Capítulo 2 - ERIS

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Me perguntei porque simplesmente não atravessar em vez de ir naquela carruagem desconfortável. Beron encarava a paisagem por onde passávamos. Uma punição, outra na verdade. Beron sabia que eu não gostava de viajar daquela maneira. Ao seu lado, Eris tinha o olhar baixo e quando seus olhos encontraram os meus, meu filho sorriu com um pedido de desculpas no olhar. Sorri de volta, aquilo não era culpa dele.

_ Perdi alguma piada?

_ Não, meu pai.

_ Estão por quê os risos no rosto dos dois?

_ Já disse, não é nada. Eu só lembrei que a mamãe odeia viajar em carros de aluguel. Acho que ela pensou o mesmo. - afirmei, olhando para o chão de madeira.

_ Então achando graça, pois vão voltar a pé. Quero ver sorrir depois dessa. - Eris perdeu a cor e suas mãos fecharam-se em punhos.

_ Não fizemos nada demais. - meu filho falou entre dentes.

_ Não importa, vocês vão voltar a pé, é uma decisão que tomei e não volto atrás.

_ A mamãe está fraca, doente, que pecado há em sorri?

_ Eris, está tudo bem, querido? - era notável a angústia nos olhos do meu filho. - está tudo bem. - repeti.

_ Melhor assim. - Beron sorriu diante do silêncio de Eris.

A maldita carroça parou diante do palácio de gelo escolhido por Kallias para aquela reunião. Eris desceu primeiro e ajudou-me a descer também. Minha cabeça girou.

_ Você está tão fria, mãe. - Eris acariciou minhas mãos e as beijou, oferecendo-me seu braço.

_ Estamos em um palácio de gelo, esperava o quê? - Finn passou por nós tomando a dianteira com seu pai.

_ Que belos filhos você colocou no mundo.

_ Finn só está tentando provocar você, Eris.

_ Eles não são essas crianças birrentas que a senhora insiste em dizer. Eles são maldosos e ruins. - lágrimas escaparam de meus olhos. - Desculpe mamãe.

_ Tudo bem. Ao menos você e o Lucien puxaram para mim.

_ Isso é um elogio. Mas, sinceramente, a senhora merece muito mais que um marido que lhe bate e filhos que lhe mataria se isso garantisse uma coroa na cabeça. Mãe está tudo bem... - não soube responder, tudo ficou escuro e eu já não ouvia mais nada.

A luz branca fez minha cabeça girar ainda mais quando abrir os olhos novamente.

_ Pela mãe, que susto que você nos deu, Lisandra. - olhei para Viviane ao meu lado. Cresseida sorriu encostada na porta.

_ O que aconteceu? - perguntei tentando me levantar.

_ Você desmaiou. Eris trouxe você para cá. - Cresseida respondeu aproximando-se. - Beron nem mesmo olhou na sua direção.

_ Cresseida?

_ O que foi Viviane? é a verdade.

_ Tudo bem, eu já estou acostumada com o desprezo de meu marido.

_ Você não devia está acostumada com algo assim. Eu vi as marcas. - Cresseida agora estava sentada ao meu lado secando minhas lágrimas. - por que você não foge, vai embora desse inferno.

_ Não posso, tem os meninos.

_ Que meninos? Aqueles monstros que agora estão reunidos com os outros? Fala sério Lisandra. O único que ainda vale a pena de seus filhos, é o Lucien. Ele sim merece algum sacrifício, porque o coitado nem uma casa tem.

corte de luz e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora