7 - " Eu te espero "

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[...]
Dia seguinte
High School Exchange Year
11:35am



Alexia POV

-Algumas pessoas não têm o menor senso do ridículo, olha só pra você, parece um Oompa loompa defeituoso que o Willy Wonka deixou para trás.

Lucy sussurrou no ouvindo de Sandy, uma das garotas mais obesas da nossa sala. A garota, de aparelho em cor azul celeste e cabelo preso num coque, nos olhou assustada. Eu engoli em seco, incomodada. Senti minha bandeja tremendo nas mãos, enquanto me mantinha quieta e encarava meus próprios pés.

-M-mas...

-Saia da nossa frente, baleia assassina. -Lucy a empurou devagar, e a garota quase tropeçou nos próprios pés.- você precisa pular essa refeição hoje, se quiser caber em pelo menos cinco números a menos.

Nós estávamos na fila para o primeiro lanche do dia, após as duas aulas da manhã. A fila estava lotada hoje, o almoço seria hambúrguer com batata frita e refrigerante, e nós estávamos a todo custo tentando diminuir as pessoas para poder sair logo dali e comer.

Sandy saiu correndo, deixando sua bandeja vazia cair no chão. Algumas pessoas olharam para ela com desprezo, e Lucy assustou mais duas amigas da fila somente com o olhar. Ambas saíram dali cochichando que seria melhor comprar o almoço em outro lugar. Avançamos mais alguns passos e Lucy bateu em meu ombro. Apenas forcei um sorriso.

-Por que você está nessa fila? -Lucy sussurrou para Agatha.- Você vai comer isso e vomitar tudo depois, dê lugar à pessoas que realmente gostem de comer, sua maluca.

Agatha sofria de bulimia. Mas é claro que isso não era problema nosso. Pelo menos era o que a Lucy sempre falava. Meu estômago embrulhou de novo, estava ficando de saco cheia da voz da Lucy, parecia que ela existia somente para perturbar os outros. A garota ruiva encarou Lucy com os olhos marejados enquanto tentava dizer alguma coisa e eu apenas cruzei os braços, envergonhada.

Agatha foi empurrada por outras pessoas e saiu da fila, parando no meio do refeitório com a bandeja também vazia.

-Pegou muito pesado dessa vez.

-Eu? -Lucy sorriu, me olhando de cima a baixo.- Quem é você para falar isso de mim?

-Se uma pessoa tem distúrbios alimentares, a culpa não é dela.

-Como é que é? -ela gargalhou.- Tá com peninha dessas otárias? Deveriam estar no hospital, não no colégio se precisam tanto assim de ajuda.

Lucy apertou os olhos fixamente para mim e suspirou. Eu apenas desviei o rosto para o outro lado e observei alguns grupos de amigas felizes enquanto conversavam nas mesas mais afastadas do refeitório. Elas faziam tranças nos cabelos umas das outras, mostravam algo no celular o compartilhavam fones de ouvido. Me senti triste de repente e a minha bandeja pareceu mais pesada. As vantagens de ser invisível aos poucos me faziam perceber que nada pode ser mais valioso do que uma boa e sincera amizade.

Lucy Virou de frente outra vez e ficou na ponta dos pés para ver quem ainda estava na nossa frente.

-Olha só, o quatro olhos. -Lucy deu tapinhas no meu ombro, chamando minha atenção.- Ei, Y...

Eu a puxei pelo braço para trás e apertei com força.

-Deixa ele fora dessa merda.

Ela me olhou incrédula. Eu jamais havia lhe tratado assim.

Operação Nerd;;MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora