Nascimento

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Perséfone 

Viver no submundo é horrível, tem muitos lugares que sou proibida de ir por falarem que é perigoso para mim, só fico dentro do palácio e isso me entedia demais, as servas sequer conversam comigo, sinto muita das ninfas que moravam comigo, as quais chamava de amigas, elas eram muito educadas comigo e nós entendíamos sem problemas.

As ninfas do submundo não gostam de mim, me olham de forma estranha, sei que todas são antes daquele deus insensível e egoísta que só pensa em si mesmo, elas são idiotas em pensarem que Hades gosta delas, ele as trata como se fossem simples objetos sexuais.

Um dia fiquei curiosa em saber se que com as ninfas Hades age como um monstro, vi o momento que a insuportável da Minta entrou em seu quarto, como a porta não foi fechada com chave, consegui a abrir um pouco e vi toda a relação sexual deles.

Em nenhum momento o imperador agiu com brutalidade, observei como aquela ninfa parecia sentir prazer nos braços daquele deus que no momento não parecia ser frio e apesar de estar sentindo prazer, a expulsou do quarto depois de horas de sexo, ouvi perfeitamente ela pedir para dormir com ele e ter esse pedido negado.

Volto para o meu quarto que não é muito perto do quarto de Hades, mas mesmo assim consigo ouvir os gemidos de prazer dele e das ninfas, não consigo esquecer a cena que observei, essa foi a primeira vez que tive certeza que ele não deixava nenhuma ninfa dormir em seu quarto, elas apenas iam lhe dar prazer e depois eram mandadas embora do quarto.

Não entendo como pode as tratar daquela maneira depois dos momentos tão íntimos que passaram juntos, acho isso também frio e injusto, isso é o bastante para começar a ter mais raiva dele, aquele deus só merece o desprezo de todos.

Não sei porque mais hoje enquanto jantava na mesma hora que o imperador, o que é algo que raramente acontece porque ele me evita o que com certeza acontece porque não suporta a minha presença, senti vontade de ser tocada por aquele canalha do mesmo jeito que ele toca as ninfas.

Recriminei os meus pensamentos, eu tenho o meu orgulho, não posso desejar ficar com alguém que após ter os seus desejos saciados me expulsaria da sua presença como se tivesse cometido um crime grave, acho que estou ficando louca.

A minha barriga cresce rapidamente, estranhei isso pois sei que os humanos demoram nove meses para nascer, mas fiquei tranquila quando a deusa Hécate me visitou e falou que um deus normalmente não demora seis meses para nascer.

Fiquei feliz com aquela notícia, não demoraria tanto para ficar livre daquele bebê, assim poderia ter a minha vida de volta, não precisaria mais ficar nesse lugar horrível onde sinto-me tão sozinha, só umas três vezes que a minha mãe veio aqui mas passou tão pouco tempo comigo que quase não conversamos direito.

Sinto muita falta de andar pelos campos cheios de flores e árvores frutíferas, até acho que a fraqueza que sinto nas últimas semanas é por causa de estar longe do meu habitat natural que é de onde vem os meus poderes de deusa.

Sinto que estou tão gorda e feia, nenhum dos meus antigos vestidos ainda servi, as servas do submundo fizeram outros vestidos para mim, eles não são bonitos mas não reclamo porque sei que é difícil encontrar roupa bonita para grávida e em breve estarei livre dessa barriga.

Na manhã do primeiro dia do inverno na superfície, acordo sentindo muitas dores, tenho apenas seis meses de gestação mas sei que é o momento do bebê nascer, começo a gritar chamando as servas que não demoram para entrarem no quarto.

Três servas ajudam no parto, sinto dores horríveis, é como se uma parte do meu corpo fosse rasgada, depois de muito tempo sentindo as fortes dores o bebê finalmente nasci, estou exausta e fecho os meus olhos por alguns minutos.

Uma serva toca no meu ombro, que coisa mais chata, eu quero dormir, abro os meus olhos cansados e sonolentos, olho para aquele chorão, só sinto desprezo ao ver que é tão parecido com o pai dele, mesmo não querendo sou obrigada a sentir aquele bebê e sinto um grande desconforto quando ele mama.

São vários minutos sentindo aquele desconforto, xingo mentalmente aquele bebê e o pai dele, finalmente aquele ser para de mamar, a serva o pega novamente no colo, outra serva ajuda-me a tomar banho e depois finalmente descansar.


Hades

Sou avisado que Perséfone entrou em trabalho de parto, queria muito estar perto quando o meu bebê nascesse mas sei que ela gostaria disso, então só resta-me esperar até ele nascer para poder o conhecer.

Fico imaginando como será a sua aparência, a mãe dele é tão linda que a única coisa que penso é que o meu bebê tenha o rosto parecido com aquele que acho muito belo mas não me atrevo a tocar mesmo desejando muito fazer isso.

Depois de várias horas esperando notícias, estou muito nervoso e com medo que alguma coisa de errado aconteça durante o parto, uma serva chega com o bebê no colo.

Chego perto dela, que fala o jeito correto de pegar o bebê, o seguro com cuidado, abro um sorriso quando ouço que é um menino, na verdade, ainda não tinha pensado sobre o sexo da criança, estava mais preocupado com  a sua segurança e com a indiferença de Perséfone pelo bebê.

Sento no meu trono com cuidado para não acordar o meu bebê, tiro o manto do seu rosto e fico emocionado ao ver que o seu rosto é muito parecido com o meu, incluindo os seus cabelos que são pretos, a única diferença que percebo é quando abre os olhos e noto que são iguais os olhos da ruiva, o meu filho é lindo e prometo que cuidarei dele com muito carinho e não deixarei que nada lhe falte.

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