IV

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O selo

– Ah... Eu acho que não é uma boa ideia. – Dean tremulou colocando suas mãos perto do fogo aquecedor.

Castiel sorriu ladino, olhando as estrelas e toda a imensidão do oceano.

– Eu não acho que aqui tenha algum monstro marinho. Por favor, Dean.

Dean suspirou e cedeu ao desejo do ômega. Afinal, poderia ser a última vez que se viam! Talvez tenha um pouco de exagero em seu pensamento, mas desde a semana passada ele vem vivendo os momentos com Castiel como se fosse os últimos!

O Alfa, ainda de costas, se desfez de sua camiseta escura e a jogou em algum lugar da areia, e o restante de suas roupas foram junto. Os sapatos, a calça, mas ele não tirou sua roupa íntima, tudo que impedia sua nudez total.

Não iria ficar nu na frente do moreno! E se pensasse que era só mais um alfa aproveitador? Não, não, não deixaria que isso acontecesse. Dean se aproximou das ondas, avaliando alguma reação de Castiel, mas não houve qualquer resposta. O ômega seguia olhando para o céu flutuando naquela água um pouco mais funda.

Dean se arrepiou com o primeiro contato com a água, mas a temperatura morna deixou que se acostumasse rapidamente. Ele foi lentamente afundando a cada passo que dava, até que ele mergulhou para molhar seu cabelo e voltou para a superfície, indo para o lado de Castiel. Passou as mãos no seu cabelo o penteando pra trás assim como o ômega fez há alguns minutos.

Mesmo na mesma profundidade de água ao lado de Castiel, Dean conseguia ser centímetros mais alto, e olhava de vez em quando a expressão serena e feliz do pequeno ao encarar aquele céu belíssimo.

– Dean?

– Hm?

– Obrigado. De verdade. Eu nunca achei... Que veria estrelas alguma vez na vida. Ou qualquer coisa que você me mostrou. Obrigado.

Cas devolveu seu olhar para Dean, seus olhos estavam lacrimejantes e o sorriso em seu rosto apenas dava a certeza de que aquelas lágrimas eram de alegria, mas com uma tristeza fantasma. E Dean não entendeu... Não entendeu o porquê daquela tristeza.

– Cas...

– Meu pai vai me obrigar a me casar com algum Alfa. Alguém que eu não conheço, nunca ouvi falar, e... Eu quero dizer pra mim mesmo que eu vou ficar bem, mas eu não vou, Dean. Eu não quero essa vida. Eu só... Só queria ser livre.

Castiel murmurava com a voz quebrada encarando a água e as estrelas respectivamente, e Dean tinha a expressão surpresa, raivosa e protetora.

Quem era o idiota do pai de Castiel para obrigá-lo a se casar com quem não ama? Droga! Dean tinha uma escolha! Ele poderia se apaixonar pela pessoa certa. Mas Cas... Ele não tinha escolha, não era lhe cedido uma, não era lhe permitido.

E Dean nunca achou a vida tão injusta.

– Hey, hey, Cas. Olha pra mim. Você tem uma escolha. Não importa se é fugir, ou ficar. Se é deserdar ou ser legal. Sempre tem uma saída, sempre!

– Eu queria ter metade da coragem que você tem. – Castiel sorriu minimamente quando sentiu as mãos do alfa no ombro do menor, o lembrando de tudo aquilo.

Ele tinha certeza que estava apaixonado pelo alfa, e isso nunca pareceu tão errado.

– Eu acho que... Eu também não tenho saída. – Dean murmurou com um olhar perdido encarando a água iluminada pela lua, e Castiel sentiu isso, por que Dean estava triste?

– Por que?

– O conselho do meu território pediu para eu e meu irmão acharmos ômegas para nós, mas eu acho que isso não será possível. – Dean ainda mantinha o tom baixo encarando os olhos de Castiel de uma forma tão intensa que o moreno sentiu suas orelhas esquentarem, e desviou o olhar. Aquilo parecia tão errado, tão proibido! Mas tão... Certo.

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