A Mulher Sem Rosto

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   Minha mãe tinha marcado no começo de uma semana de visitar um velho amigo de infância dela.

   Eu não estava a fim de ir com ela, ia ser um tédio pra qualquer criança ficar ouvindo quarentões falando dos bons e velhos tempos de jovem guarda, no caso, velha guarda, enfim, tive que acompanhá-la.

   A casa do seu amigo ficava na zona sul de São Paulo. Era uma manhã de domingo, e pelo jeito íamos passar o dia inteiro na casa desse amigo. Enfim, chegamos na casa desse amigo, Roberto é o nome dele.

   A casa era bem moderna, arquitetura bárbara cheia de acabamentos, tinha um ar de tranquilidade e enfeites japoneses que emitem sons ao bater do vento.

   A sala era contemporânea, lá se encontrava móveis antigos e bem preservados. Roberto tem uma esposa, o casal tinha um filho um ano mais novo que eu, logo fui brincar com ele no segundo andar da casa.

   O nome do menino era Vitor, bem extrovertido e esperto. Estávamos cercados de brinquedos no quarto dele. Havia lá um corredor que dava para outro quarto, um quarto de hóspedes.

   Vitor foi ao banheiro no andar de baixo e eu fiquei sozinha lá brincando e esperando ele voltar.

   No andar de cima só havia eu, porém, não me senti sozinha naquele momento, e comecei a explorar o ambiente.

   Fui olhando o quarto do garoto, logo em seguida o quarto dos pais dele.

   Voltando para o quarto do Vitor algo me chamou atenção: a janela do quarto era de frente para a janela do quarto de hóspedes, com uma distância de quatro metros entre elas.

   No quarto de hóspedes havia uma penteadeira marrom, e nela uma mulher sentada penteando seus longos cabelos negros e extremamente lisos.

   Ela estava com uma espécie de roupão de banho, parecia uma roupa oriental. Ela me lembrava uma gueixa de costas.

   Fiquei observando e pensando em quem seria aquela pessoa, até que a mulher parou de pentear o cabelo. Não me senti confortável naquele momento, até que ela resolveu levantar e se virar lentamente para mim revelando sua face...

   A pele dela era pálida, e não havia olhos, boca e nariz em seu rosto, era totalmente liso!

   Ainda assim apresentavam movimento dos músculos faciais, e emitia um gemido de dor.

   Fiquei paralisado vendo aquilo. Tive medo, mas não conseguia me mexer, até que o Vitor volta ao quarto, mas saiu correndo e deixou cair uma colher e seu iogurte, ou seja, eu não fui o único que vi a tal coisa.

   A paralisia chega ao fim e a mulher se aproxima lentamente e some da minha visão, foi ao corredor, e eu saí correndo.

   Desci as escadas aterrorizado com aquilo, chorando. Fui falar para os mais velhos o que tinha visto lá em cima.

   Vitor também tinha visto, mas não parava de chorar, não conseguia falar direito.

   Nossos pais, como sempre, acharam que foi apenas uma brincadeira de criança. Subiram ao andar de cima, mas não encontraram ninguém lá.

Depois do ocorrido tive sonhos com essa mulher sem face, e desde criança a chamo de “Mulher Nada”, pois ela não possuía rosto algum.

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