A Esperança ao mais Descrente

93 18 2
                                    


Minhee era uma enfermeira pouco experiente que havia acabado de iniciar sua carreira profissional naquele hospital, o seu primeiro emprego. Jovem demais, os médicos falavam. Ela não se importava, trabalhava demais para ocupar a posição em que estava. Contudo, assumia que ainda não havia se acostumado perfeitamente com os longos turnos e a correria trivial do hospital. Por sorte, aquela madrugada havia sido tranquila e seu turno estava próximo do fim.

Antes de partir para o vestiário e se arrumar para ir embora, Minhee precisava verificar o quarto 405. E aquilo lhe apertava o coração, pois já imaginava a cena que encontraria.

Portanto, não se surpreendeu ao entrar no quarto e ver que o companheiro do paciente permanecia ao lado da cama, segurando a mão gelada e imóvel com carinho. Por sorte, o acompanhante estava dormindo. Minhee sentia-se ainda mais triste quando entrava no quarto hora ou outra e encontrava aquele homem conversando com o companheiro em coma, ou lendo um livro e até mesmo cantando. Jamais saía do lado do paciente.

Silenciosamente, a enfermeira conferiu as máquinas e injetou as doses periódicas de diversos remédios necessários para a recuperação do internado.

Não demorou para que ela saísse da mesma forma de entrou, como um fantasma soturno.

Minhee foi para casa com o nome do paciente do último quarto em mente. Yoo Kihyun. O mais triste era saber que ninguém sabia se aquele jovem rapaz iria mesmo acordar algum dia.

- Bom dia! – A médica, a mesma desde a primeira noite de Kihyun internado naquele hospital, falou animada ao entrar no quarto. – Relatório, por favor.

- Paciente Yoo Kihyun. Sofreu trauma cerebral e queimaduras de primeiro e segundo grau. – Um dos residentes que acompanhava a médica lia a prancheta. - A primeira intervenção medica ocorreu há uma semana, fazendo com que o paciente fosse induzido a situação de coma para auxiliar na recuperação. O Sr.Yoo foi retirado de seu coma induzido há dois dias e não precisa mais de ajuda dos aparelhos para respirar, seus pulmões se recuperaram de forma excelente.

- Algo há mais? – A médica questionou aos residentes.

- O Sr. Yoo permanece em estado estável, apesar de nenhuma atividade cerebral expressiva sendo detectada desde o dia da cirurgia. Provavelmente houve algum dano neurológico que apenas poderá ser diagnosticado quando o paciente estiver consciente. – Outra garota respondeu.

Changkyun nem ao menos olhava para a médica e seus estudantes. Ele tinha vontade de manda-los todo para a merda toda vez que invadiam o quarto de Kihyun pela manhã para ditar aquele relatório maldito que jamais mudava, pois, o quadro clinico do paciente não se alterava.

- Observou alguma mudança durante a noite, Sr. Lim? – Um dos residentes perguntou, provavelmente em busca de alguma informação para impressionar a médica chefe. Um erro terrível, pois a mulher apenas o lançou um olhar de repreensão.

Vá a merda. Foi o que Changkyun pensou, mas não foi o respondeu:

- Nada. Ás vezes ele tem alguns espasmos, mas as enfermeiras já me explicaram que é uma reação natural do corpo.

Os profissionais se curvaram antes de saírem do quarto. Changkyun conseguiu escutar a voz da médica por trás da porta, ela repreendia o residente:

- Não seja insensível! Não se fala isso para o acompanhante de um paciente com suspeita de morte cerebral.

Changkyun suspirou.

O único motivo pelo qual permanecia firme era a última mensagem que Kihyun enviou para si. A escutava periodicamente, para se lembrar da voz de seu marido e de que eles voltariam juntos para casa. Changkyun seria forte pelos dois. Não podia desistir.

Memórias do Jardim Secreto {Changki} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora