Capítulo 17 - No Escuro

11 2 0
                                    

- Quem tá ai? - A voz trovejante e inconfundível do vigilante soou a dois passos do trio.

Em silêncio absoluto, Matt e a dupla recuaram para longe da voz. Era impossível enxergar alguma coisa, menos para Matt... Pelo visto o treinamento serviu pra alguma coisa. Estava nervoso demais, e isso atrapalhava seus outros sentidos... Com o esforço de quem carregava um poste nas costas conseguiu ouvir os passos do policial, estava um metro a sua direita, ouviu a respiração ofegante passar ao seu lado e seguir rumo ao corredor principal. Puxou Scott e Alfred lentamente rumo a porta de metal que separava o corredor do pátio:

- Arion... Abre a porta! - Pegou o rádio na mão.

- "Eu não sei como é que faz isso!" - Reclamou olhando todos os comandos.

- Passaggio!... Procura esse comando! - Sussurrou o mais audível que pode.

- "Não tem nenhum com esse nome!"

Matt sentiu ser ferozmente puxado pelo ombro, seguido de um golpe duro e dolorido no rosto que o fez cair. O rádio que estava em sua mão rolou pelo chão produzindo um um som agudo e ensurdecedor em ambos os lados da linha.





O ruído agudo e mortal disparou o coração de Arion, sentia o convite do inferno chegar como um e-mail pelos dutos no teto... As comportas se abriram sobre sua cabeça com uma velocidade satânica, ativadas pelo sensor de ruído, Arion sentia o oxigênio se esvair rapidamente, tão rápido que não pode guardar muito pra si no pulmão.


Deitou sobre o teclado tentando morrer da melhor maneira possível, ainda podia aguentar alguns minutos, mas se saisse da sala agora, todos morreriam de qualquer forma... Acendeu as luzes novamente enquanto assistia a luta ser anunciada pela tela à direita.





Com as luzes acesas, Scott saltou sobre o gigante tentando imobilizar seu braço direito, mas em vão, sem muito esforço, o vigilante arremessou Scott no chão e partiu para Alfred... Por trás do medroso Alfred estava um chinês tradicional, conhecedor das artes mais nobres do oriente, sem outra opção a não ser atacar, Alfred desviou de um cruzado monstruoso segurando seu soco e golpeando-o com um murro na garganta.

Matt alcançou o rádio com a mão:

- Arion, abre a porta!... Arion!?

Arion tentava a qualquer custo abrir a porta, seu estoque de oxigênio estava acabando, seu peito doía ao mesmo tempo que sentia um vazio mortal.

- Arion? - Matt sabia que o pior tinha acontecido, Arion estava morrendo sugado pelos dutos.

O vigilante rugia como um leão preso na jaula de um circo, tentava a qualquer custo atingir Alfred, mas no quesito "desviar", Alfred era o melhor... Alfred tentava revidar com socos e chutes mas nada fazia o vigia parar.


As portas enormes se abrem como as de um elevador mostrando a noite precoce causada pelo clima nublado de dezembro, o vento frio invadiu o corredor se misturando com o som dos socos e trovejos que Alfred e o vigia produziam.

Alfred aproveitou o desequilíbrio do policial e saltou sobre seu peito com os dois pés, fazendo-o cair violentamente no chão... Alfred levantou-se rapidamente e tentou um chute no rosto do policial mas este segurou sua perna, desferiu um soco destrutivo em seu abdômen e levantando-se atingiu seu rosto com o mais forte dos socos que podia dar... Quase desmaiando e agora acidentalmente de costas para o vigilante, Alfred foi agarrado pelo pescoço, o vigia forçava o antebraço a ponto de estrangular o chinês.

Scott agarrou o cassetete caído no chão e com um grito de ódio e raiva atingiu a nuca do soldado que caiu desacordado imediatamente.

Alfred ajoelhou-se, o rosto vermelho e o olhar cansado mostrava o quão perto da morte havia chegado... O som agudo do vento batendo entre as paredes lembravam-lhes oque tinham que fazer.

- Scott! - Matt se levantou com o rádio na mão - Vá atrás do Arion! Ele precisa de você!

- Sim, senhor! Mas e vocês?

- Nós sabemos nos cuidar! Agora, VAI!

Scott correu pelo corredor enquanto Matt ajudou Alfred a se levantar.





Arion forçava respiração quase desmaiado sobre a escrivaninha, batia desesperadamente em seu peito em busca do mais ínfimo oxigênio mas de nada adiantava... Sentia sua alma desgrudar do corpo de forma lenta e dolorosa enquanto seu coração acelerava mais do que qualquer humano aguentaria...


Sem Limites 1Onde histórias criam vida. Descubra agora