Os livros e o cordão

Chuck se considerava um bom pai, mesmo por quase nunca sorrir, pelas semanas não dormidas, pelas enxaquecas e a doença que devorava sua alma. É, ele se considerava um bom pai.

Ele se lembrava bem de quando sua esposa alfa estava grávida do seu primeiro filhote, a gestação fora complicada e sua força quase se esvaiu quando estava em seu quarto circulada de ômegas e betas que a ajudavam a ter seu pequeno lobinho.

E quando Gabriel nasceu, ah, foi como se todos os oito meses de preocupações pareceram se esvair como pó quando o casal segurou no braço o bebê quietinho e encolhido que tinha acabado de chegar ao mundo.

Mas, como sempre, a felicidade durou pouco. Semanas após o parto, Amara sentia-se cada vez mais fraca, até que foi diagnosticada com uma doença rara que estava deteriorando seu coração e todos os órgãos internos. Qualquer doença ou até gripe que talvez pegasse poderia ser um último adeus.

Foi quando descobriu que estava grávida pela segunda vez.

Amara, em toda a sua segunda gravidez, nunca ficou sozinha no quarto, sempre com algum criado confiante ou com seu próprio marido, que temia pela vida de sua companheira. A alfa sempre dizia para Gabriel proteger seu irmãozinho que estava chegando, mesmo o seu filhote sendo tão pequenino para entender o que sua mãe dizia, e apenas lhe respondia que ele e sua mamãe iriam cuidar bem do pequeno Castiel.

Quando chegou o dia do parto, um número reduzido se ômegas curandeiros estava na sala para ajudar a alfa, para evitar qualquer infecção.

Chuck estava ao seu lado, segurando sua mão e suando enquanto ouvia os gritos de Amara que estava tendo seu segundo bebê. Fora demorado até Castiel nascer, e com seu nascimento, foi-se o último suspiro de Amara. Chuck pegou seu filhote no colo que era tão agitada e chorava tão alto, enquanto sentia as lágrimas descendo pelo seu rosto.

Gabriel viu sua mãe pela última vez no caixão, enquanto carregava no colo o filhotinho de olhos azuis que adorava mexer em seu cabelo que desciam como cascatas até o ombro, e também gostava de mordê-lo, o babujando.

Chuck, desde então, manteve os seus filhos o mais protegido que conseguiu. Deixou apenas criados da mais alta confiança no casarão, e também contratou um lobo do conselho para tomar conta deles quando não estava. Balthazar.

Chuck viu seus filhos crescerem, até um deles estar com 28 anos e o outro 20. Uma vida inteira, e o alfa tentou a todo momento esquecer do fato de que seus dois herdeiros eram ômegas e precisavam de um alfa para sobreviver.

Gabriel era parecido consigo, calmo e pensativo. Castiel puxou inteiramente sua falecida esposa, com a sensação de liberdade entranhada nos ossos e sempre seguindo o coração.

Então, é, ele mandou o conselho avisar seus filhos que em breve eles se casariam. E ele estava trabalhando nisso. Procurando alfas de linhagem pura que serviria para serem bons maridos e genitores.

O problema era que nenhum se mostrou digno. Era todos alfas nojentos que avisam de primeira que seu objetivo principal não era ter uma vida ao lado do filho que receberia, sorrisos e felicidade. E sim que iriam acasalar e ter filhotes.

O alfa ficou possesso. Seus filhos não eram porcas parideiras. Então, ele quase não parava em casa, e quase também não falava com seus filhos. Só tinha uma certeza, e era a que ele encontraria os alfas certos para seus filhos.

(...)

Gabriel estava sentado em sua respectiva cadeira na mesa de jantar, enquanto do lado oposto, Castiel batia de leve o garfo de prata no prato, com sua mão apoiando seu queixo. Ele não estava com um pingo de fome.

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