Capitulo 3 - Cicatrizes

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Merda!, tudo ficara escuro e não se ouvia mais nada, começou a andar as cegas para os lados, a mão estendida à frente, tateando o caminho, seu coração acelerava só de imaginar o que podia estar a sua espera, seja lá o que for, com certeza tá querendo me ver morto, pensava ele. E esse barulho? Será que Janny... Será que ela foi baleada por não deixar entrarem?

Buscava algum objeto para se defender, sua mão direita procurava atentamente na parede, em poucos instantes sentiu estar tocando na pequena prateleira de livros, mas antes que pudesse pegar algum deles pra se defender ouviu a porta se abrir subitamente, passos soavam a menos de dois metros dele, agarrou um dos livros na mão e ergueu-o em direção a suposta pessoa que queria sua morte, atacou-a com um golpe forte mas não acertou em nada, sentiu a costura do seu ferimento frouxar e uma dor imensa tomar conta do seu abdômen, em um ato de sobrevivência tentou desferir outro golpe, mas dessa vez foi demais para ele, gritou profundamente de dor e tonto, por pouco não caiu no chão... Alguém o segurou para que não caísse.

As luzes se acenderam novamente, Janny estava ao seu lado segurando-o com seus braços sobre o ombro dela, sem entender o que estava acontecendo caminhou junto com ela até a cama e sentou-se com o livro ainda na mão:

- Não sabia que gostava de ler livros! - disse Janny tentando tirar a tensão do rosto de Matt.

Matt olha pra o livro em sua mão e lê sua capa em silêncio: "O Último Adeus de Sherlock Holmes, Sir. Arthur Conan Doile".

- É uma história incrível... e triste. - Acrescentou Janny

- O que foi aquilo? - Interferiu Matt exigindo uma explicação.

- Aquilo? - Perguntou Janny sem entender

- Oque foi tudo isso que aconteceu aqui? - Olhando nos olhos dela.

- Ah! Não foi nada demais... Apenas um dos geradores da casa que queimou...

- E os passos que eu ouvi? Não foram passos? - Indagou sem acreditar no que ela disse

- Você tem ótimos ouvidos em!?... Sim, eram passos, meus na verdade... Eu estava vindo pra cá trazer sua comida, então quando estava na porta o gerador 1 queimou explodindo um dos pistões de energia... Como ele fica no sótão rapidamente eu subi para ver o estrago, percebi que o gerador 2 estava intacto mas que estava desligado, foi então que entrei aqui pra ligar ele - Disse isso apontando o indicador pra um painel cheio de botões no canto esquerdo da parede, próximo a prateleira de livros.

- E aí eu tentei te atacar com esse livro e você me segurou?! - Acrescentou Matt com seriedade.

- Sim. - Confirmou Janny - Até que você não é tão burro quanto eu pensei... Pensando bem, você é sim! Eu não te disse que não era pra se levantar? E ainda tentar me atacar com um livro? Se você tivesse amassado sequer uma folha desse livro eu matava você!

- A, não me enche...

- Eu tô falando sério... Agora deita aqui na cama pra eu poder ver seu ferimento, parece que a costura se rompeu...

Contra a sua vontade mas ainda sentindo muita dor Matt deita na cama e apoia o livro do seu lado direito.

- Isso aí, bom garoto... - Caçoou ela enquanto puxava um pequeno banco de baixo da cama.

- Dá pra parar isso?

- Você tem um ótimo mal humor sabia?! Não te disseram isso antes não? - Disse ela se ajeitando no banco.

Matt não responde.

- É, de fato a costura se rompeu!... Não era pra ter se rompido, eu fiz tudo perfeitamente! - Disse ela examinado a costura.

- Parece que a senhorita "sabe tudo" não é tão "sabe tudo" assim! - Zombou Matt.

- Oque?! Você enlouqueceu?! - Respondeu Janny indignada - Isso só está assim porque VOCÊ não cumpriu as minhas ordens! - Puxa a ponta da linha da costura.

- Ai!... agora a culpa é minha?

- Sim!... Agora fica quieto pra eu poder ajeitar a besteira que você fez! - puxa uma maleta de baixo da cama e tira dela uma agulha de costura médica.

- Você sabe o que está fazendo? - Perguntou Matt assustado ao ver a agulha.

- Claro que sei! - Responde Janny confiante.

- E à anestesia? Não tem?!

- Pra ajeitar uma costura? Não.

Matt não gostou nem um pouco do que ouviu, mas pra dor que ele já tinha sentido antes, isso não passaria de cócegas. Tentou não olhar pra o que Janny estava fazendo, mas não conseguiu. Janny puxava a ponta da linha pra fechar o ferimento.

- Ai!... você não consegue fazer isso sem doer tanto? - Perguntou ele.

- Calado!... Tô quase terminando...

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