Capítulo Quatro

44 4 2
                                    


Eros

Setecentos e dezoito anos A.C.

     Fui empurrado contra a cama, um corpo feminino e repleto de curvas montou em mim.

     Como exatamente eu fui parar ali mesmo?

     Ah, sim. Começou com vários olhares insinuantes, um flerte aqui, outro ali e então a proposta para irmos a um lugar mais reservado para que pudéssemos conversar sem sermos interrompidos.

     Agora meu quíton estava jogado em algum canto desse quarto junto ao dela, enquanto isso, a humana — Eu esqueci mesmo o nome dela? Vergonhoso, Eros — estava sobre mim, as pernas abertas em torno de meu quadril e os seios fartos roçando contra meu peito durante o beijo longo e provocador que ela me dava. A verdade é que eu não estava muito no humor para transar quando cheguei aqui, mas então ela apareceu, cheia de sorrisos e com um esforço enorme para me fazer olhar em direção ao seu decote, não podia simplesmente desapontar a pobrezinha...

     Deslizei as mãos por suas coxas, um movimento leve, apenas a ponta de meus dedos, mas foi o bastante para fazê-la estremecer e soltar um gemido suplicante. Não fiquei nada surpreso quando ela segurou uma de minhas mãos e levou-a até o interior de suas coxas, um convite mais do que óbvio de onde ela me desejava. E pensar que ela parecia tão arisca há alguns minutos atrás... Não era uma regra que se aplicasse a todas as mulheres — Afinal, eram mulheres —, mas as tímidas e recatadas, ouso dizer, são as que mais se envolvem em momentos como esse.

     Fiz o que ela queria, toquei a área sensível e já molhada entre suas pernas, outro gemido rouco escapou por seus lábios antes que ela começasse a me tocar também. Ela não perdia tempo, mesmo.

     — Deuses... Eu preciso de você dentro de mim. Agora. — Ela murmurou em meu ouvido antes de mordiscá-lo.

     Bem, nós deuses existimos para atender aos humanos, certamente não posso negar tal pedido, ainda mais feito de forma tão convincente.

     Segurei-a pela cintura e girei nossos corpos. Ela arfou, agora sob mim, outro gemido, dessa vez muito mais suplicante do que o anterior. Seus olhos se fecharam quando me posicionei em sua entrada, um movimento e estaríamos unidos, um movimento e logo ela começaria a gritar meu nome para as paredes.

Eu só não pude fazê-lo.

     De forma estrondosa, a porta se abriu e com uma velocidade ainda maior, a deusa da beleza já estava dentro do quarto, os olhos rosa pálido recaíram sobre mim e então para humana igualmente surpresa sob mim. Estava nu com uma mulher e o que ela fazia? Caminhava até uma das cadeiras estofadas, a expressão entediada enquanto nos observava.

Maldição.

     — Importa-se? — Disse entredentes.

     — Preciso falar com você. — A resposta simples foi acompanhada por um bocejar.

     — Estou ocupado, caso não tenha visto. — Ela sorriu.

     — Sei que seu compromisso não vai demorar muito... — O quê?! — Mas sua mãe merece prioridade, não acha?

Essa deusa insolente.

     — Mãe? — A humana engasgou surpresa. — A deusa Afrodite? Deuses, eu não acredito!

     Ela saiu debaixo de mim e foi até onde a outra estava, ainda nua, fez uma reverência completa, o que fez minha mãe lançar um olhar divertido em minha direção. Enquanto ela paparicava a outra deusa, inflando ainda mais o ego gigante que ela já tinha, enrolei-me em um lençol. Nudez não era algo que costumava me incomodar, a menos que eu estivesse duro e com minha mãe no mesmo cômodo.

Eros & PsiqueOnde histórias criam vida. Descubra agora