Capítulo 11 O primeiro beijo

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_ Posso te perguntar uma coisa Mel?
_ Sim. Claro.
_ Você pode ouvir a mente de todos os lobos?
_ Não. Só a da Luna, e só quando ela é um lobo, quando ela é humana não.
_ Isso é novo pra mim. Por parte é novo.
_ Na sua tribo tem histórias sobre isso?
_ Não. Nunca vi alguém como você.
_ Então porque por parte é novo?
_ Bom, conheço alguém que consegue ler mentes, mas ele consegue ler a de todo mundo.
_ Sério? Isso deve ser muito legal._ Ela falou surpresa.
_ Pela minha experiência de compartilhar pensamentos eu acho que não deve ser tão legal. Imagina ouvir todos os tipos de coisas.
_ Por esse lado deve ser estranho mesmo.
Ficamos sentadas lado a lado por um bom tempo sem falar nada. Ouvi seu coração acelerar antes de ouvir sua próxima pergunta.
_ Você ainda sente algo pelo Sam?
_ Nada romântico. Tenho um carinho especial por ele. Mas não o amo mais. Ou talvez ainda o ame, mas agora do jeito certo. Por que a pergunta Mel?
_ Nada. O jeito como você fala dele.
Me virei pra ficar de frente pra ela.
_ Tivemos uma história Mel. Eu e ele. Mas nossos caminhos foram separados. Ele teve um imprinting pela Emilly e eu sofri por um bom tempo com isso, mas agora eu me libertei desse sentimento ruim. Eu tô aqui completamente apaixonada por outra pessoa. E tô tentando não ser tão Leah Clearwater e mais a Leah Black.
_ Como assim menos Leah Clearwater e mais Leah Black? Não entendi isso.
_ Bom, a Leah Clearwater era impulsiva, não tinha medo de falar sobre seus sentimentos ou dizer o que pensa. Ela age e depois pensa. Ela sou eu de alguns anos atrás e é meu verdadeiro nome. Já a Leah Black aprendeu a ser um pouco mais calma, pensar um pouco, antes de agir. Ela tá tentando agir com calma. E esse é meu nome agora. Pelo menos por enquanto.

Ela estava agora sentada de frente pra mim, eu podia sentir como meu corpo parecia arder em chamas. Era tão perigoso ficar assim tão próxima a ela. Sei que era uma nova Leah, mas também sabia que a antiga Leah podia aparecer. Ainda mais com ela tão perto. Eu não podia fazer algo que a afastasse.

_ Sei muito bem o que é ser impulsiva. As vezes eu sou assim. Por mais que não queira ser assim.

Seu olhos estavam tão focados nos meus que era impossível desviar o olhar, ela tava se aproximando de mim. Não acredito que ela vai me beijar. Ela se ajoelhou no sofá pra poder alcançar minha boca enquanto parava sua mãos no meu pescoço. Quando ela começou com seus movimentos em minha direção eu já não conseguia pensar com clareza em mais nada. Sua boca encostou na minha com leveza. Com movimentos suaves nossas bocas se moviam em sincronia. Minhas mãos foram pra sua cintura com firmeza. Nossas bocas pareciam querer mais e mais uma da outra, nossas línguas exploravam uma a outra. Paramos quando nos faltou ar, tempo esse que parece ter sido suficiente pra ela perceber o que a gente estava fazendo.
Ela se levantou em um pulo, como se tivesse acordado de um transe. Passou a mão nos cabelos enquanto ia na direção da porta. Ela parou antes de chegar a ela se virou, seus olhos pareciam confusos. Eu já estava a um passo dela quando ela levantou a mão mostrando que era pra eu continuar onde estava.
_ Me desculpa Leah, eu não devia ter feito isso. Eu sinto muito.
Ela se virou e saiu como um furacão me deixando atônita parada perto da porta. Será que só eu senti tudo aquilo com nosso beijo, será que pra ela foi um erro ter me beijado?
Pareceu tão bom e certo na hora. Será que não foi o que ela esperava?
Minha cabeça parecia estar em loop o resto dia, lembrando da conversa, do beijo, dos olhos dela antes de me beijar, dos olhos dela depois de me beijar.
Mal consegui dormir a noite, só pensava nela, e no porque de ter fugido daquela forma e em suas palavras antes de ir embora" eu não devia ter feito isso. Eu sinto muito."
Fui pra cafeteria na esperança de vê- lá e poder conversar, fiquei um bom tempo esperando, esperando,e esperando e nada de ela aparecer, será que agora ela vai me evitar?
Esses pensamentos e o turbilhão de sentimentos que passavam por mim.
Estava no meu terceiro chá, quando o tremor começou, era só que me faltava agora. Coloquei o dinheiro em cima da mesa. E sai de lá o mais rápido que consegui, eu não podia me transformar na cidade, senão a Luna nunca me deixaria ficar perto da Melissa. Peguei minha moto e fui pra fora da cidade. Me senti bem em me transformar, já não era mais como sofrer, era como me libertar das amarras humanas. Eu me sentia mais eu quando podia correr livre.
Voltei pra cidade no final da tarde, estava tão cansada que apaguei por umas duas horas, acordei com o celular despertando. Eu tinha que ir a reunião da Luna. E de novo a tensão no meu corpo voltou, eu a veria e nem poderia perguntar por que ela saiu daquela forma, ou poderia falar o quanto seu beijo é delicioso.
Cheguei a casa de Melissa no mesmo horário da outra noite, pude sentir o cheiro da comida que enchia a casa, o cheiro dos lobos, da Melissa que era o melhor de todos e até o cheiro do seu pai. Dessa vez quem atendeu a porta não foi a Melissa e sim a Luna.
_ Boa noite Luna, como vai? _ Estendi minha mão pra cumprimenta- lá.
_ Estou bem Leah. _ Ela virou sem nem ao menos ligar pra minha mão estendida. _ Vem.
Ela começou a andar pra outra parte da casa, uma parte que eu ainda não tinha ido. Chegamos a uma sala ampla com sofás, uma tela enorme e uma estante com vários filmes. Ela ligou a TV em um volume razoável.
_ Fiquei sabendo que você se transformou hoje. Você sabe que isso quebra as regras do nosso acordo não é?
_ Eu me transformei fora da cidade Luna. Eu sei que você tem me vigiado esses dias todos. Eu podia ter despistado eles, mas não fiz, tô tentando seguir suas regras. E hoje eu não consegui me controlar muito bem, sei disso. Mas eu fui pra fora da cidade justamente pra não quebrar nosso acordo.
_ O acordo em si não me importa Leah. O que me importa é sua proximidade com minha irmã. Não sei o que você quer com isso. E não me importo. Se você a machucar, ou pensar em fazer algo a ela, você vai se arrepender do dia que nasceu.
Ela falou tão próxima a mim que pude sentir seu hálito. Eu me aproximei ainda mais dela.
_ Nunca vou machucar a Melissa. E não é por você me ameaçar, não me importo com suas ameaças. Eu me importo com ela, vou te ouvir e respeitar as suas regras porque você é importante pra ela.
Ficamos nos encarando, ela parecia querer me bater. Pude perceber porque ela cerrou os punhos. Nesse momento a porta se abre, ela tava tão linda. Seus cabelos estavam pressos em um rabo de cavalo, vestia um casaco maior do que ela, um short e pantufas.
_ O pai mandou vocês irem jantar.
_ Essa conversa não acabou Leah. _ falou Luna enquanto passava por mim e depois por Melissa parada perto da porta.
_ Te ameaçando?
_ Não é nada de mais Mel.
_ Ela não pode ficar fazendo isso Leah. Você não é uma ameaça.
_ Eu sei disso, você também sabe. Mas ela só tá tentando cuidar de você e das outras pessoas.
Nos aproximamos uma da outra. Ela parecia não querer me olhar nos olhos.
_ Leah me desculpe por ontem, eu não sei onde eu estava com a cabeça pra fazer aquilo. _ ela disse sem nem ao menos me olhar. Segurei seu queixo pra que podesse me olhar nos seus olhos.
_ Você não fez nada sozinha Mel. Sei que você se arrependeu, mas eu não.
_ Não quero ficar entre você e o seu imprinting.
_ Você não tá. _ beijei sua testa e a abracei. _ Vamos, se não daqui a pouco sua irmã volta aqui e me bate.

Lupina esmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora