Anexos: Relato 001 (1/3, 2/3 e 3/3) - Leia estes arquivos primeiro. - Atribuído a 6ª sessão
Boston - 12/02/2020 - 03:35AM.
A todos os interessados d'A Mão.
Escrevo esta carta ainda em estado catatônico com o que acabei de presenciar. Há uma voz na minha cabeça. Uma voz que não conheço, mas que parece querer me destroçar, de dentro pra fora, e nem mesmo todos os meus estudos nos caminhos sinuosos da mente humana podem me dar uma resposta para o que estou vivenciando nesse momento.
E tudo começou hoje cedo, quando decidimos invadir o forte de Alejandro Tadeo Rojo, o traficante internacional que suspeitamos ter sequestrado a pequena Lisa. Descrevo abaixo em detalhes os acontecimentos para que possam avaliar o caso:
Após termos tomado ciência de seu esconderijo, partimos do hotel em cinco operários. Ivan, a fortaleza humana, que já trabalhou comigo em outras missões para a Mão e é um homem em que deposito extrema confiança. Ismo, que prestou um excelente trabalho para a sua primeira missão como a inteligência do grupo, obtendo a maior parte das informações necessárias a continuidade da causa e os dois novatos, Sundjata e Daniel, que atenderam prontamente a nossa convocação de reforços. Yohan, por outro lado, o sírio, despareceu antes que pudéssemos nos aproximar do forte. Sugiro que ele fique sob vigilância dada a atitude suspeita.
O plano era simples. Interromper a iluminação do local, entrar, coletar a garota e sair. O problema é que todo plano tem falhas. E não conhecíamos as nossas.
A viagem foi curta, cerca de meia hora de estrada noturna. Daniel foi de grande auxílio ao nos trazer seu furgão e nos levar até as proximidades. A fachada aparentava uma loja de veículos de luxo, mas suas seis torres nas laterais do complexo mostravam que o que eles escondiam naquele galpão devia ter um valor muito maior do que os carros pomposos na garagem.
Com a benção de Alá, Ismo pôde localizar pelas plantas de elétrica da cidade as fontes de energia que alimentavam a fortaleza. Isso nos possibilitou instalar dispositivos para interromper a iluminação do local. Com o acionamento remoto a partir do celular do garoto, tínhamos controle total da iluminação interna do complexo. E precisaríamos contar com o breve período de tempo até o acionamento de seus geradores.
Ao nos aproximarmos, percebemos que as tais torres (erguidas há cerca de seis metros do solo) possuíam guardas que rotacionavam suas posições em turnos de trinta em trinta minutos. Eles caminhavam por uma muralha de aproximadamente quatro metros de altura, até chegarem a sua respectiva torre. Em frente ao portão de entrada, mais dois guardas estavam posicionados, todos fortemente armados com rifles e pistolas a tira-colo.
Nesse momento, estava óbvio para todos ali: era uma missão suicida. Era tudo ou nada. Com exceção de Ismo, todos ali já tinham vivenciado situações de extrema pressão psicológica, inclusive eu, mas não seria possível deixar a garota nas mãos daquele homem. A polícia estava claramente comprada e não poderíamos esperar por mais auxílio. Precisaríamos contar com o que temos: uns aos outros.
Enquanto os holofotes das torres procuravam por vultos e animais, os guardas falavam aos seus celulares, outros, atiravam para os céus como uma provocação. E lá dentro, era possível sentir que havia algo acontecendo a todo o vapor.
Daniel saiu na frente, encontrando uma brecha entre a rotação dos guardas nas torres e conseguiu se aproximar da muralha. Ele lançou a corda de Ivan, que amarrada a sua carabina, se prendeu no topo da muralha e facilitou sua escalada. Todos nós pudemos ver quando ele tomou posição atrás do indivíduo e o derrubou silenciosamente com uma coronhada na parte traseira do crânio. A nossa maior preocupação foi se os outros guardas veriam o mesmo.
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Protocolo: Mão Negra
ParanormalA Mão Negra é uma organização não militar, não governamental, sem fins lucrativos, com o único intuito de estudar e averiguar o sobrenatural e o oculto. Ela se estende por inúmeros países, e sua principal atividade é a de investigar casos de manifes...