Dores

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Perséfone 

Acompanho aqueles homens que usam estranhas armaduras negras, sou levada para uma carruagem puxado por cavalos negros que possuem asas também negras, eles voam em grande velocidade e em poucos minutos chego na casa onde moro com a minha mãe.

Diferente dos outros deuses que moram no Olimpo, minha mãe e eu moramos na terra, em um lugar afastado da presença de humanos, a nossa casa é simples e cercada por um lindo jardim, o qual desde pequena cuido com muito carinho, a minha alegria é estar perto das flores, como adquiri poderes sobre as plantas recebi o título de deusa da primavera.

Assim que a carruagem para no chão firme, desço rapidamente dela, entro em casa correndo, vou para o meu quarto, jogo-me na chão e choro intensamente, uma hora depois vou tomar banho, esfrego o meu corpo com tanta força que imediatamente a minha pele fica vermelha.

Grossas lágrimas caem dos meus olhos, começo a sentir nojo do meu próprio corpo, antes era feliz por possuir seios fartos, cintura fina, olhos verdes claros, lábios carnudos e cabelos longos cabelos ruivos e lisos, agora nada disso tem mais importância, eu fiquei impura e nada mudará essa triste realidade.

Após uma hora no banho, vou para o meu quarto, olho os meus vestidos todos brancos que é como mulheres e deusas virgens se vestem mas não tenho o direito de usar essa cor, encontro um vestido rosa claro e o coloco.

A minha tristeza é tão grande que volto a chorar, não importo se ainda não comi nada hoje, a única coisa que desejo é morrer, não suportarei ser desprezada pelo que aconteceu comigo, começo até perder minhas forças e adormecer.

Deméter 

Fiquei muito preocupada quando não vi a minha única filha em nenhum lugar daquela festa, a procurei por vários lugares e depois de algum tempo, uma serva fala-me que viu o imperador do submundo com Perséfone nos braços.

Sinto uma enorme dor em meu coração, a minha filha não merece esse sofrimento, o mesmo que sofri há quase vinte anos quando o canalha do Zeus me estuprou, passei muitos meses sentindo nojo do meu próprio corpo e mudei para um lugar bem longe do Olimpo.

Um mês e meio depois descobri que estava grávida daquele monstro, mesmo conhecendo chás que são capazes de causarem aborto espontâneo, decidi ter o meu bebê e jurei que sempre a protegeria de deuses pervertidos e sem caráter.

Criei a minha menina sozinha, só contando com a ajuda de algumas ninfas, vivíamos em paz no reino humano, mas quando Perséfone completou quinze anos o meu tormento começou.

A minha filha possui uma beleza única que fez vários deuses se interessarem nela, mas afastar todos quando convenci Perséfone a jurar pureza eterna, assim todos os deuses tarados perceberam que nunca tocariam nela e nunca mais vieram até a minha casa.

Raramente vou ao Olimpo, estou cansada da falsidade daquelese deuses, mas essa noite seria uma festa muito especial, não tive alternativa que não fosse aceitar o convite daquele tirano e ir para o Olimpo junto da minha querida filha.

Ela foi para o jardim para ficar longe das bebidas e orgias a que tanto enoja, enquanto isso conversava com Hestia que é uma das poucas deusas olimpianas com quem tenho amizade, em um momento senti um aperto no peito, fui atrás da minha filha e não a encontrei. 

Chorei muito ao saber que a minha filha sofreu a mesma tragédia que eu, fiquei tão descontrolada por causa da minha dor que acabei passando a noite no palácio da minha amiga recebendo todo o seu apoio que nesse momento precisava para conseguir consolar minha menina.

Quando chego em casa, encontro a minha filha adormecida, seu rosto está inchado de tanto chorar, nada diferente do meu, sei que aconteceu o que mais temia e agora nada curará o trauma da minha ruiva, deito ao seu lado, a abraço com muito carinho e digo que estarei sempre ao seu lado.

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