Ato 02.

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Alice estava horrorizada com a cena diante de si. Desde que chegara em Raccoon alguns meses antes fizera amizade com um sujeito chamado Robert Kendo. O velho era um ex-militar e comerciante de armas local e tinha grande amizade com um dos membros do grupo de militares que havia se instalado na cidade, os S.T.A.R.S., chamado Barry Burton. Para ela, estar próxima de pessoas como os membros dos S.T.A.R.S. era algo muito conveniente. O que ela via diante de si naquele momento não era o homem que conhecera e sim os vestígios do que ele fora. A loja do mesmo estava destruída, a vidraça havia sido quebrada, aparentemente forçada pelo lado de fora para dentro. Haviam vários cadáveres junto do corpo sem vida de Kendo, mas estavam em estado avançado de decomposição, na certa eram pessoas que haviam falecido bem antes e reanimadas com o vírus experimental que tinha sido espalhado pela cidade. Além disso, todos os corpos, assim como o do próprio Kendo estavam com perfurações de tiros na cabeça, sinal de que todos tinham sido eliminados por alguém que sabia o que estava fazendo. A loja já havia sido saqueada, Kendo era conhecido na cidade por fazer armas personalizadas para seus clientes, a própria Alice já havia encomendado uma Samurai Edge, versão custom da pistola M92F, a preferida entre os membros dos S.T.A.R.S. e também entre os policiais locais. Infelizmente ela não veria mais essa arma. Por sorte em sua caminhada até ali ela encontrara duas viaturas policiais e três corpos, conseguindo assim uma escopeta e duas outras pistolas carregadas. Infelizmente munição ainda era um problema.

Felizmente a mulher já havia resolvido seu problema mais urgente até aquele momento: calcinhas limpas! Estivera totalmente incomodada desde que acordara no hospital cerca de uma hora atrás completamente nua. Vestira uma troca de uniforme policial que encontrara em uma viatura bem em frente ao hospital, mas sem roupas de baixo e ainda que não tivesse encontrado ninguém pelas ruas completamente devastadas desde que acordara, caminhar com roupas desconfortáveis continuava sendo um grande problema. Para sua sorte dirigira-se logo de imediato para uma loja de artigos femininos não muito longe que conhecia. Tudo estava intacto, todos haviam apenas fugido e era incrível que ninguém pensasse em levar boas roupas consigo, todas as lojas ao redor haviam sido saqueadas, mas não aquela. E naquele momento ela tinha o prazer de usar as deliciosas calcinhas de algodão cor de salmão. A loja de Kendo ainda lhe fora de grande utilidade, pois apanhara um calça de caçador deixada para trás, colete com bolsos para munições se as encontrasse e dois coldres de coxas, dois coldres de tórax e um de costas. Não tinha tudo aquilo de armas, mas poderia encontrá-las pelo caminho e as coisas não iam ficar calmas daquela forma para sempre. Mal sabia ela o quanto tinha razão.

A criatura caminhava a passos lentos em meio aos destroços. Logo que a infecção começara a se espelhar as pessoas pensavam apenas em uma coisa: fugir. Foram poucos os que pensaram em ficar, em se proteger, proteger suas casas, seus negócios e aqueles a quem amavam, poucos os que pensaram em combater o perigo. A única coisa que se ouvia eram os gritos que diziam “os mortos estão se levantando”. Jornais locais imprimiram as notícias e quase distribuíram suas edições de graça apenas pelo furo jornalístico. Emissoras de tv e rádio também tentaram entrar no jogo. Todos sabiam o que acontecia e era bem simples. Uma pessoa infectada atacava outra pessoa sadia da forma mais agressiva e cruel que poderiam imaginar, mordendo. O objetivo era destroçar a carne das vítimas para se alimentarem. As vítimas por sua vez, ao morrerem permaneciam em estado de pós-morte por pouco tempo, pois logo eles mesmos acordavam das trevas e partiam para realizar o mesmo que havia sido feito com eles. Esses monstros zumbis que só pensavam em se alimentar dos vivos eram muito fortes, suas mentes não eram limitadas pelos medos humanos, eles agarravam com força e não tinham limites para cumprir com o único objetivo que tinham. E o pior era o fato de que eles não sentiam dor. De alguma forma seu sistema nervoso central estava completamente desligado, mesmo vários tiros eram incapazes de pará-los. Era desse terror que as pessoas estavam fugindo. Mas o que poucos sabiam era que esses monstros eram o menor problema para aqueles que realmente desejavam sobreviver ao incidente na cidade.

Resident Evil: Wonderland ProjectOnde histórias criam vida. Descubra agora