Capítulo 3

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Penelope P.O.V:


  Este era o café com mais movimento da cidade, mas mesmo assim conseguia continuar a ser um lugar calmo. Estava sentada numa cabine ao canto do café, tinha chegado mais cedo do que a hora marcada. Odeio chegar atrasada, então prefiro adiantar-me sempre. Tinha só pedido uma água, para consumir alguma coisa e poder me sentar. Tinha o laptop aberto à minha frente, com o objetivo de acabar alguns trabalhos que tinha por fazer, história da música acabava por se tornar trabalhoso, no entanto, só tinha escrito uma página e bloqueie, odiava quando isso me acontecia, ainda por cima era para entregar amanhã.


  "Desculpa o atraso" - a Hope tinha chegado, olhei para o relógio e tinha-se demorado quinze minutos a mais, suponho que com a distracção nem me tenha apercebido.


  "Não faz mal, estava a aproveitar o tempo"- apontei-lhe para o computador.


  "Estás a trabalhar no quê? A única coisa que sei é que trabalhas como bartender".


  "Vamos pedir primeiro e depois já nos actualizamos nas novidades"


  Pedi um frappuccino de café com baunilha e a hope pediu um café gelado com chocolate.


  "Então, quando não estou a atender, estou a ter aulas de música, a discoteca é uma forma de pagar as aulas."


  "Então e os teus pais?"


  "Suponho que quis ter alguma independência, sentir que conseguia fazer alguma coisa apenas pelo meu esforço entendes?"


  "Sim, afinal viemos ambas de famílias ricas, eu já consegui ter a minha estabilidade financeira sem a ajuda deles, mas é bom saber que se algo correr mal eles estão lá."


  "Pois, a minha relação com a minha família nunca foi a mais chegada."


  " Eu lembro-me, pensei que com o tempo pudesse ter mudado, vejo que não."


  "Sempre foi um arrependimento para eles terem-me, então quando me assumi ainda foi pior. Penso que só me ajudaram com a casa, para me verem fora da deles."


  "Como é que tens andado? Vives sozinha?"


  "Sinto-me melhor desde que sai de lá. Não me sinto presa, percebes? Era um ambiente tóxico. Agora vivo com os meus cães e o meu gato."


  "Entendo, antes de conhecer a Lizzie, estive num relacionamento abusivo com um rapaz, Rafael, e senti-a me assim, presa, se não fossem as raparigas e o ex namorado da Josie a me afastarem dele, provavelmente não estava como estou hoje."


  "É horrível saber que passaste por isso e não ter podido fazer nada."


  "A culpa não é tua, éramos muito mais novas da última vez que nos vimos, nada disto se tinha passado e perde-mos o contacto. Mas agora que já somos adultas não quero que isso aconteça."  "Nem eu, ainda por cima estamos a viver na mesma cidade."


  "Sabes que mais, porque não vens hoje connosco ao bowling?"


  "Connosco quem?"


  "O pessoal que estava connosco no outro dia, na discoteca"


  "A Josie vai?"


  "Porque é que isso te interessa Park?"


  "Eu- só curiosidade." – a Hope começou a rir-se enquanto levou a caneca à boca e tomou um gole da sua bebida.


  "Ela vai. Estás a namorar?"


  "Logo para o que interessa, estou a ver que não mudas-te muito"


  "Só para melhor, mas não te escapes da pergunta"


  "Mais solteira impossível."


  "Ótimo."


  "Ótimo porque? Não me digas que te estás a apaixonar por mim."


  "Eu não, mas sei quem pode."


  "Hope, estás a falar de quê?


  "Vem hoje e descobres."


  "Sabes que sou demasiado curiosa. Pronto okay, eu vou, dou-te boleia e vens comigo ao meu apartamento, depois levo-te ao teu e dou boleia à tua namorada."


  "E à josie, se não te importares, ela também vive connosco, somos as três."


  Saímos do café e metemo-nos no meu carro, tinha sido uma prenda dos meus pais pelos meus dezoito anos, uma das últimas, nestes anos que passaram só têm mandado mensagem de parabéns.


  Chegámos ao meu apartamento e a Hope começou a tossir.


  "Está tudo bem?"


  "Onde. Está. O. Gato?"


  "Aqui." – peguei-lhe ao colo e mostrei-lho, ela afastou-se rapidamente.


  "Por favor mete-o longe. Sou alérgica."


  "E não te passou pela cabeça dizer-me isso antes de entrar-mos??"


  "Esqueci-me" – sorriu-me e eu revirei os olhos.


  "Vou só trocar de roupa fica ai"


  Abri o armário e tirei um top de alças com lantejoulas pretas e o meu casaco de cabedal castanho com umas calças brancas para baixo.


  Quando cheguei à sala a Hope estava a falar ao telemóvel, suponho que seja com a Lizzie.


  "Okay, até já amor" – definitivamente a Lizzie.


  "Elas já estão prontas." –virou-se para mim – "Uau Penelope toda arranjada."


  "Eu só peguei na primeira coisa do armário."


  "Tu lá sabes."


  Voltá-mos para o carro e desta vez quem conduziu foi a Hope, mais fácil que por no GPS a localização da casa delas.


  Saiu do carro para ir buscar as amigas e eu mudei para o lugar do condutor, quando olhei pelo vidro do carro vi-as sair pela porta principal. Wow. A Josie estava a usar um macacão verde tropa de alças que mostrava a sua clavícula e o pescoço, quando se virou para fechar a porta de casa, deu para ver que as costas do macacão eram abertas... ia claramente ser uma noite difícil para me concentrar no bowling. E é claro que para dificultar as coisas a Hope se sentou atrás com a namorada deixando a Josie sentar-se a meu lado.


  "É bom ver-te outra vez."

  "Posso dizer a mesma coisa"


  "Josie ela é quase nossa vizinha, são 3 ruas abaixo da nossa. E é bom ter a minha velha melhor amiga de volta. Então, no que depender de mim, vais vê-la mais vezes."


  "Ainda bem"- piscou-me o olho. Esta era uma versão mais confiante do que a Josie que eu tinha conhecido.

Crossed ways  | Posie | PTOnde histórias criam vida. Descubra agora