Capítulo I

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Socorro...socorro...soou uma voz no obscuro da madrugada fria.

Acordei assustada,não sabia se era um sonho ou realidade.

Pulei da cama amedrontada, abri a porta da sacada,não vi ninguém.

Aliás vi um vulto de um homem,seria normal ou algo suspeito?

Resolvi voltar pra cama ,apesar do sono ter dispersado.

Meu celular tocou,mas como estava
distante resolvi ignorar.

Se for importante a pessoa vai insistir.

De repente toca.

-Alô

- Jenefer, sou eu, Carolinne,

- o que vc deseja a esta hora menina?

- você escutou estes gritos de socorro?

-Sim,pensei que havia sonhado,mas se vc também escutou.

- O que poderá ser?

- Abri a sacada e vi somente um vulto,parecia um homem alto.

- Louca, imagina se fosse um assassino, teria lhe visto.

- Para de paranóia menina!

- Estou com medo,retrucou Carolinne.

- Vai dormir,não aconteceu nada.

Jeniffer desligou o celular, tentando acreditar que realmente não havia acontecido nada,mas aqueles gritos era de dor e terror.

Fui a cozinha pra beber água, dei de cara com o Inferno pulando a janela.

- Que susto Inferno!
Inferno é meu gato, quando o adotei, ele adorava ficar rodeando meu pai, ele que sempre odiou gato gritava o dia todo:

-"Sai inferno"!

Acabou pegando o nome,pois ele atendia somente quando o chamava de Inferno.

Todas as noites deixo a janela da cozinha aberta, pois inferno adora passear pela madrugada a fora, moro no segundo andar,posso me dar o luxo de deixar a janela aberta, assim ele entrar e sai a hora que bem entender.

Inferno rodou em volta das minhas pernas, quando age desta forma é para pedir comida.

Ofereci um carinho e logo em seguida seu pratinho de ração.

Voltei pra cama, o tempo passa rápido,no outro dia teria que trabalhar.

É manhã em Colmar, o dia está maravilhoso,sol reluzente sobre as árvores floridas mostra o encanto e o charme de Colmar na primavera.

Adoro levantar um pouco mais cedo, abrir a sacada da varanda e observar o encanto do dia.

A vista da minha sacada é esplêndida, consigo observar de longe La petite Venise, tem um ar de romantismo por lembrar Veneza, alguns canais rodeados de casas charmosa que se torna irresistível na primavera.

Seus canais refletem os coloridos e a arquitetura alemã estampada nas casas e tudo ganha um toque mágico com as flores.

Os turistas adoram caminhar por suas ruelas e passear de barco sobre seus canais, é uma experiência marcante.

Distraída admirando o dia, meu olhar percorrendo a cidade enquanto bebia uma xícara de café, quando me deparo com um olhar frio e distante.

Um homem encostado em uma árvore a me observar,meu coração acelerou,um calafrio na alma, quando fixei meu olhar nele, ele desaparece de repente.

Aquele olhar me incomodou,
aquela sensação de calafrio na alma e coração acelerado foi a mesma de ontem ao escutar aqueles gritos de socorro.

Será que é meu sexto sentido me alertando por cuidado?

Meus pensamentos foram interrompidos com o barulho do celular.

_ Alô!

_ Jenifer,sou eu,Caroline

Caroline é minha melhor amiga, nos conhecemos no maternal e nossa amizade resistiu ao tempo, depois que meus pais morreram em um acidente de carro, ficamos mais próximas, tão próximas que moramos no mesmo prédio.

- Diga menina, o que deseja?

- Tem como me dar carona até o trabalho?

- De novo sua moto com defeito?

- Acertou amiga,vai me dar carona ou não?

- Desce sua chata,perguntei por perguntar,fico preocupada quando não está de moto, desce naquele ponto deserto de ônibus e vem a pé sem me avisar.

- promete que vai telefonar pro Antone pegar e consertar esta moto
ainda hoje?

-Prometo,retrucou Carolinne

Desligamos o celular,era preciso acelerar,pois já estávamos atrasadas.

Como sempre tenho que ficar no carro a buzinar para Carolinne descer, ela leva horas pra se arrumar, parece estar indo a uma festa.

Depois de perder a paciência esperando, desce ela toda pronta e maravilhosa, cabelo loiro esvoaçante, batom vermelho, olhos bem maquiados realçando aquela cor esverdeada, um salto alto que realmente não entendo como ela consegue equilibrar durante todo o dia.

Enquanto eu, de coque,sem maquiagem,calça jeans e camiseta regata.

Veio pra me humilhar ou está indo a uma festa menina?

- Você decide amiga maravilhosa, já te disse que tem que ser vaidosa, vai que encontro o homem da minha vida pelas ruas de Colmar(França).

As duas riram, mudaram de assunto naquele momento,não quis comentar sobre o homem a me observar,pois Carolinne tem medo de tudo e todos.

A deixei no trabalho e acelerei para não chegar atrasada.

Não gosto de me atrasar, apesar de ser a dona, meu pai me deixou a loja de souvenir na Rua des Marchards e sempre me ensinou pontualidade é o exemplo aos funcionários.

Quem já visitou colmar, conhece bem a Rua des Marchards é um ponto turístico,com suas casas em estilo enxaimel coloridas, variadas lojas como de comida local, lembranças, restaurantes, salões de chá.

Meu souvenir, meu orgulho, é uma das casas mais antiga da rua De Marchards ,ela foi herdada, passada de geração a geração, tem um estilo enxaimel, secular, herdado do meu tataravô que era alemão.

Os olhos que me ObservavamOnde histórias criam vida. Descubra agora