Capítulo 12

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Penelope P.o.V.:



Utilizador desconhecido:
"Fazem um casal fofo, pena que é só uma fachada"



"Sei que quando estás com ela e fechas os teus olhos, é em mim que tu pensas."



Não era preciso muito raciocínio para saber que por trás destas mensagens se encontrava a última pessoa com  quem eu queria ter uma conversa.



"Não me voltes a contactar." - escrevi.


Bloqueie o número e peguei na mão da Josie. Já não lhe ia esconder nada, então mais valia ser honesta quanto este assunto e mantê-la atualizada.


"Era a Allyson."


"Estás bem?"


"Sim. Bloqueie o número dela, pode ser que desista de se comunicar comigo."


"Bem, não nos importemos com ela agora. Tens aulas pela frente."


"Com tanta coisa esqueci-me, não devias estar a trabalhar."


"Os designs que tenho a fazer posso fazê-los em casa. Agora quando te deixar vou trabalhar neles. Estou a fazer o design interior para a recessão do hotel que vai abrir este ano cá. É um trabalho importante, espero conseguir que o meu rascunho seja aceite."


"Tenho a certeza que vai dar tudo certo babe. Mais tarde deixas-me ver?"


"Só quando estiver terminado. Vens lá a casa hoje?"


"Apenas consigo jantar, hoje é um dia atarefado na discoteca, vai ser organizada uma festa de máscaras."


"Vais ter de estar trajada?"


"Sim, querem todos incluídos, até os bartenders." - rolei os meus olhos, nunca gostei muito de festas quanto mais festas enquanto tinha de estar a trabalhar.


"Não faças essa cara. É preciso bilhete para entrar?"


"Não, é para quem quiser. É um evento próprio da discoteca, só entra quem estiver mascarado."


"Bem acho que me vais ver lá. E com sorte arrasto o gangue todo comigo." - sorriu-me. Fiquei mais entusiasmada com esta ideia e conseguia-se perceber o ânimo a transbordar no sorriso da Josie.


"Vens mascarada de?"


"Vais ter de esperar para ver baby." - beijou-me -  "chegámos."


"Não quero ir."


"Penelope, sabes que tens de o fazer. E tu gostas deste curso."


"Mas também gosto de ti."

"Sou toda tua logo, agora vai" - piscou-me o olho e voltei a beijá-la.


Entrei na faculdade e assim que passei a recessão fui acolhida por um abraço das minhas melhores amigas. Eu e a Alyssa crescemos juntas desde a escola primária, ela vivia com a tia, Eunyce, uma das amigas com o mesmo estilo de vida dos meus pais. Os seus pais morreram quando ela era pequena, num incêndio dentro de casa, a Alyssa teve sorte em escapar, estava a brincar no jardim quando aconteceu. Na altura nenhuma de nós compreendeu bem o que se estava a passar, mas não foi fácil para ela crescer sem pais, mesmo amando a tia, que não é nada como os meus pais, faltava-lhe mais, sempre lhe tentei trazer o conforto que ela precisava, mas entrar em casa e ver os pais serem queimados vivos pode causar transtornos numa criança. No entanto, conseguiu com a ajuda de caros psicólogos passar por isso e hoje mesmo doendo, a ferida já está mais sarada. Ainda se emociona ao ver casais felizes com os seus filhos e diz nunca querer ter filhos pelo medo de os deixar órfãos. Talvez a sua opinião mude. Mas em     qualquer decisão que ela tome eu estou aqui para a ajudar e para lhe dar um porto seguro. Eu a Alyssa partilhávamos o mesmo sonho, poder fazer algo da nossa música. Quando tínhamos quinze anos criámos uma banda com mais dois rapazes, ela tocava teclado e cantava comigo. À medida que crescemos, a banda foi-se rompendo e cada um dos membros seguiu o seu caminho, só sobramos nós juntas, até hoje.


Crossed ways  | Posie | PTOnde histórias criam vida. Descubra agora