça
Assisto Aparecida fazer o café e arrumar a grande mesa. Tento ajudá-la mas ela não permite.
- Com quem a Moana ficava? - pergunto
- Havia uma moça, mas foi despedida. Então ela ficou duas semanas comigo, mas o Polo disse que iria me cansar muito. - diz e resmunga
- Ela não é de falar muito?
- Moana? Fala pelos cotovelos. É que ela te conheceu hoje, de tempo a ela e verá que é um verdadeiro anjo. - diz e esfrega meu braço me consolando
- Assim espero. - suspiro
Foi somente ela colocar a cesta de frutas em cima da mesa que eles dois logo aparecem. Senhor Ferrary usa agora seu paletó enquanto Moana está com os cabelos presos e uniforme escolar. Ele acomoda ela na cadeira e deixa um beijo em sua testa.
- Bom dia Aparecida. - cumprimenta a senhora - Pode vigiar a Mo enquanto eu dou instruções a senhorita Johnson?
- Claro.
Ela começa a servir a menina que come em silêncio e logo nos retiramos dali. Voltamos para a sala de visitas. Senhor Ferrary volta a pegar o quadro de avisos novamente.
- Entao senhorita Johnson, aqui está toda.... - o corto
- Malia.
- Como? - indaga confuso
- Me chame de Malia. - peço
- Voltando senhorita Johnson. - ignora completamente o que digo - Neste quadro de avisos está todas as atividades da Moana. Você tem que está aqui as sete e o carro a levá-la as oito. Será responsável por arrumar e alimentá-la. Sem atrasos, nunca.
Pego o quadro de avisos e vejo o tanto de coisas que a pequena menina faz em apenas um dia. É aula da creche, aula de canto, reforço, violão, alemão, francês, natação, dentre outros.
- Quantos anos ela tem mesmo? - pergunto ainda descrente
- Quatro.
- E ela tem isso tudo para fazer?
- Senhorita Johnson, quero que minha filha esteja apta para seguir qualquer profissão que ela quiser na vida. E para isso, ela precisa está sempre preparada. - diz e bufa
- Mas ela nem ao menos pensa em futuro, o máximo que ela faz é brincar na lama.
- Não, isso nunca. - diz ríspido - Não quero ela doente.
- Mas não é doença, é diversão. - digo
Eu não acredito nisso, é mais fácil ele criar um robô. A menina não tem vida, só sabe estudar e estudar. É triste ver algo assim.
- A filha e minha e ela fará o que eu bem quiser. - diz sério e olha para seu enorme relógio em seu pulso - Agora se me der licença, tenho que ir trabalhar. As demais atividades serão passadas pela Aparecida.
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