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MICHAEL G. CLIFFORD

  Eu estou usando um terno. E uma gravata. Ruby insistiu que eu usasse. Ela está linda com um vestido vermelho sangue colado ao corpo, sua pele é pálida e ela parece uma vampira, com os lábios também vermelhos, como a Bella em crepúsculo quando era uma recém transformada. A seda do vestido agarra todo o contorno de seu corpo, ela sabe o quão atraente é, mas mesmo assim usa saltos agulha pretos para potencializar todo o seu poder de sedução, ela é o diabo.

   E hoje é nosso primeiro encontro, oficial.

   Estou oficialmente tendo meu primeiro encontro com o diabo.

   É claro que ela iria querer o restaurante mais caro da cidade, Ruby Jordan é extremamente mandona, não um mandona reconfortante como Italy Turner, meio charmosa como Jackie Burkhart em That '70s Show, mas sim um mandona exigente e mimada, como Sharpay Evans em High School Musical 2 guiando Troy pelo canpo de golfe o que me irrita um pouco. Pareço uma marionete.

Uma marionete de terno de gravata vermelho, porque nós precisávamos combinar.

— A comida daqui é simplesmente divina, Michael. – Ah, outra coisa. Ela se recusa a me chamar de Mike, afinal julga ser um apelido muito infantil. Talvez ela seja um pouco Jackie Burkhart. Suas mãos tem uma pulseira cara de uma marca famosa e anéis pequenos, provavelmente também caros. Consigo observar quando ela segura meus dedos gelados por cima do forro branco da mesa. Lembro que Crystal tinha uma pulseira assim.

— É, então, como tá a faculdade? – Sorrio e tento puxar conversa com a minha possível futura namorada. — Você faz belas artes, certo?

— Sim. – Ela sorri e apoia uma das mãos no pescoço. Como Italy faz quando está cansada e precisa respirar. — Na verdade eu estou quase me formando, meu pai tem uma galeria e eu gosto de arte.

— Isso é legal! – Eu não entendo nada sobre arte, mas Ruby parece animada em falar sobre. — Você quer trabalhar com isso?

— Na verdade sim. – Ela sorri. Seu sorriso parece tanto com o de Crystal e eu não lembro disso com saudosismo. Ela não vai fundo na conversa. Não me conta sobre suas paixões e inspirações e eu não sei como caralhos fazer uma conversa render com ela.

— E você gosta de música?

   Eu tento. Preciso tentar. Seus olhos brilham e ela abre um sorriso iluminado, seu sorriso parece nunca sair do rosto, como o de Crystal. Ela não tem as ruguinhas de raiva por franzir o olho como Italy e seus olhos são grandes ao contrário dos de Italy que são pequenos, fechados e estão sempre brilhando, como se realmente tivesse uma alma dentro. Italy Turner trancede através de seus olhos, mas em Ruby Jordan apenas enxergo meu reflexo bagunçado e minha gravata vermelha. Vermelha vibrante.

— Sim, na verdade eu gosto bastante da sua banda, sabe? – Joga o cabelo para o lado. — Minha música favorita é aquela, She looks so perfect.

Caralho.

— Que bom que você gosta. – Minha mandíbula nunca esteve tão travada e tenho que esfregar os olhos para evitar adormecer no meio do diálogo.

   Ruby continua a dissertar sobre músicas, a maioria são hits pop chicletes que gruda na sua cabeça após você escutar uma vez, mas falar não é a única coisa que minha acompanhante faz. Por debaixo da mesa do restaurante caro que ela escolheu, a ponta de seu salto sobe pelas minhas pernas chegando até meu joelho. Isso era suposto me deixar excitado? Não funciona. Eu fico apenas desconfortável e tento retirar seu pé de minha calça, o que não funciona, porque ela continua.

take you out • mgcOnde histórias criam vida. Descubra agora