Prólogo

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14 anos antes

Logo que o caixão desce começo a berrar em desespero, pois agora já era, é adeus para sempre, perdi minha mãezinha, perdi meu porto seguro. Meu pai me abraça com força tentando me consolar ou consolar a si mesmo, pois ele também, perdeu alguém, ambos estamos destroçados, pois foi rápido, rápido demais.
O câncer iniciou sem nenhum sintoma, ela vivia bem, tinha disposição, um dia caiu doente e em menos de seis meses nos deixou.

⸺ Não chore minha pequena, vamos ficar bem. - Não consigo me conformar, não tem como, a tristeza me corrói a um ponto que nem sei o que sentir, fico tentada a me jogar no buraco e ser enterrada junto.
Só queria ouvir sua voz uma última vez, só isso, nos instantes finais ela vivia a base de morfina, apagada, pois a dor a impedia de abrir os olhos, a dor a impediu de se despedir.

Os dias pareciam se arrastar e por vezes só sabia chorar, até deixar de ir pra escola deixei, pois nunca me sentia pronta, por sorte meu pai entendia e não me forçava a nada.
Logo que voltei a rotina de escola e estudos, vi uma das enfermeiras que cuidava da minha mãe, saindo lá de casa, bem na hora em que eu estava chegando da escola. No mesmo instante eu soube, meu pai tinha seguido em frente, fiquei chateada no início, mas feliz por ele, merecia ser feliz, nós merecíamos, era no que eu queria acreditar.

⸺ Menina! Vai logo comprar o pão! - Luciana já me acorda com gritos. ⸺ Deus do céu, você só serve para dormir!

Levanto meio trôpega, ainda dormindo, minha aula é a tarde, durmo quase que de madrugada, para dar conta de limpar tudo dentro da casa, pois pela manhã Luciana odeia ouvir barulhos enquanto dorme.
Me puxa com força pelo braço, solto um grito baixo de dor, pois ela me acertou no dia anterior, só porque não lavei a roupa do trabalho, claro que ela me batia, meu pai vivia viajando, a bruxa me trata como lixo.

⸺ Tô indo... - Choramingo, por fim, solta meu braço machucado, com um sorriso nos lábios. Me apresso em ir ao banheiro para escovar os dentes. Tento ao máximo fazer de tudo para agradar ela, pois trabalha a noite inteira no hospital e chega cedo, o mínimo que posso fazer é deixar o café pronto, é o que ela diz.
Vou correndo e retorno na mesma velocidade, mais desperta preparo o café e deixo tudo sobre a mesa.

⸺ Pega minhas coisas, lá no quarto e lava, a mão, não quero que estrague ou manche, não se atreva a esquecer novamente. - Ameaça e logo balança a mão, como se me expulsasse de sua presença, para que assim, pudesse tomar seu café da manhã em paz. - Não faz barulho enquanto estiver arrumando tudo na casa, odeio ser acordada, passo a noite toda ralando, e você sua criatura, só vive dando trabalho.

- Não vou fazer. - Eu digo baixo, para não incomodar, é sensível a sons altos e já repetiu mil vezes que minha voz a deixa mais estressada. - Meu pai te ligou? - Me encara de um jeito que parece querer arrancar minha língua para não falar nada. - Tô com muitas saudades dele.

[DEGUSTAÇÃO] PERIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora