19 | i want him to take me out

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ITALY M. TURNER

  Estou há vinte e cinco dias sobrevivendo de água e o almoço que vovó se recusa a me deixar pular, me sinto quebrada. Como se Michael tivesse arrancado de mim a peça que faz meu corpo funcionar corretamente e receber estímulos racionais. Eu me considero uma pessoa racional, normalmente é fácil pra mim tomar decisões e seguir com minha vida sem um coração quebrado. Não que eu não seja emotiva, sou. Me apaixono muito, me apaixono pelas pessoas as quais eu deveria me apaixonar. Como arquitetos, dj's, advogados e qualquer homem que não interfira no meu trabalho, o trabalho que eu lutei muito para conseguir.

   Mas aqui estou eu: desempregada, sozinha, com o rosto inchado de tanto chorar relendo o e-mail de Michael e completamente apaixonada. Meu lado racional implora para que eu desça ate a cozinha, como algo e interaja com minha família, enquanto meu lado apaixonada marca os dias no calendário até que Michael apareça na entrada da fazenda. Faltam exatos seis dias.

  No papel tudo parece simples. Duas pessoas solteiras, livres e apaixonadas ficam juntas. Mas a realidade é tão mais cruel e assustadora, o amor o quão vou ser submetida pode estar repleto de incertezas, que no momento me considero frágil demais para suportar. Eu o amo tanto. Amo tanto que dói e me sufoco com meu próprio choro pensando nas variáveis de como isso irá terminar. Eu escrevo algumas musicas sobre como me sinto, mas nada alivia o vazio do meu peito vazio e saudoso. Me sinto patética.

— Italy. – Meu pai aparece na porta do quarto e eu enxugo meus olhos vermelhos antes de olhar para ele. — Já deu, o que tá acontecendo?

  Eu sempre fui uma fã da teoria de que você nunca deve perguntar a alguém o porquê de ela estar chorando, porque então ela irá começar a chorar ainda mais forte e nunca mais vai parar. É o que acontece comigo e por um momento eu penso que nunca mais irei parar de chorar. Será que essa foi a minha última chance no amor? A única vez que pareceu real é a que parece mais impossível? Por que não consegui me contentar com Gregory e seu peitoral perfeito? ele era legal, engraçado e o sexo era 8/10. Mas ele não era Michael Clifford, como eu odeio meu subconsciente às vezes.

  Brandon, Tom, Joshua, Kyle, Gregory. Todos caras incríveis que não conseguiram/ conseguiriam lidar comigo e minha personalidade por tempo demais. Com Michael por outro lado, parecia certo. Porém todos nós temos bagagens, algumas são mais difíceis de carregar que as outras.

  Sempre achei que qualquer tipo de força controladora do universo teria separado um final feliz pra mim, ao lado de alguém que eu ame e todo o clichê que envolve o amor, mas depois de anos, depois vários términos, essa é a primeira vez que sinto que o amor não tem lugar para mim. Que estraguei todas as chances que eu tive com caras que não me queriam do fundo de seus corações, que apostei todas as minhas fichas e agora não tenho mais como jogar. Que quando Michael Clifford aparecer por aquela porta ele irá ver o quão quebrada eu sou e desistirá de mim.

— O que está acontecendo, filha? – Papai repete a pergunta, me sinto mal por ele. Seus olhos esverdeados e caídos estão presos no meu enquanto ele afaga a mão calejada em meu ombro. Coloco minha cabeça em seu colo e conto tudo.

  Desde quando encontrei um Michael Clifford bêbado em um bar country de LA, quando beijei ele pela primeira vez e como minha barriga virava um zoológico quando ele se aproximava. Contei de todos os encontros, de Gregory, da demissão e do medo de nunca achar alguém que vá me amar por tudo que sou.

— Eu te amo por tudo que você é, Taly. Vovó, te ama. Vovô é obcecado por você. Mamãe amava mais você do que tudo no mundo. Sinceramente, esse Michael parece te amar muito, Italy. –  Ele faz carinho no meu cabelo. Como costumava fazer quando algo me chateava na infância. Minhas lágrimas molham sua calça jeans, mas papai não liga. — Eu amava muito sua mãe, Italy. Eu sei que você acha que eu sou um cara triste, mas não sou. Apesar de amar ela com todo meu ser. – Suas palavras me lembram as ditas no e-mail de Michael e meu choro se intensifica. — Você é o verdadeiro amor da minha vida, filha. Eu fico feliz sabendo que você está bem e te ver assim me consome, você é minha filha, eu deveria te proteger e não ficar parado sem saber o que fazer vendo você sofrer.

take you out • mgcOnde histórias criam vida. Descubra agora