Capítulo VII

11 2 0
                                    

Hora de acordar,olhei pela fresta da cortina, o dia estava lindo, levantei devagar da cama, pra não acordar Carolinne,fui até a sacada, hesitei em abri-la, logo me vem a cabeça aquele homem me observando.

Parei por alguns minutos,respirei fundo,não vou deixar que ele mude meu cotidiano.

Abrir a sacada, o dia lindo,o sol reluzente, sem uma nuvem no céu, as árvores com suas floradas convidam os pássaros a cantar.

Este é o momento do dia que mais amo, acordar e ver pela minha sacada a beleza de Colmar, o vai e vem das pessoas, o encanto da natureza, tudo isso alimenta meu espírito e alma.

Por um momento veio a realidade,meus olhos percorriam toda a área a observar se o homem estava por ali a me espreitar.

Que alívio não deparar com aqueles olhos frios.

Hora de começar a acordar o povo,mas primeiro vou fazer um café.

Quando tudo já estava pronto,mesa colocada para três, resolvi acordar os dorminhocos.

Parei em frente ao sofá, fiquei por alguns minutos observando aquele homem, quando senti suas mãos me puxarem,levei um susto, gritei ao cair sobre seu corpo, ele começou a fazer cócegas em mim.

Carolinne acordou assustada, veio correndo ao meu encontro, com os olhos arregalados chega esbaforida na sala, qdo depara com a cena,sai retrucando:

- vocês querem me matar de susto,parecem duas crianças hiperativas, sempre aprontando.

Caímos todos na gargalhada.

- Não tem nada pra comer nesta casa,retrucou Peter, morrendo de fome.
- Já está na mesa e vcs agilizam que não quero chegar atrasada ao trabalho, né Carolinne?

- Começou a reclamação da carona meu Deus,retrucou Carolinne .

- Reclamação da carona não sua ingrata, reclamação da sua demora em arrumar, que me faz atrasar.

Na mesa do café o assunto já havia mudado, voltado para aquele homem que sua função agora é me aterrorizar.

Peter levantou da mesa para atender o celular, era seu amigo o convocando para participar do caso e marcando meu horário para o interrogatório,ele grita da sala:

- Jenefer o horário de dez horas está tranquilo pra ir a delegacia?

- Sim,pode marcar,estarei lá.
Desci para pegar o carro no estacionamento,Peter foi comigo, como sempre a bendita da Carolinne ainda não desceu.

Quando aproximei perto do carro vi que havia um envelope em cima do capô.

Peter e eu nós olhamos,ele pegou na minha mão quando viu que eu paralisei.

- Vamos menina, não deixe ele te intimidar, estou contigo.

- Quer que eu pegue ou você quer pegar?

- Melhor você!

Ele abriu a maleta,tirando de lá uma luva de vinil e uma sacola plástica.

O envelope era grande,estava pesado, com um bilhete escrito de vermelho.

Meu Deus o vermelho era a cor
preferida daquele louco, psicopata.

Peter abriu devagar o pacote,tirou de lá o bilhete e algumas fotos.

Ele estava presente em em todo o momento, havia foto minha da noite passada, a hora que senti que havia alguém entre os arbustos, ele estava lá me fotografando.

Tinha foto com Peter quando se aproximou da janela, eu no almoço com Carolinne, eu conversando com o senhor Jean no estacionamento,eu na loja com minhas funcionárias.

Este homem estava me seguindo o tempo todo, estava obcecado por mim, o que ele queria, qual era seu objetivo, minha cabeça estava a mil por hora, odiava aquele jogo de gato e rato.

Meus pensamentos foram interrompidos quando escuto a voz de Peter:

- Vai querer saber o que está escrito no bilhete?

Antes que eu consiga responder, escuto uma voz que vem ao meu encontro:

- Que bilhete, que aconteceu que estão assustados, também posso saber?

Vem de lá Caroline, resmungando.

- Leia Peter.

Ele suspirou fundo, começou a ler em voz baixa:

- Não poderia ser só você, tinha que envolver outras pessoas?

Sua hora está findando.
Tic.. tac...tic...tac...

Eu fiquei enfurecida, como assim envolver outras pessoas,como está chegando meu fim, este homem é louco?

Peter me abraçou,tentando aquietar meu nervosismo.

- Calma Jeneffer, você está lidando com um psicopata, na cabeça doentia dele você já falou sobre ele pra todas as pessoas que estão ao seu redor.

Olhei para Carolinne, por um momento esqueci dela, lá estava ela paralisada, com seu olhar fixo em mim,com o medo estampado na cara.
Eu a abracei apertando-a, ela simplesmente murmurou:

- Ele vai nos matar?

- Não amiga, ele só está querendo me assustar, mas se ele quer guerra terá guerra.

Meu coração cortou ao ver a situação que ficou minha amiga, desde quando seus pais foram assaltados e assassinados na frente dela quando criança, ela desenvolveu um pânico muito grande,tem medo de tudo e todos.

Entramos no carro, o silêncio reinou, deixei Peter em frente o seu apartamento,pois queria trocar a camisa, mas pediu que o esperasse iria com a gente para passar segurança.

Ele foi rápido, voltamos pra estrada, deixei Carolinne em seu trabalho,Peter pediu a ela que não fosse pra casa sozinha, nem de ônibus,devido o ponto ser longe do apartamento, ela simplesmente balançou a cabeça concordando, a esperei entrar antes de dar a partida.

Deixei Peter na delegacia, tive que escutar mil recomendações e concordar com todas.

Ao avistar o souvenir vi que as meninas já estavam na porta esperando junto com um cliente, diante toda a situação vou ter que fazer uma cópia da chave e deixar uma responsável a abrir.

Resolvi estacionar o carro na rua,não iria ao estacionamento sozinha, seguindo as recomendações de Peter.

- Bom dia meninas!

- Bom dia patroa, responderam as duas.

- Bom dia Sr Dardeno, o que o trás tão cedo ao souvenir?

Não vai me dizer que é mais um aniversário dos netos?

- Sim e sabe que René só gosta de presente do seu souvenir.

- E aproveita que além dos brinquedos, temos em pote o Cheescake de quetsch que ele adora.

- Qual é este cheescake Jenefer?

- É aquele feito com a fruta da família da ameixa típica da nossa região (Alsácia).

Tem também o potinho cheio de Mirabelle que que ele ama.

- Se for olhar você, vou levar o souvenir ,pois sabe todos os gostos de René, retrucou Jean.

Ambos sorriram e era verdade, pois René quando está no avó não sai do souvenir ou quando não vem, faz pedido pelo whatsapp.

Anne foi atender o Sr Dardeno que acatou todas as dicas de Jenefer.

O entre e sai do souvenir estava intenso que não percebi que se aproximava das dez horas.

Os olhos que me ObservavamOnde histórias criam vida. Descubra agora