LONDON, UNITED KINGDOM
Junho de 1833 — PrimaveraA Marquesa cantarolava alegremente por todo o palácio deixando o seu vestido a rodar pelos ares enquanto descia as escadas ao correr. O dia poderia se finalizar já que seu peito clamava por estar concluído após o ocorrido anterior. Sentia que ainda podia senti-lo em seus braços mesmo não o tendo mais sobre si, e a cada memória aquecia seu peito na euforia de voltar a realizar-lo novamente. Todavia, não esperava que Elliot tivesse acompanhando-a desde então. Desconfiado por saber que o pai da jovem não encontrava-se no recinto e que apenas voltaria para o almoço, afinal Duque de Cambridge havia acompanhado-o também, entre as paredes perseguiu o General às escondidas, para saber onde estavam indo com aquela mentira.
O alto e vigoroso loiro herdeiro dos mais cativantes olhos azuis, por sua vez, tomou seu caminho de volta para a mesa do salão quando fecharam a porta da biblioteca. Franziu a testa enquanto expelia ar por suas narinas expressando sua fúria, sentado sobre a mesa de madeira vazia onde podia fitar seu reflexo pela janela à sua frente e o jardim do outro lado, levantou-se abruptamente mesmo que em silêncio quando notou Fleur a bailar uma valsa que apenas existia em sua cabeça. Os passos leves e doce bailavam como anjos nas nuvens, causando desconforto à ele ao notar sendo que outrora estava aborrecida, impulsionando-o a pensar diversas situações incluindo a traição da parte dela e do General ao ser tomado pelo ciúme da bela moça, quando desceu as escadas de mármore rapidamente pousando seus pés em passos pesados nos gramado úmido do jardim, os arvoredos e flores cercavam-o enquanto o som da água das fontes se tornavam uma tortura, decorando atencioso toda a estrutura inglesa e requintada do palácio ducal fazendo-o notar que ao topo havia apenas uma sala com as cortinas fechadas, concluiu que ali então deveria ser a biblioteca mencionada há algumas horas. Continuou percorrendo seu caminho vagaroso em direção ao portão negro e colossal de entrada, com o emblema em nome da família White, fixou seu olhar a estrada de paralelepípedos que facilmente poderia ser vista pelas frestas, escorou-se em uma das grades e esperou a presença do General, que sem delongas posicionou-se junto à sua guarda. Em breve, pai de Fleur estaria presente para o almoço, e por este fato, Hongjoong deveria recebe-lo e auxilia-lo como de costume.
Ergueu seu maxilar, arrogante cercou o asiático que apenas movia seus olhos para observar seu caminhar, estático em sua postura militar. Abaixou seu olhar, para os pés do mesmo e subiu até seu rosto pálido e jovial, enquanto Elliot mantinha sua expressão carrancuda e confiante. Umedeceu seus lábios dentre um suspiro desconfortável.— Há algo em que posso ajuda-lo, vossa excelência?
Questionou rapidamente antes que ele pudesse iniciar um dialogo.Rapidamente ele cruzou os braços ao esboçar um sorriso sínico com seus lábios ressecados. — Por que mentiu sobre o Duque para Fleur?
— Perdoe-me, vossa excelência, há informações dentro do palácio ducal que são confidenciais, e sem a autorização do Duque White não serão possíveis as revelações. — Suspirou profundamente.
— E como explica a forma como Fleur tem agido desde que saíram da biblioteca? — Ralhou.
Umedeceu seus lábios rosados quais se assemelhavam à uma pequena fruta madura, sorriu espontaneamente deixando sub-entendido detalhes pessoais entre ambos. Ajustou seu uniforme militar pelo colarinho sob a garganta antes de prosseguir, causando fúria aquele que aguardava uma contestação. — Não sou responsável em averiguar comportamentos alheios, muito menos da Marquesa. — Tornou a suspirar enquanto ao fundo podia-se ouvir os burburinhos dos demais soldados presentes. — Meu trabalho é apenas proteger o local. — Pigarreou. — E se me permite dizer, gostaria que soubesse que há muitas coisas nesta vida que será incompreensível.
Manteve a confiança que sempre o impunham pois Elliot era ambicioso, tanto quanto seu pai, e ambos sabiam que aumentariam seus próprios prestígios por todo o Reino Unido se insistissem no casamento com a jovem. — E se me permite dizer, caro General, seria imperdoável se descobrissem que entre você e Fleur há um romance... — No mesmo instante, engoliu seco apreensivo na situação que o pusera, o sangue latejava em seus ouvidos, e o General precisou se esforçar para não se lembrar daquelas emoções e fraquejar diante daquele que estava ameaçando estragar a sua carreira.
— Perdão, não estou entendendo onde quer chegar com todo este enredo fantasioso. — Retrucou com sua voz suave e persuasiva apesar de seu inglês truncado enquanto o sangue subia-lhe o rosto dentre mesclas de raiva e humilhação misturadas ao choque e ao medo da descoberta sobre o beijo ardente da manhã cinzenta.
Risos baixos que se soltavam aos poucos à suas costas aumentavam a frequência causando ainda mais incomodo ao Marquês, que prosseguiu sem pestanejar, entretanto, quase não pode ouvir a voz do mesmo, ficando indistintas junto a abertura do portão do palácio e o tilintar dos arreios dos cavalos a cavalgar na chegada da carruagem ducal, amparados pelos soldados presentes e os cavalariços que chegavam para a retirada dos animais e leva-los às baias, assim que os aristocratas colocavam seus pés ao chão.
Avistando seu pai adentrar pelo caminho de pedras feito no centro do jardim, Fleur correu ao segurar a barra de seu vestido em sua direção, como sempre fizera quando criança e o abraçou fortemente expressando todo seu contentamento em vê-lo presente para o almoço. A mesa no salão de ouro já estava decorada com suas louças e prataria, apenas faltavam-lhe as comidas para servirem-se. No entanto, quando seus olhos cruzaram ao de Elliot, uma pontada de ansiedade começou a fazer suas entranhas se contraírem pois não conseguia depositar-lhe confiança.
Seus doce olhar procurava pelo local a presença do General que subia cauteloso as escadarias da entrada principal, sorrindo ao cantos dos lábios ao vê-la abraçada ao seu pai, de fácil visibilidade que tornavam-se confidentes fiéis.
Servidos pelo vinho após sentarem-se, Elliot fez questão de estar ao lado da jovem que pesou sua fisionomia ao tê-lo tão proximo, na verdade, queria-o cada vez mais distante. Tocou a taça de cristal com os seus lábios, a sensação do líquido a aquecer sua garganta ao ingeri-lo a fez lembrar dos lábios do General que encontrava-se a sua frente. Sentindo as maçãs do rosto corar, percebia o quão sensível estava naquele dia, embriagando-se facilmente com apenas algumas taças, mas de certa forma gostava da sensação e sentia que precisava afogar-se em bebida para encorajar-se. As mãos que agora deslizavam por suas pernas, embora estivesse pensando em um, era outro homem que a tocara; Elliot que encontrava-se alterado pelo álcool passou da linha respeitosa que havia entre eles e o desejo de possui-la tomou-lhe o racional, e no susto que ela tomara com a depravação, não hesitou em gritar diante de todos enquanto derramava furiosamente o líquido sobre a mão do mesmo, impedindo-o de negar que acabara de assedia-la. Jogou a taça contra a parede antes de bater suas mãos sobre a mesa e decretar que jamais casaria-se com ele, e que ninguém mais deveria ousar em mencionar à respeito disso. Tomou a grande garrafa de vinho nas mãos e retirou-se mais uma vez sem alimentar-se com as comidas que acabara de ser servidas quando Fleur deu as costas dentre o seu choro copioso, que por ventura, era o único que a alimentava nesses dias.
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❀ Como as Flores do Teu Jardim ❀
FanfictionMesmo que a Marquesa tivesse um casamento arranjado desde sua infância, jamais pudera impedir que seu coração tivesse outro dono. Amor este que arrastavam os dois para todos os cantos do palácio no qual pudessem esconder-se e desfrutar-se de sua...