C a p í t u l o T r ê s

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Noite do ataque

Andávamos cansados pela trilha de galhos quebrados e folhas secas. Todos nós estávamos tensos, até mesmo Maria, que havia parado de mexer em sua roupa e agora olhava amedrontada para as grandes árvores ao seu redor.

Arthur estava em meu colo, com a bochecha apoiada em meu ombro e seu braços ao redor do meu pescoço. Podia escutar o pequeno fungando, o que me trazia o pensamento de que ele estaria chorando baixinho.

Ao meu lado estava Elizabeth, que tinha Maria em seu colo. Um pouco à frente estavam Jonas, Davi e um outro homem que havíamos encontrado pela trilha. Meu melhor amigo e o homem ajudavam meu pai a andar, já que o mesmo estava bastatente ferido e mão conseguiria andar por tanto tempo sozinho.

Não estávamos sozinhos naquela enorme e escura floresta. Atrás de nós tinham mais meia dúzia de pessoas, à frente havia mais dez, todos tentando achar algum lugar novo para se abrigar assim como nós. Eles carregavam algumas bolsas, mochilas e sacolas que continham alimentos e roupas.

Nós também tínhamos algumas bagagens que carregavam as mesmas coisas. Algumas bolsas e uma mochila estavam sendo carregadas por Jonas, uma mochila em minhas costas e nas costas de Elizabeth e uma bolsa no ombro livre de Davi.

Estávamos andando pela trilha fazia cerca de uma hora e meia. Todos nós estavamos bastante cansados, alguns estavam machucados, como é o caso do meu querido papai. Mas, mesmo depois de tanto tempo andando, parecia que nem tínhamos saído do lugar. Uma imensidão repleta por árvores enormes e uma escuridão assustadora, um cenário um tanto quanto repetitivo.

Seria esse então o nosso destino? Vagar pela floresta a procura de um abrigo? Morrer pelo caminho, seja morto por aquelas coisas ou então de fome?

Não parece justo. Não é justo. Nascemos para isso?

- Dadá, a gente pode comer agora? - Falou Arthur, com uma voz fraca, quebrando o silêncio.

- Vamos comer quando acharmos um lugar seguro, tá bom? Eu prometo. - Disse, logo depois depositando um beijo em sua bochecha.

Continuamos andando, andando e andando por mais alguns longos minutos até nos depararmos com uma claridade, fraca, mas ainda assim de transmitir esperança. Um homem que caminhava a poucos metros a frente de Davi se apressou para conferir a situação, mas logo parou de andar. O restante do grupo também parou e então encaramos uns aos outros, tensos e curiosos.

- Cuidado, meu querido. - Sussurou uma mulher que andava ao lado do homem que iria averiguar a claridade.

Um silêncio tomou conta, tornando o ambiente ainda mais desagradável.

O homem então voltou a se movimentar cautelosamente, com máxima atenção no que estava prestes a fazer. O mesmo puxou uma faca de sua mochila e apontou para o vazio.

Ele então adentrou por entre os troncos das árvores e sumiu. Continuamos parados por alguns instantes, esperando a volta do corajoso homem.

E assim se fez. O homem reapareceu, arrancando de todos que ali estavam presentes um suspiro de alívio e comemorações de alguns.

- São moradores do vilarejo. Eles fizeram uma fogueira. - Anunciou, com uma feição alegre. Sua voz era grossa, mas trêmula.

O Vilarejo Dalinne Onde histórias criam vida. Descubra agora