capítulo 6 - TAMLIN

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_ Tamlin Pellegrini. Você é um dos poucos grãos senhores de Prythian que eu não conhecia. 

_ Nunca fui muito de sair de casa, Lucien era quem fazia o papel político, como meu emissário.  As coisas por só pioraram nos últimos anos, principalmente porque eu já não tenho o Lucien comigo.

_ Estou ciente dos últimos acontecimentos em Prythian. 

_ Que bom, mas vamos ao que interessa. Não, eu não matei o Beron. 

_ Eu nem fiz a pergunta ainda.

_ Imagino que seja isso que você queira saber.

_ Você é um dos suspeitos.

_ E o que eu fiz para está nesse grupo?

_ Beron ameaçou lhe tomar o poder publicamente. Isso me parece um bom motivo, ainda mais se formos levar em consideração sua fama de "esquentadinho" 

_ Quem é seu informante, Rhysand, Feyre?

_ Não. Prythian inteira. Todos os grão senhores e os demais disseram a mesma coisa sobre você. "Tamlin é explosivo ou Tamlin perde a cabeça com muita facilidade" 

_ Fico feliz que eu tenho alguns nomes entre eles. Melhor explosivo do que monstro. Ainda estou no lucro.

_ Pelo visto, sarcasmo, também é um de seus defeitos.

_ Tenhos vários defeitos, uma lista imensa, pergunte a Feyre. Mas eu duvido que você me chamou aqui só para saber sobre mim. 

_ Não. Sua vida inútil não me interessa. 

_ Ótimo. Então podemos começar. 

_ Onde estava a três dias por volta das sete horas da noite?

_ No bar, bebendo. - a investigadora estreitou os olhos. - se não acredita, pergunte para o atendente. 

_ Você ficou o tempo todo no Bar?

_ Não, teve um momento que o dinheiro acabou e o desgraçado do garçom não quis mais me servir cerveja. Então fui a meu quarto pegar mais dinheiro.

_ Que horas isso ocorreu?

_ Eu não sei dizer, estava bêbado demais para olhar o relógio, quem dirá para ver as horas.

_ Chegou a ouvir algo?

_  Acho que ouvir um grito abafado, mas não me importei.

_ Não pensou em ajudar, ver o que estava acontecendo?

_ Na noite anterior, Helion e a linda Lisandra resolveram fazer uma festinha por horas. Como estou no mesmo corredor que eles, fui obrigado  a ouvir cada gemido abafado. - revirei os olhos. - Então quando eu ouvir os gritos, só pensei que os dois estavam brincando de mamãe e papai de novo. Eu peguei o dinheiro e sai. 

_ E ficou até que horas no bar, depois?

_ O garçom me expulsou por volta de umas dez, dez e meia, mais ou menos. Voltei para meu quarto e notei que alguém havia arrombado minha porta, desnecessário, porque ela estava destrancada. Eu entrei e cair na cama, afim de dormir. 

_ Não ficou preocupado em ver sua porta em pedaços?

_ Eu estava tão bêbado que eu não vi  nada do que estava na minha frente, além da cama.  Acordei por volta das quatro horas da manhã com um dos seus homens na minha porta falando que o corpo do Beron tinha sido encontrado  na floresta, desde então estou aqui na expectativa de ser ou não ser chamado para prestar depoimento. 

_ E você chegou a ver o Beron naquela noite, ou antes disso?

_ Sim, no entanto, eu o ignorei. O infeliz nem era para está aqui. Thesan garantiu que não o chamou. Até porque ele teria um salão inteiro com sede de sangue, sangue do Beron de preferência. Ninguém sabe como ele soube da festa ou chegou até aqui.

_ Eris disse que Beron teve ajuda e que o rei sabia da sua estadia. - sorri com desdém.

_ Não faça joguinhos, detetive, se que me acusar, diga de uma vez. 

_ Foi você quem ajudou Beron a entrar no castelo?

_ CLARO. QUE. NÃO. Posso ter inúmeros erros e defeitos, mas ajudar inimigos não é um deles. Além do mais, eu odiava Beron Vanserra, igualmente a  qualquer um que passou por essa sala ou ainda está lá fora. O desgraçado até morto consegue infernizar a vida de todos.

_ Tamlin, me fale sobre a relação da vítima com a senhora Lisandra.

_ A ordem está trocada. A vítima no caso é a pobre Lisandra. Mas vou lhe contar o que eu sei, mesmo que seja muito pouco.

_ Como assim? 

_ Nunca fui de conviver com a corte Outonal. Nossos encontros eram mais formais, somente nas reuniões. E a coisa só piorou quando o infeliz mandou matar Lucien e Eris me pediu para ajudar o irmão.  Meu pai era amigo e aliado do Beron e por conta dessa amizade costumava o ver com frequência em minha casa, isso até eu virar o grão senhor e mandar ele ir a merda. Certa vez, Beron bateu tanto na pobre Lisandra, que minha mãe chegou a achar que sua amiga não iria resistir aos ferimentos. Essa era a vida da Lisandra com o Beron, fora as constantes humilhações na frente de todos. Parecia que ele gostava de fazer isso. Nem mesmo em sob a montanha, um período caótico para todos nós, o filho da puta deu paz a ela.

_ Qual foi sua reação quando descobriu que Beron tinha planos para lhe roubar as terras?

_ Fúria, obviamente, porém, não fiquei surpreso. Era esperado uma atitude assim por parte dele. Porém eu não poderia tirar satisfações ou matar o infeliz.

_ Por que não?

_ Recomendação médica. - tirei o frasco de comprimidos do bolso e o coloquei na mesa entre nós dois. A investigadora pegou o frasco e o analisou. - estou fazendo tratamento para manter a calma e parar de "surtar" por tudo. Acho que ela, a psiquiatra, disse algo sobre: "saber ouvir o não" e "parar de quebrar tudo, inclusive a cara das pessoas"

_ E está funcionando? Porque até onde eu sei, remédio não se mistura com bebida.

_ Eu sei. E sim, está. Como eu disse, eu consegui evitar estripar o Beron antes,quando soube dos seus planos, então isso é uma grande avançado para mim. E a mobília nova da minha casa, continua intacta. Por tanto…

_ Fico feliz em saber disso. Poucos assumem o próprio erro e aceita ajuda. 

_ Acho que depois de perder a família, a mulher que eu amava, os amigos, minha corte praticamente inteira e a dignidade… eu precisava de ajuda. Era isso ou cometer suicídio. E sou medroso demais para tentar a segunda opção. - a fêmea sorriu, aquilo foi bom. A muito tempo eu não via alguém rir para mim.

Um dos guardas aproximou-se dela e falou algo em seu ouvido. Como dentro da tenda eu não podia usar magia, fiquei só olhando.

_ Certo, irei falar com ele. - ela sorriu para o rapaz. - bom, senhor Tamlin, eu vou confirmar sua versão e qualquer coisa o chamo de volta. Agora preciso sair. 

_ Certo. - me levantei e caminhei até a porta.

_ Senhor Tamlin? - parei no meio do caminho e virei para encarar a fêmea. 

_ Boa sorte, com o seu tratamento. Conheço a psiquiatra que o senhor está passando  e ela é ótima. 

_ Obrigado. - me virei e sai. Olhei para todos com os olhos voltados para mim. Dessa vez o olhar não era de acusação ou nojo, e sim apreensivos. Todos nós estávamos assim. 

corte de luz e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora