22 | segredinho sujo.

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   Os raios solares atravessam a minha janela, anunciando o nascer do dia

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Os raios solares atravessam a minha janela, anunciando o nascer do dia. A iluminação pincela meu rosto, irritando meus olhos que, tempo depois, me vejo forçada a abrir. Aquele não era um bom dia para acordar. Nem viver.

Além do fato de ser segunda-feira — universalmente conhecido como o dia mais odioso da semana —, aquela seria a primeira vez que eu encararia o Harry depois do final de semana. E a Summer. E o Kyle. Eu ainda não sabia se estava realmente preparada para enfrentá-los pelos corredores do colégio e fingir que tudo estava bem comigo — quando tudo o que eu mais tenho feito é surtar.

Summer disse — na verdade, ela me ameaçou — para eu esquecer o beijo, mas essa se tornou uma tarefa praticamente impossível estando sob o mesmo teto que o Harry pelos dias seguintes. Eu não conseguia olhá-lo sem travar uma disputa interna entre desejar mais e me sentir culpada demais por desejá-lo. Definitivamente, essa não era uma das sensações que eu imaginei sentir quando o momento chegasse.

Harry se mostrou uma incógnita. Apesar de, uma parte de mim, gostar da sua atenção exagerada à cada passo que eu dava, a outra não deixava de se sentir suja. Ainda mais sabendo que Summer estava ciente de tudo o que havia acontecido entre nós. Era constrangedor demais. Eu não sabia se Harry sabia tanto quanto eu, mas não paguei para ver.

Disperso meus pensamentos e me levanto da cama. A blusa surrada dos Rolling Stones para um pouco antes do meio da minha coxa e, da mesma forma que acordei, eu me dirigi até o andar debaixo, me arrastando pelo instigante cheiro de panquecas que provém da cozinha. Encontro mamãe cantarolando uma música, aérea à tudo ao seu redor, enquanto despeja as panquecas da frigideira em um prato.

Eu me aproximo, coçando meus olhos preguiçosamente, e ela para de cantarolar, abrindo-me um sorriso largo e genuíno ao notar minha presença.

— Filha! Bom dia! — a animação que contém em cada sílaba me causa uma pontinha de inveja. Eu não tinha forças para retribuí-la aquela manhã.

— Bom dia. — eu praticamente me jogo no banco da ilha da cozinha, e algo no meu tom é rapidamente observado por Mary Alice.

— Eu fiz panquecas. Suas preferidas. Achei eu que ganharia, no mínimo, um sorriso. — ela espalma suas mãos no mármore escuro, automaticamente erguendo seus ombros e uma de suas sobrancelhas, suspeita. Acredito que há algo de intuitivo nas mães com relação aos seus filhos. É como se elas tivessem um radar especial, que apita sempre que algo está fora do comum. Em todos esses anos, seu instinto maternal nunca falhou.

bad idea | hesOnde histórias criam vida. Descubra agora