◇Tatuagem◇

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  Ano 6.721,  dia 9, mês 5
  Verão

Sua mão pressionava o ferimento que escorria sangue, como uma cachoeira. Ela mordia os lábios com força, enquanto se apoiava nas árvores para andar. Sentia que morreria bem ali, e pela arma de um Draakoning.

Ela começava a suar frio, a fragmentação vinha e ia como a chuva na aldeia, o sangue não cessava, e o buraco que atravessava sua coxa erquerda feito pela bala já não era mais visível devido ao sangue. Taia apagou.

Minutos depois ela acordou e apagou outra vez, estava perdendo sangue demais.

Sentiu uma mão pequena no seu rosto. Abriu os olhos com a pouca força que tinha e viu Bloedrooei parada a sua frente, nua, sangue escorria da sua vagina, aquele tecido que usava como roupa estava caído aos seus pés rasgado, sujo com algo como clara de ovo.
Taia tremendo pegou a mão repousada em seu rosto e chorou, chorou quando viu as marcas de mãos nos seus pequenos pulsos, chorou quando viu aquele olhar amedontrada que vira no primeiro banho que tiveram juntas, naquele olhar que a observava até que dormisse, naquele olhar amedontrada quando escurecia... chorou quando viu a barriga da menina se abrir e suas entranhas saírem para fora caindo sobre as pernas de Taia, chorou quando viu uma pulseira com o seu cabelo rodear o pulso da menina. E quando implorou por aqueles olhos verdes, a inconsciência a alcançou outra vez.

Acordou com uma pequena camada de neve cobrindo seu corpo. Era madrugada e ela estava prestes a congelar ali. Seus lábios tremiam e ela já não sentia as pontas das orelhas e dos dedos.

Ela não tinha força para encontrar uma zona quente. E quando a inconsciência a alcançava outra vez ela sentiu sua perna formigar arder intensamente. Com os olhos pesados ela observou o que acontecia com o ferimento em sua perna. Se curava, estava cicatrizando, e não era só isso, uma luz azul claro parecia desenhar sua pele de acordo com a velocidade da cicatrização. Assustada ela se levantou em um sobressalto e ficou hipnotizada com aquela luz, seu corpo ficava cada vez mais quente, e aos poucos sentiu as pontas dos seus dedos e orelhas.

_ Ninfas..._ sussurrou, e quando a ferida se fechou totalmente, ela observou o desenho que foi feito, nas duas extremidades da coxa onde a bala havia perfurado. Era uma tatuagem, uma tatuagem tão bonita quanto a pequena que tinha no pescoço. De uma pigmentação intensa, de cor preta, que formavam esperais e mandalas, perfeitamente desenhada_ Obrigada_ sussurrou para a floresta.

  Ainda falta um. Ela fechou os olhos e deixou que aquela coisa que se acumulava debaixo de sua pele localizasse toda criatura que respirava, e todo coração que batesse em um raio de 300 km, e se precisasse ainda mais longe,... até que localizasse o último Draakoning. Mas não foi preciso mais que 5.

○◇○

  Taia acordou no meio da madrugada, em meio a lágrimas. Ela se levantou enjoada, correu até a pia e vomitou. Cada golfada era pior que a outra.

Quando acabou, sentiu a garganta queimar, e sua boca tinha um gosto amargo e azedo. Lavou a boca e deixou a água escorrer limpando o fundo da pia suja de vomito.

Olhou para as suas mãos propositalmente e as viu sujas de sangue, observou seu corpo se certificando de que não estava suja de sangue e tomou vários goles de água.

Ficou ali, parada, encarando a água descer sem nem piscar, até que sentiu. um vento frio percorrer a cabana.

Procurou a fresta por onde aquele vento entrou, e achou a parte inferior da porta, os cupins deviam ter comido não só a parte de debaixo da porta, mas também seu interior.

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⏰ Última atualização: Jul 15, 2020 ⏰

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