Ato 07 (final).

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A cada minuto Raccoon estava mais próxima do iminente fim. As ruas finalmente haviam tomado a forma de holocausto, não havia nenhum traço da pacata e próspera cidade que um dia fora. Haviam veículos batidos por toda parte, sinais de explosões, casas e prédios queimando, mortos caminhando em cada beco, em cada sombra. A fumaça e a poeira tornavam a respiração difícil, assim como a visão. Por toda parte ouvia-se o som de tiros e de gritos das novas vítimas dos zumbis. Não haviam policiais, no entanto, diversos soldados eram vistos correndo ao longe, com os mais variados tipos de uniformes. Alice reconhecera dois ou três dos trajes característicos utilizados por forças da Corporação Umbrella, mas desde sua aproximação com o time da U.S.S. não encontrara-se de perto com nenhum outro.

Um grande problema eram os civis que haviam sobrevivido até aquele momento na cidade. Alguns não pretendiam fugir para o mais longe que pudessem. Ignorantes de qualquer ação que a empresa fosse tomar em breve, os mesmo estavam defendendo suas casas e seus negócios com unhas de dentes, além, claro, de todo tipo de armas de fogo. Mal sabiam eles que por mais que resistissem, o fato de permanecerem ali significava que já estavam todos mortos. Alice fora abordada por um grupo de seis homens no caminho para o escritório central da Umbrella. Todos estavam trajando roupas de caçador e usavam rifles que provavelmente haviam furtado em alguma loja de armas, da mesma forma que o restante dos acessórios. O líder, como parecia, disseram para ela entregar tudo que tinha e os outros ainda fizeram as piadinhas características das “utilidades” que ela poderia ter sendo uma mulher tão bonita e que poderia ser poupada se lhes fosse “útil”. Todos foram executados em menos de dez segundos. Existia uma grande diferença na precisão e reação de civis e de um Agente de Segurança de Nível 5 da corporação e Alice havia sido um desses agentes. Não havia mais tempo para dialogar.

Quando finalmente vira a grande fachada com o logotipo e as letras brancas em relevo na parede de mármore grafite Alice suspirara aliviada. Naquele lugar com certeza haveria uma salvação e ela a teria nem que para isso precisasse exterminar cada membro da Umbrella que tivesse tido a mesma ideia de fugir por ali. Entretanto, as coisas eram mais complicadas do que ela presumira, o interior do prédio estava tomado por funcionários da Umbrella e outros civis, mas estavam todos mortos. O maior problema era que não estavam caídos ao descanso eterno, estavam caminhando mais “vivos” do que nunca e extremamente famintos. A mulher já havia entendido há algum tempo que bastava “desconectar” a cabeça do restante do corpo para que aqueles monstros caíssem, mas para isso era preciso uma grande aproximação, não era possível quebrar o pescoço de alguém de muito longe. Usando de um bastão de beisebol a mulher partia um crânio atrás do outro ao meio. Poupar munição era uma grande ideia, principalmente porque ela já estava com pouca coisa. Mesmo assim, os números pareciam não terminar, havia já uma enorme pilha de criaturas desfalecidas em frente ao prédio e parecia que ainda haviam centenas em seu interior. Alice já se preparava para adentrar de armas em punhos quando o impacto de algo pesado se chocando contra o solo abalara o chão onde ela pisava.

Ao olhar para trás a mulher viu a gigantesca cápsula de contenção liberada do helicóptero que passava. Outro dos monstros em teste da Corporação Umbrella. A porta abriu-se emitindo um barulho chiado pela descompressão e o gigante deu seu primeiro passo. Era uma criatura com aparência humanoide com mais de dois metros de altura, a pele de tão pálida parecia cinzenta como a pedra fria de uma gárgula, tinha a aparência de um desses estivadores carecas e utilizava um sobretudo verde musgo que cobria todo o corpo.

Para piorar ainda mais a situação, um Licker, aquela criatura desprovida de pele e de visão descera escorregando por uma das paredes atrás da mulher. Embora os Lickers não tivessem olhos nem ouvidos, seu cérebro exposto na cabeça captava as mais finas vibrações no ambiente, como um poderoso sistema de radar. Alice arregalou os olhos acreditando que sua fuga terminaria ali. Se não fosse eliminada pelo Licker que acabara de descer da lateral do prédio que ela pretendia invadir certamente ficaria sem munição para confrontar o estranho monstro que saíra da cápsula diante de si. Mas se fosse para morrer naquele momento, o faria lutando. No mesmo instante em que o monstro caíra da parede ao chão Alice empunhara o rifle que carregava, mas não atirara. Não porque não quisera, mas porque o monstro passara por ela rápido demais, saltando de encontro ao outro ser que chegara à cena instantes antes.

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