Olhares Incontroláveis

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O resto da semana passou de uma forma suave e tranquila para o casal.

Changkyun se recuperou rapidamente do resfriado, graças ao Kihyun preocupado que o cercava e o relembrava de tomar os remédios nos horários corretos. Pela primeira vez desde que acordou, o editor demonstrou atitude ao tomar um lugar onde cuidava ao invés de ser cuidado pelo mais novo.

Kihyun não iria falar em voz alta, mas gostava quando o bombeiro lhe fazia uma cara birrenta ao falar que não era necessária tamanha apreensão sobre sua saúde. Gostava ainda mais quando reclamava alto com Changkyun sobre ele não ter um senso de autopreservação e começava a listar sobre a sua irresponsabilidade.

- Como se eu fosse uma criança. – Changkyun resmungava baixinho, comprimindo seus lábios em um bico.

E para a sorte do bombeiro, Kihyun conseguia o escutar.

- Desse jeito, parece que é. – Respondia o editor. – Tome o remédio e coma. Além disso, coloque uma blusa de frio. Você sabe muito bem o porquê de ter ficado com uma febre tão alta, então evite que aconteça de novo.

- Eu não arrependo. – O bombeiro soltou um sorriso de lado e olhou os rebentos do mais velho. Era um daqueles momentos, Kihyun sabia. Changkyun ultimamente estava mais paquerador do que nunca. – Não me importo de passar meses doente se for para você ficar bem.

Infelizmente, o editor nem sempre dava as respostas que o outro queria, portanto, naquele momento Kihyun somente conseguiu retirar o próprio moletom que cobria seu corpo e jogá-lo na cara de Changkyun.

- Preste atenção no que fala, imbecil. – Reclamou já se virando para ir em direção ao quarto. – Não se coloque em risco por minha causa, eu não vou te perdoar se algo acontecer.

Kihyun já não estava mais no cômodo para ver o sorriso simples nos lábios de Changkyun.

E era assim quase sempre na relação deles. Kihyun gostava dos flertes, mas não cedia de maneira alguma, por culpa da vergonha, inexperiência e insegurança que era intrínseca a sua personalidade quando estava na presença de Changkyun. Era tão curioso como seu interior se revirava na presença do outro, e como que suas atitudes se tornavam muito pensadas ao mesmo tempo que as palavras não pareciam boas o suficiente.

Mas naquela noite, a última que eles estariam juntos antes que a licença de Changkyun acabasse, o mais novo do casal pareceu não querer continuar o joguinho de conquista sem nenhum resultado mais significativo. Ambos estavam há algumas horas no sofá, em meio a diversos cobertores, assistindo uma série de filmes. O gato estava no tapete da sala, dormindo tranquilamente sem ser incomodado pelas risadas e comentários periódicos do casal.

Na televisão, um filme de comédia romântica qualquer passava. Changkyun estava sentando em uma ponta do sofá enquanto Kihyun ocupava o lado oposto, deixando que suas pernas quase se encostassem dentro do cobertor.

- Quer mais uma? – Kihyun perguntou ao abrir mais uma latinha de cerveja em cima da mesa. Logo, a lata faria companhia á mais algumas igualmente vazias que se espalhavam pelo chão.

Changkyun suspirou. – Não quero e você também não. Não deve exagerar, ainda está em recuperação.

- Tudo bem, tudo bem. – Kihyun falou sem prestar muita atenção no que o outro falava. Não era como se não estivesse acostumado com Changkyun pegando em seu pé daquela forma. Além disso, estava passando uma cena importante do filme no momento.

Changkyun riu com a cara de pau do outro. Kihyun estava cada dia mais parecido com o homem que era antes do acidente. Sua teimosia, reclamações e piadas ruins estavam cada vez mais evidente, o que demonstrava que o editor estava mais aberto e confortável de estar ao lado de Changkyun. Aliás, o mais novo entre eles também poderia dizer que o charme de Kihyun aumentava a cada segundo que se passava.

Memórias do Jardim Secreto {Changki} - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora