Capítulo 10.

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— Harry, querido. Posso falar com você? — Anne perguntou quando Harry passou por ela para ir até a clínica onde Louis ficava.

— Mãe, eu tô atrasado para ver o Louis. — Harry disse.

— É sobre ele que quero falar. — Anne disse apontando para a cadeira a sua frente.

— Ok, mas vai ser rápido? Não quero deixar ele esperando. — Harry pediu e Anne assentiu.

— É só que, eu admiro o que está fazendo por ele. E achei Louis um garoto incrível. Mas você tem certeza se quer levar isso adiante? — Anne perguntou e Harry franziu a testa.

— Levar o que adiante? — Harry perguntou confuso.

— Essa relação que vocês estão construindo. — Anne disse.

— Mãe, nós somos apenas amigos. — Harry disse.

— Querido, não me esconda nada. Sua irmã já me falou que vocês se beijaram. E eu não sou boba, vi a forma como olha para ele. E eu vi a forma como ele reage a você, parece ser recíproco. — Anne disse, Harry abriu um sorriso grande ao ouvir aquilo.

— Isso é bom, não é?! — Harry perguntou, Anne suspirou.

— Isso depende. Você quer mesmo passar sua vida cuidando dele? — Anne perguntou. — Você sabe, com a deficiência de Louis, ele vai sempre precisar de ajuda mesmo que mínima. Você quer ser essa pessoa? — Anne perguntou.

— Está dizendo que não quer que eu fique com ele? — Harry perguntou.

— Não, jamais diria isso. Eu estou dizendo que seja o que decidir, eu estarei com você. — Anne disse segurando a mão do filho, Harry sorriu.

— Eu não sei aonde estamos indo, mas seja onde for, eu quero Louis. E se ele me quiser, então eu estarei feliz em cuidar dele. Apesar de que ele é bem autossuficiente, até demais. — Harry disse lembrando da noite passada quando Louis sumiu.

— Tudo bem, então. Eu só queria dizer isso. — Anne sorriu.

— Obrigado, mãe. Agora tenho de ir. — Harry beijou a bochecha da mãe e saiu de casa.

Ele pegou um ônibus até a clínica, e quando lá chegou, encontrou Louis na recepção conversando com Claire.

— Olá. — Harry disse chamando a atenção deles.

— Harry! — Louis disse animado.

— Viu?! Eu disse que ele viria. — Claire falou levantando do sofá que estava sentada com Louis. — Graças a Deus, ele tava quase me deixando doida. — Ela disse ao passar por Harry para ficar em seu posto.

Harry riu e caminhou até Louis. — Pronto para ir? — Perguntou Harry.

— Claro. Vamos precisar ir de táxi. — Louis disse segurando a mão de Harry.

Ele não precisava de ajuda, mas ele queria estar de mãos dadas com Harry. E se alguém perguntasse, a ajuda seria uma boa desculpa.

— Ok, me diga o endereço. — Harry pediu enquanto chamava um táxi em seu celular.

— Não, eu digo o endereço para ele. — Louis disse e Harry arqueou a sobrancelha.

— Ok então. Eu só espero que não esteja nos levando para um lugar perigoso. — Harry disse.

Poucos minutos depois, eles entraram no táxi. Louis entregou um papelzinho para o motorista, que concordou. Então eles foram.

No caminho Harry ficava batendo o pé no chão, estava ficando ansioso por não saber onde estavam indo.

Uns vinte minutos depois, eles chegaram. Era um parque.

— Tem certeza que é aqui? — Harry perguntou confuso.

Não tinha ninguém no parque.

— Esse é o endereço. — O taxista disse.

— Eu não sei, não. — Harry disse incerto.

— Pelo seu tom de voz, estamos sim no lugar certo. — Louis disse entregando o dinheiro da corrida e saindo do carro.

— Não tem como você saber. — Harry disse saindo atrás.

— É um parque, não é? — Louis perguntou.

— Sim, mas não tem ninguém. — Harry disse inseguro.

— Eu sei, por isso gosto daqui. — Louis disse começando a caminhar.

Harry correu atrás dele, olhando para Louis não bater em nada. Mas Louis conhecia aquele lugar como a palma de sua mão, não ia bater em nada. Ele sabia exatamente onde estava e para onde estava indo.

Quase no fim do parque, tinha uma árvore no topo de um morro não muito alto. Louis subiu esse morro e sentou ficando encostado na árvore, Harry sentou ao seu lado.

— Olha, é mesmo um lugar muito bonito. — Harry disse olhando em volta.

— Não é só por isso que gosto daqui. — Louis disse. — Foi aqui que conheci meu primeiro amor, April. — Louis disse, Harry suspirou.

— Ela era sua namorada do ensino médio? — Harry perguntou.

— Sim. — Louis disse.

— Você também a afastou como fez com Niall? — Harry perguntou lembrando do rapaz que falou com eles na noite anterior.

— Não, ela me largou. — Louis disse com tristeza.

— Ela foi uma boba, Louis. — Harry disse e Louis sorriu fraco. — Você já terminou a escola, né? — Harry perguntou, tentando mudar o assunto.

Mas era chegada a hora de falar sobre aquilo. Mesmo que doesse.

— Sim, o acidente ocorreu no dia da minha formatura. — Louis disse.

— Sabe que não precisa me contar essas coisas, não é? — Harry disse pegando a mão de Louis.

— Tudo bem. — Louis disse e apertou a mão de Harry. — Nós tínhamos bebido antes de ir para a minha formatura, estávamos no carro a caminho, era eu quem dirigia. Desviei meu olhar por um segundo, e quando voltei a olhar, só vi a luz de um caminhão na nossa frente. Foi a última coisa que vi. Aparentemente estilhaços do vidro do carro atingiram meus olhos e aí eu fiquei cego. — Louis contou. — Eu era capitão do time de futebol, tinha ganhado uma bolsa para Yale. Tinha uma namorada linda e amigos bons. Quando aconteceu, eu não pude voltar a jogar, e perdi a bolsa. Como tudo estava desmoronando, minha namorada não quis ficar com um perdedor, muito menos meus amigos. No fim, eles só estavam comigo porque eu era popular. — Louis encolheu os ombros.

— Menos Niall. — Harry lembrou.

— Niall foi o único que ainda foi me visitar no hospital, mas quando eu percebi que não tinha chances de minha antiga vida voltar e eu seria só um peso na vida das pessoas, eu o afastei. Ele não merecia passar por aquilo, eu fui o culpado. — Louis disse.

— Você guarda mágoa de algum deles por terem te abandonado? — Harry perguntou.

— Não, eu causei um acidente que podia ter matado eles. Fico feliz de ter sido o único que saiu tão ferrado. Eles não mereciam pagar por um erro meu. — Louis disse.

— Eu sinto muito, Louis. Gostaria de poder fazer alguma coisa por você. — Harry disse encostando a testa no ombro de Louis.

— Você já fez tanto, Harry. Tanto. — Louis disse e encostou sua cabeça na de Harry.

Eles ficaram em silêncio, não tinha o que ser falado. Louis estava sentindo a dor do passado, e Harry estava ali o apoiando. Era tudo o que precisavam.

— Louis? — Alguém chamou.

Harry olhou e viu uma garota loira, alta, magra e bonita.

Louis segurou o ar reconhecendo a voz:

— April?

***

Espero que estejam gostando.

Até mais,

–K.F.

The Love Is Blind [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora