Capitulo 5 - Lembranças

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***
As ervas começaram a fazer efeito, sentia como se sua pele se atraísse uma pela outra, seu ferimento reduzia visivelmente e a dor se confundia com o calor promovido pela transformação, parecia impossível mas o experimento de Janny estava dando certo... Matt não sabia descrever a sensação, sentia-se cada vez melhor enquanto Janny comemorava sua vitória.

- Incrível! - Comemorou Janny quase saltando de alegria - Eu sou incrível!

Matt não sabia o que dizer, por todo esse tempo desacreditava que daria certo e agora estava curado, literalmente curado, não podia esconder que tudo aquilo era incrível, mas também não poderia deixar de lado o seu jeito arrogante e inconveniente:

- É, realmente é incrível, devo te dar os parabéns - Disse ele - Mas e meu braço? vou ter que andar com essa gesso desconfortante?

- Onde está a animação Matt?! - Disse Janny ainda animada - Você acabou de receber alta sem nenhuma sequela e ainda fica resmungando de um pedaço de gesso? É muito idiota mesmo! Mas não se preocupe, você já passou tempo demais com isso no braço, creio que já está mesmo na hora de tirar!

- Você fala sério?! - Perguntou Matt tentando esconder sua felicidade.

- Claro que sim! - Disse Janny se aproximando dele - Sente-se pra eu poder tirar esse gesso...

Matt sentou-se com facilidade, realmente ele está novo em folha, sem nenhuma dor no abdômen e nenhuma sequela, exceto pela cicatriz... Janny começou a remover o gesso de seu braço...

- Matt, de que você tem medo? - Perguntou Janny olhando em seus olhos.

Matt não entendeu o "por que" da pergunta, de onde ela tirou isso agora?, pensou ele.

- Matt? Eu te fiz uma pergunta! - Continuou Janny - Ficou surdo?

- Bem... Deixe eu pensar um pouco - Inventou ele.

- Você não precisa pensar, você já sabe do quê tem medo, só não quer dizer - Interferiu Janny consultando o gêsso com supremacia.

- Não... Eu não tenho medo de nada! - Falou ele tentando expressar sinceridade.

- A é?! Pois eu posso te dizer quais são os seus três maiores medos e ainda te provar que eu estou certa! - Provocou com um sorriso sagaz.

- Que brincadeira é essa? - Indagou Matt.

- Quer ouvir?!

- Faça as honras! estou ansioso por ouvi-la - Caçoou.

Janny terminou de remover o gesso e o colocou no chão ao lado do banco. Seu braço pálido parecia normal, apesar do frio que sentia em contato com o ambiente e o leve desconforto ao movimentar o punho.

- O primeiro e mais óbvio de todos é que você tem medo de perder a sua filha, e isso faz todo o sentido, já que ela é a lembrança viva do amor entre você e sua falecida mulher, também é sem duvidas a pessoa que você mais ama nesse mundo. Estou certa?

Matt permanece em silêncio.
Por mais que a trata-se, de certa forma, mal, ou péssima como não queria confessar, ele a amava, um amor pouco compreendido, até mesmo por ele. Perder sua esposa foi um marco que por mais que tentasse esquecer, não conseguia, depois disso, Matt se fechou para o mundo.

Matt já foi um homem gentil, honesto e humilde, mesmo que odiasse a própria família.

O mundo real se afastava da sua visão, tudo girava a sua frente, a voz de Janny já não era tão nítida aos seus ouvidos. O quarto, a prateleira de livros, tudo se distanciava, seu corpo se movia entre pilares de quartzo de uma bela construção rústica e antiga. A paisagem encantava a sua visão, um monumento antigo na cidade de Roma, ruínas do que fora antes um templo, ou seja lá oque tenha sido. Árvores verde vívido traziam o vento arejado e refrescante daquela manhã. Um pouco mais a frente, com uma câmera fotográfica na mão, tirando fotos de algumas crianças que se divertiam sem escrúpulos em meio às ruinas, estava a bela mulher, a mulher mais linda e incrível do mundo, cabelos ruivos naturais que se espalhavam com o vento, olhos azuis reluzentes que refletiam a luz daquela manhã, acompanhados de um sorriso da mais pura alegria que existia no mundo. O vestido vermelho combinava com seu cabelo e por mais que discreto, dava para notar que estava grávida.

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