O decorrer da semana passou tranquilamente, procurei não tocar no nome de Spencer e Bruce fez o mesmo, embora ele não tivesse me dito de onde o conhecia. Dúvidas surgiam em minha cabeça a todo tempo, procurei me manter ocupada para que isso não acontecesse com frequência.
Hoje é quinta feira e terei uma reunião muito importante, nesse exato momento estou cruzando os corredores da empresa a caminho da sala de reuniões.
- Bom dia, Doutora. Aqui estão os papéis que deve avaliar antes da reunião começar. Tentei te ligar ontem pra avisar que já estava no seu e-mail, mas como você não atendeu e eu não tive resposta...trouxe impresso pra senhora hoje. - Ela diz um pouco atrapalhada e um tanto rápido.
Samantha, ou Sam como a chamo, é uma garota muito competente, está estagiando na empresa no meu setor e já me passa grande confiança.
- Desculpe, Sam. Fiquei sem bateria e acabei esquecendo de colocar no carregador. - Mostro meu celular que ainda estava descarregado. - Quanto ao e-mail, não vi e muito obrigada por trazer pra mim . - Agradeço com um sorriso.
Ela sai, respiro fundo me olhando no reflexo de uma das paredes de vidro. Optei por usar uma saia risca de giz preta um palmo acima dos joelhos, uma camisa branca com os dois primeiros botões abertos e o meu blazer. Meus cabelos estão soltos e caem perfeitamente sobre meus ombros, não exagerei na maquiagem já que estou no trabalho, apenas uma sombra básica e um gloss.
Adentro a sala que ainda estava vazia, já que a reunião está marcada para as 8:00 e ainda são 7:25. Faço uma leitura detalhada e cuidadosa dos papéis, atentando sempre aos mínimos detalhes. Batidas na porta me fazem dar um pulo da cadeira, respiro fundo e caminho até a janela tentando organizar meus pensamentos. Sam abre a porta dizendo que os empresários já chegaram, peço que ela os deixem entrar e assim ela o faz.
Ao ver os homens adentrarem a porta sorrio, porém meu coração dá uma leve parada ao ver o último a entrar, minha boca fica seca e minhas mãos congelam assim como todo meu corpo.
- Bom dia - Eles dizem em uníssono.
-Bom dia, senhores.- Tomo minha postura formal e profissional. -Sejam bem vindos a Always Corporation, a que devo a honra de vocês aqui?
-Quero que você trabalhe pra mim.- Diz aquela voz que me fez congelar minutos atrás. Ele cruza as pernas e me olha fixamente.
Solto a respiração que não sabia que havia prendido, fecho os olhos e tento organizar os pensamentos. Calma, Spencer Bennett está na minha empresa, no meu escritório, pedindo que eu trabalhe pra ele de novo? Tento controlar a risada que ameaçava escapar.
-Preciso que seja mais objetivo na sua proposta.- Cruzo os braços e me inclino na cadeira. Quem eram aqueles outros homens? Será que também fazem parte do trabalho sujo dele?
-É simples. Eu quero que você seja a advogada particular de uma das minhas filiais aqui em Londres.- Vejo um dos rapazes se remexer desconfortavelmente no assento, pronunciando algumas palavras quase que inaudíveis.
-Agora você já está avisado, Harrison. Espero que repasse tudo que for necessário para que a Dra. Williams esteja atualizada das nossas situações.- Spencer diz engrossando um pouco a voz, mas mantendo seu profissionalismo e seu jeito controlador intacto. O provável ex-advogado assente silenciosamente e em seguida olha pra mim.
-Espera, eu não concordei com nada ainda. Não sei se minha empresa estará apta a realizar suas demandas.- Franzo o cenho com o tom de convicção que ele estava mantendo.
-Sua empresa não, você!! Eu quero contratar os seus serviços para que cuide da parte burocrática dos contratos e para eventuais complicações que possam surgir.- Ele diz se inclinando na mesa, ficando de frente para mim.
Aquilo estava cheirando a enrascada, não seria coincidência ele querer me contratar assim logo de cara. O que será que ele está querendo? Já perdi as contas de quantas vezes nos encontramos só nessa semana. Isso já estava ficando ridículo.
-Por que eu? Pelo visto você já tem alguém de confiança realizando o trabalho que precisa.- Digo apontando com o queixo para o rapaz sentado ao seu lado.
-Porque eu quero a melhor...- Ele da uma pausa e se endireita.- Quero dizer... eu quero alguém com grande competência e que seja confiável ao meu ver. Não sei quem se enquadraria melhor nesses requisitos além de você.- Ele sorri de lado tentando esconder o fato de ter me elogiado na frente do seu pessoal.
-Agradeço pelos elogios e pela consideração, mas eu precisarei recusar sua oferta.- Digo me levantando e organizando os papéis em minha frente.- Tenho princípios que me impedem de aceitar, espero que compreenda.- Sorrio de forma fraca e evito olha-lo nos olhos.
-Dê seu preço.- Ele diz ainda intacto em seu lugar.
Então ele quer fazer disso um jogo? Pra ver quem cede mais rápido? Rio internamente e suspiro. Então vamos jogar, Spencer, não me subestime.
-50 mil e nada menos que isso.- Digo apoiando-me na mesa e dessa vez fixando meus olhos nos dele.- Ah, e eu trabalharei do meu escritório, não será necessário uma sala particular em sua empresa.
Um brilho surge em seus olhos e por um breve momento tenho um vislumbre dos seus dentes brancos quase que esboçando um sorriso de alegria.
-Como a senhorita desejar...- Ele estende a mão e eu a pego, apertando-a em sinal de aceitação. Aquela velha eletricidade provocada pelo nosso toque percorreu por toda a extensão dos meus braços, fazendo meus pelos se eriçarem e minha respiração oscilar.
Olho em seus olhos e vejo suas pupilas dilatadas. Pelo jeito eu ainda causava algum efeito nele. Daqui pra frente vai ser tudo muito estranho, tenho que admitir. Espero que tudo se resuma a trabalho, não quero mais nada além disso vindo dele.
Sou instruída a comparecer na filial no dia seguinte para que eu pudesse assinar o termo de confidencialidade (que o Spencer insistia que todos assinassem, disso eu me lembro bem) e entregar a papelada elaborada que certificava o meu vínculo com as Empresas Bennett.
Depois de um bom tempo eles se despedem e somem por entre as portas, mas não antes do Spencer parar e se voltar para mim.
-Será um prazer trabalhar com você novamente...- Ele sussurra e sai, fechando a porta atrás de si.
Desabo na cadeira e puxo uma grande quantidade de ar, tentando controlar meus pensamentos. O que deu em você pra aceitar essa proposta? O que o Bruce vai falar quando souber o que eu fiz? Quais os planos do Spencer com isso tudo? E aquelas palavras antes dele sair...
Respira, Rose, Respira!!
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My Boyfriend
Romansa- O que você faz aqui ? -Ela perguntou olhando em meus olhos. Como era possível depois de todo esse tempo ela ainda despertar esse amor em mim? Ela não sabia a verdade e eu precisava contar. - Bennett ? - Uma voz familiar me chama a atenção e a von...