Capítulo Final

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Dois dias passaram-se e eu ainda não sabia o que fazer. Destino ou falta de sorte. No caminho para casa uma chuva grossa me pegou. A natureza sempre chorava quando uma injustiça estava prestes a acontecer. 

Não corri, tentando me proteger, apenas andei vagarosamente, tentando organizar os últimos dois dias. Aquilo parecia um pesadelo. Busquei o único abrigo que parecia bom o suficiente. Não precisei bater mais do que três vezes.

_ O que faz nessa chuva? Vamos entre, ou vai acabar com um resfriado.

_ Obrigada. - agradeci entrando na pequena casa.

_ Vou pegar uma toalha seca. Fique próximo da lareira. Por sorte eu estou fazendo um chá. - obedeci.

_ Não acredito que você realmente chama esses gatos de família. 

_ Para uma fêmea que busca por "direitos igualitários" entre fêmeas, machos e gays. Sua frase soou um tanto que preconceituosa. 

_ Desculpe. - sorri, agradecida pela toalha e um vestido que eu não sei de onde ele tinha tirado. Fui para trás do biombo afim de trocar de roupa. 

_ Já lhe disse, família é aqueles que te fazem bem e que você ama. Meus gatos são como filhos para mim, eles me fazem bem e eu os amo.

_ Certo. Peço desculpas novamente. - pedi saindo de trás do biombo e pegando uma xícara de chá.

_ Você não é louca apesar de agir assim às vezes. - Sorri. - Então porque encarar uma chuva dessas para vir na minha casa?

_ Eu estou confusa. E não sei o que fazer.

_ Tem haver com o caso?

_ Sim. Eu sei quem é o assassino e não sei o que fazer com essa informação. Ainda mais, sabendo que preciso me apresentar aí rei dentro de duas horas. 

_ A noiva do Azriel. A baixinha grávida. - olhei intrigada.

_ Como você sabe?

_ Assim que eu conclui a autópsia, soube que tinha sido ela. Eu os vi no primeiro dia que chegaram aqui. E quando notei que uma mulher, baixa, era a assassina... eu desconfiei.

_ E por que não me contou?

_ Por que para fazer justiça de verdade, é preciso ouvir todos os lados. Tínhamos a versão do morto, você precisava ouvir a versão do assassino. Saber o que realmente tinha acontecido.

_ Eu ouvi.

_ E o que concluiu?

_ Ela não tinha a intenção de o matar. De todos os que desejavam, Jodhi era a única que não queria. 

_ Um terrível acidente. Você a viu, como detetive a considera culpada? - olhei para Ethan. 

_ Não. Jodhi é tão linda e gentil. Está longe de ser uma assassina. Acredito que nesse caso o único culpado pela morte de Beron, foi ele mesmo.

_ Então sabe o que dizer ao rei. Faça justiça Stella, mas seja justa também.

_ A justiça me diz para entregar Jodhi, se eu for justa… eu não posso estragar a vida de uma jovem grávida e consequentemente de um amigo querido. Isso sim seria um crime. Mas...

_ Justiça, meu bem, é ser justo. E nem sempre ser justo e seguir a lei. Por isso existe os depoimentos. Para evitar erros e inocentes condenados à morte. Algumas vezes a vítima não é o morto, mais o assassino. Já pegamos um caso assim e aplicamos a justiça que está na lei. 

_ Passei quase um ano sem conseguir dormir direito. Os gritos daquela mãe desesperada me assombram até hoje. 

_ Eu sei, depois daquilo meus conceitos de justiça mandou. Vamos repetir mesmo erro? - refletir e sorrindo respondi.

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⏰ Última atualização: Mar 30, 2020 ⏰

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