C a p í t u l o D o i s

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Vilarejo Dalinne, 3 anos atrás.

Acordo assustada com os gritos vindos do lado de fora da casa. Bufo, me levanto e vou até a janela, abro-a e vejo cerca de seis crianças brincando, correndo umas atrás das outras. Olho para o relógio na parede e vejo que são des e meia da manhã. Reviro os olhos e vou em direção a porta do meu quarto, abrindo-a.

Vou ao banheiro tomar um banho e escovar meus dentes, logo depois vou ao meu quarto me vestir. Quando termino, caminho até a sala, onde há um sofá velho e uma pequena mesa com brinquedos de madeira em cima. Meu pai estava dormindo no sofá, com seus óculos na cara e uma folha em sua barriga.

Caminho com cuidado até ele e pego a folha. Vejo um desenho de um carrinho de madeira. Sorrio e olho para ele, deixando a folha em cima da mesa. Ele é carpinteiro e toda semana ele faz um novo brinquedo para os meus irmãos, e é impressionante ver que os meninos sempre ficam surpresos e extremamente felizes por ganhar um carrinho ou um boneco de madeira. Mas o melhor de tudo é ver o sorriso satisfeito do meu pai ao ver que seus filhos adoraram o único presente que tinha condições de dar.

Vou até a cozinha, abro o armário e pego o saco de pão, deixando-o na mesa logo em seguida vou até a geladeira e pego o pote de manteiga. Me sento na mesa e faço minha refeição sem pressa, pois era domingo e eu não trabalhava hoje. Olhei pela janela da cozinha e vi as crianças correndo para lá e para cá, sorridentes e animadas.

De repente ouço um grito vindo do lado de fora da casa e logo em seguida escuto a porta da frente se abrir. Não demora muito para eu poder ver Arthur e Jonas entrando na cozinha. Jonas, o irmão do meio, com cara de choro e Arthur, o mais novo, com uma cara de preocupado.

- Quem bateu em você? – Pergunto enquanto dava mais uma mordida no meu pão.

- Ninguém... – Ele hesitou e então andou até a mesa e sentou-se ao meu lado.

- Arthur, meu fiel mensageiro, diga-me quem bateu no nosso irmão. -  Dou mais uma mordida e olho para o pequeno.

- Foi o Mike. Jonas não quis deixar ele brincar com o boneco e ele deu um beliscão nele. – Respondeu Arthur despreocupado enquanto andava até a mesa, sentando-se ao lado de Jonas, que abaixou a cabeça. 

- Mike, irmão do Davi? – Pergunto e vejo Arthur balançar a cabeça em forma de afirmação. Termino meu pão me levanto, indo até a entrada da casa. – Vou resolver isso. 

Abro a porta e logo me deparo com as crianças correndo. Procurei por Mike entre as crianças e, quando o vi, caminhei até ele. Mike está sentado, encostado em uma parede e quebrando o boneco de madeira do meu irmão. 

- Creio que isso não lhe pertence. – Digo, botando as mãos na cintura. 

- Isso é meu! – Ele gritou, escondendo o boneco.

- Então por que está o escondendo? – Replico e vejo o guri disfarçar, voltando a brincar com ele normalmente. – Sabe, acho que Davi ficaria muito bravo se soubesse que o irmãozinho dele anda batendo nos outros e roubando seus brinquedos! 

O garoto então olhou para mim com uma cara de assustado e pude ver seus olhos se enchendo de lágrimas.

- Por favor, Dália, não fale nada ao meu irmão. – Ele disse com voz de choro.

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