Sofrimento

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Perséfone 

Grossas lágrimas caem dos meus olhos, meu corpo inteiro dói, não é uma dor apenas física mas o meu coração está despedaçado assim como os meus sonhos, não entendo o que fiz de errado para merecer um sofrimento tão grande.

Com dificuldade levanto da cama, olho para o meu corpo que era belo e agora está cheio de marcas vermelhas, as minhas pernas estão sujas de sangue provando que perdi a minha virgindade da pior forma possível.

Uma serva entra no quarto em que estou, em silêncio e com muita gentileza ajuda-me a levantar e tomar banho, passo algo que não conheço nas marcas presentes em algumas partes do meu corpo que não desaparecem mas ficam mais claras, veste-me com um vestido preto longo, penteia os meus longos cabelos ruivos e diz que o imperador esperava-me para tomar café da manhã.

Ouvir aquelas palavras deixa-me mais triste e fico com muito medo do que aquele louco faria comigo, mas penso que se não obedecer aquela ordem eu morrerei hoje, então tento segurar as minhas novas lágrimas e em silêncio sigo a serva.

Chegamos em um grande salão onde um banquete estava servido em uma mesa grande que não tinha nenhuma decoração, vejo aquele monstro sentado mas ao olhar em seus olhos azuis vejo uma tristeza neles e não entendo como pode fingir tanto.


Hades

Fazia muitos anos que não saia do submundo, não tenho interesses por nada que acontece na superfície, não importando tratar-se de humanos ou outros deuses, tenho raiva de todos por serem egoístas e só pensarem em realizarem festas, o que mais me enoja é fazerem mal aos seus semelhantes.

Perséfone: Vai matar-me agora? Não precisa fingir que preocupa comigo mandando preparar café da manhã, não quero nada que venha de um monstro.

Hades: Estava perdido em meus pensamentos que só notei a presença da ruiva ao ouvir sua voz.

Eu não sou um assassino Perséfone, jamais te mataria como está me acusando. Te peço perdão pelo que aconteceu ontem, eu não lembro de quase nada mas sei que fiz algo horrível contigo.

Perséfone: Você foi um monstro comigo e agora finge que está arrependido? Acha que sou idiota? Você é um dos deuses mais poderosos como pode achar que vou acreditar que perdeu a memória?

Hades: Entendo que esteja com raiva de mim e não tiro a sua razão, mas eu juro que não estou fingindo. Eu realmente sou um dos deuses mais poderosos, mas alguma coisa estranha aconteceu durante aquela maldita reunião. Eu só lembro-me de estar escutando Zeus falar um monte de bobagens e pouco tempo depois decidi ir embora. Mas depois disso eu não lembro de mais nada e hoje quando acordei no meu quarto, vi uma cena horrível da qual jamais esquecerei. Sei que devo ter agido igual a um monstro, mas eu não sou daquele jeito e até agora estou tentando encontrar uma resposta. Eu nunca quis te fazer mal Perséfone, você não merecia ter passado por esse enorme sofrimento.

Perséfone: Por que eu? Nunca fiz mal a ninguém. Sequer gosto de ficar perto dos outros deuses porque conheço o mal caráter deles. Uma bebida não seria suficiente para tirar a sua razão já que é um dos três mais poderosos.

Hades: Eu sei disso minha sobrinha, você é uma das deusas mais puras que moram naquele lugar imundo chamado olimpo. Não merecia ter sofrido tanto e eu farei de tudo para descobrir a verdade e punirei o infeliz que armou isso pra mim. E eu não tomei nenhuma bebida durante a minha visita, eu estava sóbrio e por isso tenho certeza que algum daqueles deuses fez algo pelas minhas costas. O meu erro foi ter baixado a minha guarda e tinha muitos deuses naquela reunião, mas eu juro que ainda pego o desgraçado que atacou-me pelas costas.

Perséfone: Você destruiu a minha vida e o meu desejo de ser eternamente pura.

Hades: Ouvir aquelas palavras dói muito, sei que não adianta tentar conversar com ela, a sua é enorme assim como o seu ódio por mim, só posso fazer uma coisa para diminuir seu sofrimento.

Levanto-me, chego perto da ruiva e seguro o seu pulso direito, seus olhos estão cheios de pavor, elevo um pouco o meu cosmo que passa por todo o seu corpo curando qualquer dor física que ela sinta, após terminar o processo imediatamente afasto-me dela e peço uns servos a levem para sua casa.

Ela segue os servos em silêncio, os seus olhos expressam toda a sua dor, se possível teria tirado da sua memória todas as lembranças da noite passada mas sei que não posso fazer tudo voltar como era antes dessa noite dolorosa então não apaguei suas memórias, mas prometo a mim mesmo que encontrarei o culpado de ter me enfeitiçado, pois está claro que foi isso que aconteceu ontem quando sai daquela maldita reunião.

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