chapter 1

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  A tour estava insana até agora. Eles estavam na metade do caminho, chegando cada vez mais perto da costa oeste a cada show, a cada nova cidade. Surpreendentemente, não havia muitos problemas. Eles se davam nos nervos as vezes, como sempre, brigando, roubando comida ou invadindo camas. Mas Ray não mudaria nada disso. Eles eram irmãos, não irmãos biológicos como os Way. Eles eram tão apegados um ao outro de uma maneira amigável, as vezes de uma maneira não tão fraterna e sim "amorosa", e isso era melhor que qualquer coisa.

  Hoje foi meio estranho, a multidão estava insana, como sempre. Gritando, comemorando e batendo suas cabeças no ritmo. Mas de certa forma, estavam mais interessados em criar um círculo e ficarem se jogando um em cima do outro do que olharem para o palco. Ele não se importava, contanto que todos estivessem se divertindo ele estaria contente em deixá-los amontoados. Ele tinha certeza que Gerard estava de olho neles para segurança, checando para o caso de algum problema real. Ele estava tocando o solo de The Sharpest Lives, seu cabelo indo para cima e para baixo, os dedos voando através das cordas. Seus pés estavam plantados no palco, imóveis. O total oposto de Frank, que estava voando através do seu lado do palco, indo o mais longe que o cabo de sua guitarra permitia. Se balançando e pulando quase mais alto que sua própria altura. Ele estava tão vivo, pulando e vibrando com a energia que saia de si para ter paz depois. Mikey se movia gradual e discretamente na direção de Ray, fugindo do jeito destrutivo de Frank. Ele sempre teve um senso de autopreservação. Ray olhou para ele quando ele estava tocando as últimas notas e limpou sua testa. Mikey sorriu levemente, seu lápis de olho tinha borrado para um pouco abaixo da bochecha, mas ainda parecia fabuloso. Ray gostava da mudança de visual que eles realizaram para o Black Parade. Novos cortes e cores de cabelo, maquiagem mais escura, cirurgia nos olhos. Okay, o último foi apenas para Mikey, mas ainda assim. Ele pegou a garrafa d'água e bebeu com vontade. Eles estavam quase no fim, apenas uma ou duas músicas, depende do quanto os fãs iam pedir por mais. Ele colocou o cabelo atrás da orelha e se posicionou de volta, eles esperaram um pouco mais para todos descansarem um pouco e começaram House Of Wolves. Foi cru, selvagem e raivoso. Ray sorriu para si mesmo, tocando como se sua vida dependesse disso, igualmente a todos do palco. Gerard ia de um lado para o outro como se ele fosse um lobo faminto a procura de sua presa, uivando no microfone e movendo seus braços.

  Quando ele voltou para o seu lugar à frente, algo mudou. Ray viu uma onda ir através da plateia, incomum, inapropriada. Ele franziu o cenho levemente quando viu a primeira garrafa voando em direção a eles, seguida de dezenas e dezenas de outras garrafas. Ele viu gerard dando passos para trás, mas não parando de cantar. Ele se encolheu um pouco, indo mais para o lado. Uma garrafa atingiu seu ombro, mas ele apenas deu de ombros e tocou, não se deixando incomodar por isso. Algumas pessoas acham que são engraçadas fazendo esse tipo de coisa. Ele se sentiu mal por quem quer que fosse limpar toda essa bagunça depois. Quando eles estavam perto do fim da música, ele notou a falta de algo. Ele estava tão acostumado com os instrumentos de todos que a bruta ausência de um ritmo "base" quase o tirou de seu próprio caminho. Ele levantou a cabeça e olhou para Mikey. Bem, pelo menos o lugar onde Mikey estava até segundos atrás. Agora ele estava curvado do outro lado do palco. Ray deixou os dedos se moverem sozinhos e foi andando até a direção dele. Estava vendo o Way mais novo ajoelhado ao lado de Frank, que estava deitado, no chão. Aquilo em si não seria tão incomum, já que Frank tinha o hábito de limpar o palco com a sua camisa. Mas ele viu as suas pernas atrás de Mikey, levemente torcidas e imóveis, isso não se parecia com ele.

  Quando Ray levantou seus olhos de volta, viu que Gerard estava olhando para eles, sua expressão inquieta e um pouco ansiosa. Ele olhou para Ray assim que terminaram, gesticulando em direção aos colegas de banda. Eles teriam que terminar o show, Ray sabia. Ele apenas concordou e foi para o outro lado.

  "Nós vamos dar a vocês uma última música, filhos da puta, e essa música se chama Cancer!" Gerard gritou, e o palco escureceu, as luzes focando apenas nele, permitindo os outros de desaparecerem de vista. Ray tirou sua guitarra e a posicionou contra um dos amplificadores. Alguém iria pegar depois. Agora ele precisava saber que porra tinha acontecido. Mikey levantou sua cabeça quando Ray chegou até eles.

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