Capítulo 14

116 11 2
                                    

Josie P.O.V.:



"Ela está acordada." - fui acolhida por um sentimento de alívio. - "No entanto encontra-se muito fraca, é aconselhável que quando a forem ver não demorem muito tempo lá dentro. É importante explicar a condição em que ela se encontra. Neste momento as suas duas pernas estão imobilizadas. As nossas esperanças é que com fisioterapia ela volte a poder andar, mas neste momento é preciso ter na consciência que isso pode não acontecer. - a Penelope vivia para o espetáculo, sei que ela não conseguiria ficar presa numa cadeira de rodas para o resto da sua vida. Tinha de ter esperança e acreditar que os médicos iam fazer os possíveis para ela recuperar.



"Podemos entrar?"



"Claro, sigam-me".



Quando entrei no quarto, a Penelope deu-me um sorriso fraco. A sua cara estava com vários cortes e hematomas. Corri para ela dando-lhe a mão.



"Não me dês apenas a mão" - tossiu - "dá-me um beijo por favor" - depositei-lhe um beijo leve nos lábios, com medo que cada movimento que eu pudesse fazer a fosse aleijar.



"Assustaste-me pensei que não te ia voltar a ver."



"Eu estou bem. Josie diz-me é demasiado mau?" - começaram lágrimas a descer pelo seu rosto - "eu não sinto as minhas pernas." - fiquei sem saber o que lhe dizer, vê-la assim dava cabo de mim, mas ela merecia saber a verdade, pelo mais dura que pudesse ser. A Hope chegou-se á frente agarrando a outra mão da Penelope.



"Pen o médico disse-nos que a tua condição é complicada mas que têm boas expectativas..."



"Hope por favor vai direta ao assunto."



"As tuas pernas perderam a sensibilidade, mas com fisioterapia ela pode voltar." - as lágrimas da Penelope transformaram-se em rios misturados com soluços.



"Amor tem calma. Estás fraca. Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. Nós vamos passar por isto juntas."



"E se não passar? Ainda quererás ficar com uma pessoa que não se consegue mexer. Que depende de ti para isso? Que não te pode dar um romance normal?"



"Penelope eu amo-te." - estava dito. Precisava ser dito e este parecia ser um momento acertado. - "Quando te prometi que não ia a alado nenhum não estava a mentir. Quando eu digo alguma coisa eu digo-o com certeza. De uma maneira ou de outra, conforme o tempo passar e o que se suceder eu não te vou amar menos. No bom e no mau. Por mais mau que seja."



"Eu amo-te Josie." - beijou-me.



"Desculpem a paciente tem de descansar, o horário de visitas acabou."



"Eu volto amanhã. Descansa."



Ia ser difícil mas alguém tinha de ser forte, eu tinha de me mostrar forte perante a Penelope para ela conseguir passar por isto. Eu sinto o que disse. Qualquer que seja a conclusão desta situação eu vou continuar do seu lado. Custava-me deixá-la aqui sozinha mas não havia nada que eu pudesse fazer. Hoje não ia conseguir dormir nada a pensar em como ela se deve estar a  sentir. Se ao menos eu tivesse intervido na discussão delas, neste momento a Penelope não ia estar numa cama de Hospital. De certa forma sentia-me um pouco culpada, fiquei só ali a assistir a elas a discutir quando podia ter feito algo.



Penelope P.O.V:



Acho que ainda não me apercebi da gravidade do que aconteceu. A última coisa que me lembro é de estar a discutir com a Allyson, da voz da Josie e de uma repentina escuridão. Tudo me doía, pelo menos as partes do meu corpo  que eu sentia. Vou fazer os possíveis para isto ser tudo uma má história que acaba com um final feliz. Eu tinha de tocar, movimentar-me. Sem isso não tenho paixão, a minha vida perde o sentido. Ia lutar e enfrentar este problema com todas as forças que conseguir arranjar. Não só por mim mas também pela Josie. Eu sei que ela diz-me amar e também sei que ela o sente e que é verdade. No entanto, não me quero sentir um fardo na vida dela. Quero poder voltar a dançar com ela, como o fizemos à horas atrás. Por isto que o meu maior medo é o tempo. Com o passar do tempo as pessoas saem da nossa vida, as nossas histórias mudam drasticamente de momento para momento, envelhece-mos e quando damos por nós tudo está acabado. Sempre temi o tempo por esta razão. Ainda à umas horas estava tudo bem. Estava feliz, não tinha preocupações. Agora, tudo descambou. A única coisa que me permitia continuar com esta força era a música e a Josie.



Crossed ways  | Posie | PTOnde histórias criam vida. Descubra agora