Josie P.O.V:
Não sei o que me estava a passar pela cabeça, eu não era assim. Mas havia algo na Penelope que despertava mais em mim, um novo eu. Queria conhecê-la, descobrir cada canto do seu corpo como se mais nada importasse. Mas, no entanto, não era só luxuria, havia algo mais. Por detrás de toda a frustração que me acendia o corpo, havia também alguém que se imaginava a passar os seus dias a ouvir as mais variadas histórias que ela me tivesse para contar. Nem mesmo quando estava com o Landon eu me senti assim... o meu corpo não se sentia assim. Claro que o amei e ele me satisfazia mas não a este nível, algo que parecia uma dependência, é como se ela fosse uma droga e eu uma viciada. Estranho dizer isto visto que a conhecia a menos de uma semana, mas ela parecia ser uma pessoa cativante. Desde a nossa conversa no terraço que me pergunto qual o seu passado, as suas origens, as histórias que traz consigo.
Andei até à casa de banho, depois do que aconteceu, precisava urgentemente de me acalmar e recompor. A Penelope tinha um apartamento grande o suficiente, afinal tinha animais de grande porte, pelo amor que mostra por eles, sinto que dormem com ela. O quarto era no fim do corredor, não vou mentir, a curiosidade era alta o suficiente para invadir aquele cómodo, mas o medo de ser apanhada era ainda maior, já estava a demorar tempo a mais. Assim que ia a puxar o autoclismo, como explicação da minha demora, não pode deixar de reparar em cada pequena coisa que fazia parte daquele espaço. A Penelope era detalhada na decoração que fazia, via-se que cada peça era pensada ao pormenor, desde os vasos até à decoração nas paredes, estes eram colocados ali com mais cuidado, de pintores específicos, reparei ao entrar na sua sala que tinha exposto na parede um quadro de Tarsília do Amaral, e pela minha experiência aquilo não era uma cópia mas sim um original, como é que ela arranjou dinheiro para um quadro daqueles? Tenho a certeza que o emprego mal lhe paga o apartamento, há de certo muito nela que me falta descobrir. Depois de ter saído do secundário, formei-me em artes, trabalhava agora como designer de interiores mas sempre que podia tentava fazer a minha própria arte, meter um toque de mim em tudo o que pintava, fazer do pincel a transformação da minha alma para a tela. As melhores memórias que tenham são passadas em museus, ouvindo música enquanto passeava pelos corredores admirando cada pintura, e tentando acertar os nomes dos pintores até ter decorado onde se situava cada peça e a quem pertencia, na ponta da minha língua. Maior parte das pessoas acha enfadonho ir a museus, uma perda de tempo, para mim é o lugar onde me perco no tempo, quase que como um refúgio. O meu sonho seria abrir a minha própria exposição, mas o dinheiro não me permite e não sei quem teria interesse em ver a minha arte. Talvez um dia, por sorte, tenha a minha chance.
Decidi bisbilhotar mais um pouco e ver o que me era apresentado em cima do lavatório. Tudo muito simples, mas com o seu requinte. Channel nº5... então era essa a fragrância que transbordava dela , quando me aproximei. Boa. Agora para além da imagem dela não me sair da cabeça o seu cheiro não ia sair da minha memória, sempre fui assim com cheiros. Atribuo-o sempre a uma pessoa. Se alguém tiver o mesmo cheiro é como um clique que se aciona em mim e não há remédio, penso automaticamente nessa pessoa. Para mim os pequenos detalhes são importantes. o cheiro é um deles. Se eu não gostar do cheiro da pessoa, começo a conversa sempre com um pé atrás. Um mau hábito, talvez. Já me fez cancelar muitos segundos encontros. Mas o da Penelope é bom, o seu cheiro pessoal misturado com o perfume dá-lhe uma essência própria, característica. Onde quer que ela esteja o seu cheiro fica, ainda o tenho na minha roupa, parece que ao ter o seu cheiro ela está mais próxima de mim.
*knock knock*
"Josie está tudo bem, estás fechada aí à uma eternidade. O sushi chegou." - Lizzie. Perdi a noção do tempo. Abri lentamente a porta e puxei a Lizzie para dentro.
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Crossed ways | Posie | PT
FanfictionNão estava nos planos da Penelope encontrar uma nova paixão no sítio onde trabalhava todos os dias. A monotonia dos seus dias muda quando por aquela porta entra alguém que lhe desperta a atenção. Será que os seus caminhos estão destinados a se cruza...