Capítulo VII

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LONDON, UNITED KINGDOM
Junho de 1833 — Primavera

Acompanhando-o pelos corredores do palácio, mantinha-se em silêncio apenas fitando o rosto do General ao canto de seus olhos. Não podia hesitar seus suspiros, e a cada espelho que os refletiam juntos não podia deixar notar o par perfeito que faziam em sua cabeça. Este mesmo que parecia dissipar-se vagarosamente quando lembrara dos motivos pelo qual nunca tentara conquistar o seu coração.

General? — Deixou escapar docemente de seus lábios fazendo-o fita-la imediatamente.
A biblioteca fica na ala Norte do palácio.
Ouvia o suspiro profundo do soldado ao seu lado quando mencionou que estaria em caminho oposto.

Por favor, Marquesa... apenas me acompanhe.
Nada mais respondeu.

   Subiram as escadas lentamente, e ao fim do corredor finalmente chegaram ao local escolhido pelo rapaz. Ele abriu a porta após soltar o seu braço delicadamente. Dentre alguns passos para atrás, deu espaço para que permitisse a entrada da jovem antes do mesmo. Trancou a porta à suas costas retirando a chave de sua fechadura ao coloca-la em seu bolso enquanto ela visualizava todo o interior do cômodo, de madeira maciça escura e moveis de tecido aveludado em tons de vermelho. Rapidamente direcionou-se as janelas nas quais ele fechava as cortinas feita com um tecido pesado para que toda luz emanada do sol fosse dissipada e que ninguém pudesse visualiza-los do lado de fora.

Um tanto confusa, sentou-se no sofá próximo à estante decorada por diversos livros de tonalidades diferentes. — Onde está meu pai? — Franziu a testa após indaga-lo.

Marquesa, eu menti. — A respondeu rapidamente sem hesito. Antes de fechar a última cortina, pôs-se a fitar o rosto da jovem que aguardava suas explicações. Suspirou e assim uniu um tecido ao outro, deixando o cômodo extremamente escuro.

E qual motivo o levou a fazer isto? — Prosseguiu ouvindo os passos que aproximavam-se de si. Cerrou os olhos vagarosamente deixando que sua voz ecoasse brandamente e assim ouvi-lo com atenção.

Os passos do General a cada instante de tornavam vez mais próximo, deixando seu coração pulsar fortemente como outrora, apenas podendo umedecer seus lábios ao deslizar a língua sobre eles onde sua respiração ofegante os secavam.

Prometi ao Duque que sempre a protegeria.
Pausou repousar seu joelho sobre o sofá deslizando suas mãos sobre a parede na procura do interruptor para acender a luz do lustre de cristal ao teto.
Então, observando-a totalmente desconfortável na presença do Marquês pelo lado de fora do palácio, tomei a iniciativa de tira-la dali.

Estavas vigiando-me ao lado de fora? — Questionou abruptamente pela surpresa.

Não penses mal, Marquesa. — Suspirou. — Eu estava caminhando em direção ao parapeito das escadas quando a observei pela janela de vidro.
Perdia então o equilíbrio sobre seu apoio no sofá sem notar que estava praticamente ao lado da jovem, não conseguiu por manter suas mãos apoiada à parede, mesma que o fez deslizar-se.

   Fleur podendo visualizar sua silhueta na imensa escuridão do local pela única fresta de luz entre uma cortina e outra, ousou segura-lo envolvendo seus braços em torno de seu quadril para que ele não caísse ao chão. Todavia, não esperava que o desequilíbrio dele fosse tão grande ao ponto de fazê-lo cair sobre si e instantaneamente fazendo-a deitar-se enquanto abraçava-o. Desajustado e constrangido o General rapidamente tentou levantar-se, entretanto ela permanecia a abraça-lo fortemente elevando seus braços por toda suas costas, esses mesmos movimentos que o fez arrepiar-se por todo o seu dorso. A respiração dele estava tão ofegante que podia senti-la aquecer sua pele alva enquanto com seus olhos marejados fitava a silhueta de seu rosto tão próximo ao seu, quais obtinham os lábios que mais desejara beijar naquele instante.
Não pode conter o imenso suspiro que escapou rapidamente pela força que seu choro teimoso forçava fugir de seu coração.

Ajeitou-se envolto de seus braços apoiando-se com uma das mãos sobre o estofado enquanto a outra não pudera hesitar de toca-la ao rosto e secar as lágrimas que derramava sem parar.
— Por que choras? — Sussurrou questionando-a enquanto sentia o seu peito rasgar-lhe em pedaços.
Eu a machuquei? A ausência da resposta da Marquesa o desesperava ao ponto de não poder controlar-se mais.

   Com suas pernas entre as dela, ele apoiou-se delicado pronto para ajoelhar-se sobre o sofá e assim levantar-se quando retirasse os braços dela de seu corpo, sensação que o fazia arrepiar-se dos pés a cabeça, todavia, ela finalmente o puxou com toda sua força e o abraçou como nunca havia feito antes à ninguém, levando suas trêmulas mãos aos seus cabelos lisos como uma ceda acariciando-o levemente.
   O General engolia a seco mordendo seu lábio inferior na tentativa de ocultar suas emoções diante da jovem que agora tocava seu rosto pela primeira vez. Num suspiro profundo, permitiu que uma lágrima pesada caísse sobre o rosto de Fleur que finalmente pode senti-lo emocionado com exatidão, já que todo o seu corpo mantinha-se completamente trêmulo sobre ela.
   Agora, podendo ter a plena certeza de que seus sentimentos eram de fato recíprocos, cerrou os seus olhos ao inclinar seu corpo, fazendo assim seus lábios alcançarem os dele para sela-los com sua ardente paixão. Quando estes mesmo tocados, podia sentir os músculos do corpo do General relaxarem vagarosamente em seus braços num conforto onde só havia naquele momento. Tornou tocar o rosto da jovem com carinho mantendo seus lábios ainda pressionados ao dela. Dentre a batida de seus corações, seguiu o ritmo para intensificar da mesma maneira o seu beijo, permitindo saborearem-se de seus sentimentos no deslize de suas línguas.

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