Eu fiquei por horas desenhando Yukio no meu caderno. Fazia muito tempo que eu não desenhava e fiquei muito feliz com o resultado, como não ficava muito tempo com um desenho. Depois de algum tempo desenhando, eu fui dormir com um sorriso no rosto mais uma vez sem saber o por que.
Já haviam se passado alguns dias e nesse meio tempo, eu e Yukio continuamos a nos ver.Eu já nem me importava com a nossa aposta, eu só gostaria de encontra-lo mais uma vez.
Mais uma vez Yukio marcou um encontro( na realidade, era a minha vez de escolher, mas eu estava propositalmente esquecendo das minhas vezes de liderar o passeio) . Ele marcou de nos encontrarmos em um parque que ficava na cidade. De acordo com ele, era para me mostrar que os pequenos prazeres da vida poderiam alegrar qualquer um, até mesmo a mim.
Nos sentamos debaixo de uma árvore grande que fazia sombra perto de um lago. Começamos a fazer um piquenique com cesta e tudo o que tinha direito.
-Não sabia que você gostava de vinho e queijo.-disse pra ele
-E também curto bolo de chocolate, só pra você saber.
-Legal. Posso te fazer uma pergunta ?
-Pode.
-Eu respiro pausadamente e faço a pergunta de 1 milhão de dólares-Como foi que você ficou cego?
-Acidente de carro. Eu estava com a Reiko e com uma amiga dela, uma moto de um cara que tava fugindo da polícia e nós colidimos. Eu fui jogado pra fora pelo vidro da frente e durante a saída, vários cacos de vidro entraram nos meus olhos e me deixaram assim.
-Eu sinto muito.
-Não sinta, a culpa não foi sua.
-A Reiko tava dirigindo, é por isso que ela protege tanto você?
-Ela se sente culpada, mesmo eu falando pra ela que não é culpa dela. Ela continua insistindo que sim.Mas enfim vamos mudar de assunto.
- Tá certo, te proponho um jogo.
-Que jogo?
-Como você imagina que eu sou?
-Eu não preciso imaginar. Eu posso saber.
-Não entendi.
De repente, Yukio, se levantou e veio na minha direção.-O que está fazendo?
-Você já viu aquele filme Luzes da Cidade? É tipo o que a florista faz com o Charles Chaplin na hora que pega a mão dele.
Yukio então começou a passar a mão pelos meus braços.
-Costumava malhar,
-Admito, fazia o tipo padrãozinho de academia.
-Tatuagem, tribal no ombro.
-Como você sabe?
-Eu sinto o relevo da sua pele. Você tá arrepiado.
-Tô com frio-dei essa desculpa , mas a realidade é que a sensação de que Yukio encostar em mim me deixava incomodado, de um jeito bom.
Ele então foi subindo para o meu rosto-Barba por fazer. Hmm
-Hmm, o que?
-Eu sempre achei sexy. - E por fim ele desceu a mão pro meu peito e a colocou no meu coração.
-Um pouco triste, mas pode ser feliz de novo.
-Eu fiquei olhando pra ele por alguns instantes-Estou começando a achar que isso é verdade.
O sol se pos, e fomos embora cada pra sua casa. Eu cheguei e fiquei um tempo olhando pra um espelho que ficava na sala.
-Como foi o piquenique querido?-perguntou minha mãe
-Ótimo.
-O que foi que você tanto olha pra essa barba?
-Nada é que eu tava pensando em raspar mas mudei de ideia.
-O que te fez mudar de ideia?
-Um passarinho me disse que gosta.
-Até já sei quem é esse passarinho.
E a pior parte : ela estava certa.
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Perfectly Imperfect
RomanceMatias Guerrero é um artista plástico que vivia a vida normalmente do seu jeito até que um dia ele é vítima de uma bala perdida que tira a mobilidade de suas pernas de forma permanente. Ele se torna uma pessoa fria e niilista . Um dia a muito contra...