Otto

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Point of View Alessia SarriTurim, Itália - 10 de março de 2020

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Point of View Alessia Sarri
Turim, Itália - 10 de março de 2020

Eu e Paulo nos sentamos em um sofá que havia na varanda. O jogador me olha preocupado e eu sorrio fraco para ele, tentando acalmá-lo. Respiro fundo e peço a Deus para que Ele me ajude a falar tudo o que eu realmente precisava falar.

- Aconteceu alguma coisa? - Paulo pergunta novamente, extremamente preocupado, me fazendo sorrir e negar.
- Eu só preciso conversar com você sobre a minha história, porque eu sinto que a cada dia que passa a gente se aproxima mais. A gente combinou de ir com calma e tudo mais, mas eu preciso te contar a minha história antes para você poder pensar e decidir o que você quer. - eu digo e ele arqueia a sobrancelha, mostrando que não havia entendido o que eu estava falando.
- Como assim pensar e decidir o que eu quero? - ele pergunta e eu respiro fundo.
- Eu vou contar, mas deixa eu terminar de falar... Pode ser? - eu pergunto rapidamente e ele assente.
- Quando eu disse para a gente ir com calma, não é porque eu não tenha interesse em você ou algo do tipo, pelo contrário... Eu tenho muitos traumas, Paulo. - eu digo e respiro fundo, tentando voltar a falar. - Traumas que foram causados pelos outros, mas que deixaram marcas muito fortes em mim. - eu digo e ele assente ouvindo o que eu estava falando. - Quando você me perguntou aquele dia qual era a minha história, me surpreendeu. Primeiro porque eu não pensei que você fosse perguntar tão cedo e segundo porque eu achava que eu não estava preparada para isso. E hoje, eu não sei porque, eu consegui conversar com a Georgina sobre tudo. - eu digo respirando fundo, tentando não chorar. - E eu pensei que é injusto eu querer me envolver com você, eu saber que você quer se envolver comigo, sem ser completamente sincera com você. Entende? - eu pergunto e ele concorda rapidamente.
- Claro que eu concordo, Alessia. Eu só não quero que você se sinta pressionada a algo. - ele diz e eu sorrio fraco negando.
- Acredite, eu não me sinto. - eu digo e ele concorda. - Meu pai e minha mãe se separaram quando eu era uma criança e, desde então, fui morar no Brasil com a minha mãe. Apesar de não morar perto do meu pai, nós sempre fomos muito próximos e sempre tivemos uma relação incrível. Assim como ele e minha mãe, que faziam questão de se reunirem em datas importantes e comemorativas para que eu não precisasse me dividir entre os dois. - eu digo e ele fica quieto prestando atenção no que eu estava falando. - Eu sempre via meu pai. Ou eu ia para a casa dele ou ele ia para a minha e isso nunca foi um problema. - eu digo e respiro fundo. - Como eu sempre morei com a minha mãe, nós sempre tivemos a melhor relação possível. Relação de amigas, companheiras e irmãs. Então ela sempre confiou muito em mim. Sempre deixou eu sair, porque ela sempre sabia aonde eu estava, com quem eu estava e o que eu estava fazendo. Apesar de eu ser uma pessoa mais caseira, eu sempre saía uma vez por mês com as amigas que eu fiz na faculdade. Nós íamos sempre em um barzinho, que ficava perto de onde eu trabalhava e perto de onde elas moravam, então acabava que era um lugar bom para todas. - eu digo suspirando e logo voltando a falar. - Só que em uma noite tudo deu errado. - eu digo trêmula, fazendo Paulo me olhar preocupado enquanto segurava minhas mãos. - Eu marquei com elas e lá dentro foi tudo normal, como sempre era. Elas bebiam umas duas doses e eu ficava só na água ou no refrigerante, porque eu não gosto muito de beber. Nunca gostei, pra ser sincera. Na saída elas pegaram um Uber juntas e eu fui em direção ao estacionamento. - eu digo com a voz já embargada. - E lá tinha um homem... - eu digo e Paulo arregala os olhos.
- Alessia... - ele diz e eu nego rapidamente.
- E ele me puxou e me encurralou em uma parede. - eu digo enquanto deixo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. - E eu não consegui sair, sabe? - eu digo e vejo Paulo com os olhos cheios de lágrimas. - Chiara foi fruto disso. - eu finalizo, deixando-o chocado. - E eu precisava te contar isso, porque eu precisava ser totalmente sincera com você. - eu digo e ele enxuga algumas lágrimas que molhavam seu rosto.
- Você é a pessoa mais forte que eu conheço em toda minha vida. - Paulo diz e eu soluço, sentindo ele me abraçar fortemente. - Eu tenho muito orgulho de você. De te conhecer. De saber a sua história e, principalmente, de saber que você quer superar isso. - ele diz e eu assinto.
- Eu sei que devem estar passando milhares de dúvidas na sua cabeça sobre esse assunto. - eu digo e vejo ele concordar rapidamente. - E eu realmente pretendo esclarecê-las, mas a gente pode deixar essa parte para outro dia? - eu pergunto e ele assente rapidamente concordando.
- A gente só vai voltar a falar sobre isso quando você quiser, Alessia. - ele diz e eu abro meio sorriso para ele. - Eu percebi que você realmente estava angustiada e queria falar sobre isso hoje. E assim como eu te ouvi hoje, eu vou te ouvir amanhã, daqui a uma semana ou daqui a um ano. Vai ser tudo no seu tempo. - ele diz e abraço-o fortemente.
- Obrigada por isso. Obrigada por me ouvir. Obrigada por ser tão incrível comigo. Obrigada mesmo... - eu digo para ele de forma sincera, sentindo meu coração se aquecer por ter alguém tão incrível como amigo.
- Eu estarei sempre aqui, Alessia... Seja pra ser seu colega, seu amigo, seu melhor amigo ou até algo a mais. - ele diz em tom de brincadeira, me fazendo gargalhar.
- Só você para me fazer rir agora. - eu digo e ele ri fraco enquanto faz carinho em meus cabelos.
- Mas agora, falando sério... Eu realmente te admiro e tenho muito orgulho de você, tá? - ele diz e eu assinto sorrindo fraco para ele. - Você é uma guerreira e eu tenho certeza que Chiara vai sentir muito orgulho de você... - ele diz e eu rio fraco para ele.

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