Te amei

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Você está vendo esse coração
Apertado, abandonado, retalhado?
Está vendo todas essas emendas?
Isso é um símbolo do quão morto
ele está nesse poema...

Se tem uma coisa
Que eu sei com muita certeza
É que eu te amei!
E eu te amei com a inocência
que existia entre nós.

Te amei com todas as forças
Da minha alma nua.
Te amei com todosos meus pensamentos,
com meus anseios puros.

Te amei com nossas promessas,
com os meus sonhos de menina.
Eu te amei, amei muito!
Era um amor tão forte
Que não cabia no peito.

Que mesmo perto eu te escrevia
Tantas cartas de amor!
Eu me expressava em versos,
Na poesia de uma agonia
Que me despia apaixonada.

Como eu te amei!
Doía mesmo em seus braços,
Amor desesperado, incontido,
Não cabia em todo o Universo...
Se expandia em poesias.

Registrei nas minhas palavras
nos olhares, nos beijos molhados,
No meu corpo atiçado
Que eu guardava para você
Só para você!

Como te amei na quietude!
Alma pura, desnuda, vai entender.
Era intenso demais!
Era arrebatador, era sagaz,
me corroía as entranhas!

O gosto dos seus lábios nos meus,
O sabor do mel que eu provava
Sempre que me beijava,
e faltava o ar, faltava equilíbrio.
Você era meu tudo!

Mas você não soube esperar!
Eu tive de por um fim...
Um fim em você,
Em nós, em mim...
Como doeu!

E quando a verdade se abriu,
o desespero me escureceu.
As lágrimas perdidas secaram,
Eu me ceguei por um instante,
Sufocada, naufraguei dentro de mim...

Como doeu!
Você fodeu meus sentimentos!
Você fez ruir a minha alma
Me fez cair em desgraça!
Um corpo jogado ao abismo.

Eu nem respirava mais...
Como uma estátua, sem vida.
Alma inteira partida
Em pedaços de amor e de dor.
Você cuspiu nas próprias promessas!

Sabe, desde aquela época
Eu te amei em completo silêncio.
Carrego essa dor eterna
Em meu peito remendado,
eterno sentimento adormecido.

Eu me guardei por muito tempo
E nunca tive forças pra chorar
Aquilo que fez comigo,
Eu nunca tive forças pra chorar
O que senti naquele momento!

A dor foi tão grande,
Tão agressiva, tão violenta
Que não daria para chorar.
Eu rasgaria minha carne
Pra demonstrar tamanha dor.

Eu mataria minh'alma
Se fosse dizer a fúria
das minhas lágrimas de sangue!
Porque você foi
O grande amor da minha vida...

A minha perdição, a minha ruína!
Tanto me arrastei por longos anos
E vou me arrastando pelos cantos,
pelos frios escombros
Do que restou de nós dois.

Do que restou de mim nesse escuro...
Foi puro o meu amor
O maior amor do mundo!
Foi um amor tão doce
Tão meigo, tão leve, tão forte!

E você não soube esperar...
Eu nunca mais amei alguém
Que tivesse me iludido
Como você me iludiu
Nas mentiras mais vazias.

Quem me dera ter sido
A mulher da sua vida,
Quem me dera ter sentido
os seus doces suspiros!
Mas foi há muito tempo...

Foi tudo que você deixou passar...
Enfim, ficou para trás.
E hoje aqui não mais está...
Se tornou um anjo...
meu eterno anjo no céu!

08/2018

Dedicado especialmente a L. Pamplona, falecido em 2015.

Para Sempre Carla - A Vida é Um PoemaOnde histórias criam vida. Descubra agora